Ao privar os alunos do espaço físico da escola e do convívio em sala de aula com colegas e professores, a Covid-19 impôs desafios a todos os estudantes, sem exceção, mas não de maneira igualitária: para alguns deles, as dificuldades são ainda maiores devido a algumas particularidades. É o caso, por exemplo, de crianças que enfrentam doenças graves como o câncer e precisam lidar tanto com os desafios do ensino remoto quanto com o tratamento da doença.
Há iniciativas que podem amenizar as dificuldades de alunos hospitalizados, como a do Centro Infantil Boldrini, em Campinas-SP, especializado em câncer infantil e doenças hematológicas, que preparou espaços para que as crianças possam ter aulas on-line enquanto esperam por tratamento ou exames.
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“Lá eles contam com mesa, cadeira, material, para poderem se conectar à sua escola e assistirem às aulas. Sempre há um profissional da pedagogia também dando um suporte. Normalmente, as crianças vinham fazer tarefas e ter um reforço aqui, mas agora, com a realidade da pandemia, elas trazem o computador ou celular e criamos mesmo o espaço da sala de aula”, disse a coordenadora de pedagogia do hospital, Luciana Mello.
Giovanna de Morais Moretti, de nove anos, está no quarto ano e usa o espaço pedagógico para assistir aulas enquanto aguarda para fazer seus exames e tratamento para leucemia, que enfrenta há cerca de 3 meses. Sua mãe, Maria Daiane Morais Moretti, conta que logo que começaram as aulas virtuais a menina escolheu não assistir.
“No início, ela se afastou da escola. Ficou quase dois meses sem aula. Quando começaram as aulas on-line, ela optou por não participar. Ela estava em um processo de aceitação, tinha raspado a cabeça, tinha muito receio do que os amiguinhos iriam falar. Com o tempo, há umas duas semanas, a professora e os amigos de sala fizeram um vídeo para ela, dizendo que estavam com saudades. Esse receio de não ser bem recebida passou e em poucos dias, ela me pediu para conectar e participar da aula. Foi tudo no tempo dela, quando ela se sentiu preparada e isso foi muito importante”, contou a mãe.
Maria, que é bancária, rekata que o apoio das pedagogas e o espaço preparado para as aulas foram muito importantes para sua filha nesse momento. “Eles souberam entender as necessidades da Giovanna no começo de não querer participar, agora entendem quando ela sai da aula ao vivo para a consulta e a professora até se dispôs a ficar mais tempo com ela após as lives para ensinar o conteúdo que ela perdeu nesses primeiros meses”, disse.
A pequena Giovanna, que antes se sentia insegura de interagir com seus colegas, é uma menina estudiosa e se sente feliz de voltar a ter aulas. “Meus amigos foram muito legais comigo. Sou sempre a primeira a acabar as lições. Minha matéria favorita é ciências e quero ser veterinária quando crescer”, explicou ela, animada.
*Com informações da assessoria de imprensa
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