O famoso Canecão localizado em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro, já foi palco de grandes artistas como Elis Regina, Tom Jobim e Maysa. Após dez anos de abandono, o espaço voltou a ter música e arte há duas semanas. “Desocupar o canecão que estava ocupado de entulhos, para ocupar com cultura”. Essa é a proposta do movimento Ocupa MinC.
“Esse é um movimento horizontal, suprapartidário de resistência. A nossa pauta é o Fora Temer”. Afirma Ana Karenina, uma das responsáveis pela comunicação do Ocupa. Por ser uma ocupação cultural, o movimento se preocupa com a estética e conta com um calendário de programações diversificadas.
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Artistas e grupos de diferentes gêneros musicais e culturais, já deram sua contribuição, como o cantor e compositor Chico Buarque. Na percepção dos representantes do movimento, a cultura vem para mostrar não só para o Rio de Janeiro, mas para o Brasil todo, que ela pode ser sim uma bandeira importante na luta pela democracia, na luta por direitos para todas as minorias.
Visibilidade mundial
“A mídia internacional se informa através dos nossos veículos hegemônicos. E isso faz com que a gente precise ter uma contranarrativa para a mídia do exterior”, explicou Ana Karenina, ao dizer que o Ocupa MinC enxerga os Jogos como uma possibilidade de mostrar à mídia internacional o que está acontecendo no país.
Com um evento de grande porte como as Olimpíadas, os militantes fazem duras críticas à organização. Para eles, o evento significa que “o Rio de Janeiro é o maior responsável pelo golpe no Brasil. Então ele tem que ser o maior responsável pela luta contra o golpe”, afirmou a arte-educadora Verônica Santos.
Atualmente, cerca de 60 pessoas ocupam o local em tempo integral. Quem conheceu a casa de shows em seus tempos áureos, lamenta o abandono atual e apoia a ocupação. “A cultura tem que sair dos muros, a cultura é de todos”, afirmou a psicóloga Rochelle Lobo que acompanha o movimento desde o começo.
Quem visita a ocupação pela primeira vez, se surpreende com a pluralidade cultural oferecida. Foi o caso do professor de educação física Zairo Oliveira, que opinou também sobre a importância de haver essa resistência durante as Olimpíadas.
“Não sou contra as Olimpíadas, só acho que o momento não é agora. Até porque muitas outras coisas estão acontecendo no país e o pessoal só está preocupado com a Olimpíada. É igual carnaval”. Ele afirmou acreditar ainda, que a cidade foi “maquiada” para receber os jogos, a fim e passar uma imagem de tranquilidade, enquanto a saúde e a segurança continuam “um caos”.