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Ao passar na frente de um antiquário localizado no bairro da Boa Vista, Centro do Recife, um curioso se aproxima e conversa com o vendedor:
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- Moço, quanto é vale essa moeda?
- Amigo, ela vale R$ 3 mil.
- R$ 3 mil numa moedinha dessa?
- Sim! Ela não é cara se você quiser carregar consigo um objeto que faz parte da história de nosso País.
Apesar de algumas pessoas não entenderem a importância dos objetos antigos, o que mais fascina quem trabalha neste ramo é a certeza de que eles representam um mundo mágico e repleto de história. Entre os quadros, mobília rara e peças sacras, Lorena De’Carl recebe colecionadores e clientes no antiquário que leva o nome de Hause, no bairro da Boa Vista. O local, que está com sua família há quatro gerações, traz muitas lembranças. “Herdei essa casa de meu pai. Quando esse negócio começou, éramos eu e minha irmã. Hoje, o antiquário é só meu. Essas peças que cercam este lugar são distintas, cada uma chegou aqui de um jeito e com donos dos mais distintos”, conta.
Descendente de italianos, com olhos azuis e pele alva, Lorena carrega em sua memória histórias que mostram o lado doce e amargo deste empreendimento. “Gosto desse tipo de negócio. É um ramo que está sempre movimentado. Já tive grandes vendas, mas bastante 'aperreio'. Por exemplo, alguns clientes alugaram peças minhas e não devolveram ou as peças vieram quebradas ou modificadas”, declara a dona. Ela complementa dizendo que nunca alugou e nem pretende alugar o estabelecimento.
Utensílios, porcelanas, baús e cadeiras dos mais variados tipos e tamanhos estão entre as peças favoritas do antiquário e são bastante procuradas por colecionadores e curiosos. "Das nossas peças, as que mais saem são as mobílias. Acho que é pela qualidade da madeira usada, que hoje não é mais encontrada em peças vendidas em centros comerciais. E claro, seus formatos e detalhes”, comenta a empresária.
Cliente ativo de antiquários, o sargento da Polícia Militar de Pernambuco, Fernando Araújo, afirma que a qualidade das peças é o que faz ele sempre comprar objetos antigos para decorar sua casa. "Hoje a gente não encontra produtos com a qualidade das peças de antigamente. Eu visito antiquários desde os 16 anos e é prazeroso ter um pedaço da história na minha casa", frisa Araújo.
O direito do consumidor
Esta escrito no Código de Defesa do Consumidor que todo produto, seja ele móvel ou imóvel, material ou imaterial, serviço e qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e secretaria, são decorrentes de relações de caráter trabalhista. Mas será que para os produtos fornecidos pelos antiquários estão englobados?
O coordenador geral do Procon de Pernambuco José Rangel explica a relação entre consumidor e antiquário. “Quem decidir comprar uma peça antiga deve estar ciente de que aquela peça não tem garantia, não tem fornecedor e não é possível ressarcer o dinheiro perdido”, declara. “O comprador tem que ter muito cuidado com esse tipo de compra, a veracidade do artefato é muito importante. É preciso antes conhecer a peça antes de comprá-la”, complementa
Empresa misturada com amor
Há 60 anos, o José Santeiro Antiquário, localizado no bairro das Graças, Zona Norte do Recife, traz em suas peças histórias de uma região. O local passa despercebido no constante fluxo de carros na Rua Joaquim Nabuco, mas ao passar pela porta de madeira verde, o curioso se encanta com a delicadeza e a atenção do atendimento de seu José.
“Esse antiquário existe há 60 anos. Tenho um carinho muito grande por ele e essas peças. Cada artefato que chega aqui tem uma história para contar, mesmo que o dono não saiba”, afirma o proprietário. Ele conta que começou o antiquário porque precisava sustentar sua família. “Eu era restaurador e com o dinheiro que ganhava não dava para alimentar minha família, porque ela é grande. Por isso, comecei a comprar e vender as peças que restaurava”.
Seu José revela ter planos para o futuro de suas peças. “Eu quero montar um museu sobre a história de Pernambuco contada através das peças. Tenho 3 mil peças catalogadas, mas já me reuni com algumas pessoas do ramo e usaremos umas 1.500”. Ele ainda lançou quatro livros com retratos de suas peças. “Esses livros foram feitos para chamar a atenção das autoridades com essas peças históricas”, declara.
O senhor não deixa esconder a felicidade de trabalhar com o que gosta. Em seu rosto o sorriso é constante e o carinho é percebido na medida em que ele toca em seus artefatos. “Você pode ter o dinheiro do mundo, mas eu que tenho a peça. Então, eu tenho o poder”, brinca.
Preços - Nos dois estabelecimentos, não há uma média de preço dos produtos. Cada peça passa por uma análise história e de estado, para só depois ser definida a quantia.