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Muitos desconhecem a história cultural da cidade de Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife. O município, de apenas 35 anos de emancipado, já foi palco do nascimento de grupos artísticos e viveu a sua efervescência em meados do século 20, mas, devido à ausência de políticas públicas em cultura, viveu inevitável êxodo de artistas.
##RECOMENDA##Atualmente, a cidade tenta afastar o título indesejável de cidade-dormitório. Em 2016, artistas e produtores iniciaram uma tentativa de fomento, resgate e difusão da cultura local a partir do engajamento artístico e da sociedade civil. O movimento foi endossado pelo fortalecimento da Fundação de Cultura de Camaragibe e pela reativação do Conselho Municipal de Cultura.
Afastando o título de cidade-dormitório
Lembranças da efervescência cultural da cidade o artista, diretor do Cine Teatro Bianor Mendonça Monteiro e morador de Camaragibe, Ângelo Fábio tem muitas. Nas andadas ao lado do pai, presenciou o fortalecimento das primeiras companhias de teatro do Estado. A vontade de ingressar no universo artístico estava latente, mas diante da falta de incentivo e ausência de equipamentos culturais, Ângelo optou, assim como outros artistas, por sair do município.
“Durante os últimos 12 anos, a cidade teve certa estagnação no que diz respeito à produção e ao ato de pensar e produzir arte. Costumo dizer que houve uma estagnação tanto por parte da gestão pública quanto por parte dos próprios artistas, produtores e gestores de cultura. Não é à toa que Camaragibe levou durante um tempo o apelido, na verdade ainda leva nas costas, de cidade-dormitório”, enfatiza.
No entanto, diante da reestruturação e fortalecimento da Fundação de Cultura e Conselho Municipal, Ângelo ressalta a mudança de comportamento e retorno dos artistas locais na atuação em Camaragibe. ”Um diálogo que começou a se formar e ganhar força de forma cosmopolita. Não estamos fazendo um movimento fechado e exclusivo para os camaragibenses, pois o nosso desejo é expandir e agregar.”
Representante do Coco de Senzala, o Mestre Zé Negão, em entrevista ao LeiaJá, lembra que, desde 2014, tenta-se traçar um plano de políticas públicas de cultura em Camaragibe, mas ainda não o tem completamente. “A Fundação de Cultura promove ações, não políticas públicas de fato. Ainda falta uma lei municipal com orçamento para regulamentar a cultura na cidade”, aponta. Segundo o coquista, há uma tentativa de ressurgimento de reformular a política e não o surgimento de políticas públicas.
O início para a construção de políticas públicas em cultura
Vinculada à Secretaria de Educação, a Fundação de Cultura mantém um diálogo com as demais esferas da gestão municipal para a construção de uma política pública cultural. "Ainda estamos nesta construção e ainda encontramos dificuldades na execução de ações e atividades, sobretudo, porque os recursos estão escassos. Na verdade, a cultural toda do país está passando por essa dificuldade", explica Josivan Rodrigues, responsável pela área de Patrimônio da Fundação de Cultura do município.
De acordo com ele, mesmo com um quadro reduzido de funcionários e pouco incentivo financeiro, a Fundação promove algumas ações que visam o reconhecimento de patrimônios, como a Estação Ferroviária, artistas e grupos culturais. "A gente tem conseguido um bom engajamento da sociedade, por que não é apenas a Fundação. Considero que necessitamos de ações conjuntas com a sociedade. Além disso, é difícil restabelecer a confiança dos artistas. Mas tentamos executar as atividades da maneira mais transparente possível", explica.
A principal ação do órgão é a criação, em conjunto, de um inventário. O projeto pretende catalogar espaços históricos e culturais, a partir do registro fotográfico e escrito. Uma ferramenta que servirá para conhecimento e importância histórica dos espaços, em primeira instância, e traçar estratégias para a sua manutenção, preservação e reforma. Assim, impede-se a perda de construções para a especulação imobiliária e ações que coloquem em risco esses patrimônios.
Camaragibe possui também, além da Fundação de Cultura, um Conselho Municipal que é o órgão consultivo e fiscalizador das ações da gestão de cultura. Além disso, o Conselho funciona de forma paritária, ou seja, integram a sociedade civil e a gestão pública. "Através das ações do Conselho, a gente consegue mostrar que a cultura não é só o 'Pão e Circo'. Mas vamos, além disso, fiscalizando, buscando parcerias, formações e fazendo com que as pessoas vejam e reconheçam a cultural em todos os dias do ano, não só durante os Ciclos carnavalescos, juninos e natalinos", completa Karol Pacheco, presidente do Conselho de Cultura de Camaragibe. Confira:
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