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O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, enviou nesta segunda-feira carta à Federação Internacional de Futebol (Fifa) pedindo a substituição do secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, como interlocutor entre a Fifa e o governo federal para a organização da Copa do Mundo de 2014. Logo após o envio da carta à Fifa, Valcke pediu desculpas ao ministro.

Na última sexta-feira (2), Valcke afirmou que o Brasil estava mais preocupado em ganhar a Copa do que em organizá-la. Disse ainda que organizadores do Mundial precisavam de "um chute no traseiro".

“Recebemos com espanto as inapropriadas declarações do senhor Jérôme Valcke nos últimos dias à imprensa internacional. A forma e o conteúdo das declarações escaparam aos padrões aceitáveis de convivência harmônica entre um país soberano como o Brasil e uma organização internacional centenária, como a Fifa”, diz Rebelo na carta.

O ministro ressalta que o governo brasileiro não pode mais aceitar Valcke como interlocutor após suas últimas declarações sobre a preparação do país para o Mundial.

Após o Brasil oficializar o pedido de mudança de interlocutor, Valcke enviou um pedido de desculpas ao ministro Aldo Rebelo. Ele disse que lamenta “profundamente” a interpretação incorreta de suas declarações. Segundo o secretário-geral da Fifa, em francês, a expressão "um chute no traseiro" significa “apenas acelerar o ritmo”.

“Gostaria de pedir desculpas ao senhor e também a qualquer pessoa que tenha se sentido ofendida com as minhas palavras. Há certamente um ar de preocupação na Fifa e, sendo eu, em última análise, a pessoa responsável por essa Copa do Mundo, estou sob bastante pressão”, diz o secretário na carta. Valcke destaca ainda que sente “imenso respeito e admiração” pelo Brasil.

Segundo o Ministério do Esporte, o pedido de desculpas representa uma reação da Fifa ao episódio, mas o ministro Aldo Rebelo só deve se pronunciar depois de analisar a carta.

O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, debocha da reação no Brasil, não cede, aprofunda as críticas e chama o governo de "infantil". Neste sábado, em Londres, o homem-chave da Fifa na organização da Copa do Mundo de 2014 reagiu com ironia à decisão do governo de não mais considerá-lo como interlocutor.

Questionado sobre as declaração de Aldo Rebelo, ministro do Esporte, Valcke não hesitou. "Por que é que ele não lida com os problemas?", atacou. "Se o resultado de minhas declarações é que não querem mais falar comigo, se não sou a pessoa com quem querem trabalhar, então, como dizemos em francês, é um pouco infantil".

Valcke não deu nenhum sinal de que vai atender ao pedido de Aldo Rebelo de vê-lo afastado. "Vou viajar ao Brasil no dia 12 de março", disse.

Ele ainda debochou da reação no Brasil diante de seus comentários de que tudo estava atrasado. "Uau, esse é o problema porque nada ocorreu nos últimos cinco anos e o resultado de eu ter feito um comentário dizendo que as coisas não estão indo bem?", questionou. "Eu disse exatamente o que está ocorrendo no Brasil", declarou.

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, reafirmou que vai procurar assegurar a presença das populações indígenas nos jogos da Copa de 2014, principalmente em sedes como Cuiabá, onde ele esteve nesta quarta-feira para fazer uma vistoria nas obras para o Mundial.

Para o ministro, a inclusão dos índios é um desafio para o Brasil. "Não podemos fazer uma Copa e olhar para as arquibancadas e não ver a presença de nenhum índio", disse Aldo Rebelo, que defende a adoção de um preço especial de ingressos para a população indígena.

Sobre a venda de bebidas alcoólicas nos estádios brasileiros durante o Mundial, outro tema que está em discussão na Lei Geral da Copa, Aldo Rebelo disse acreditar que "o Congresso tomará uma decisão tranquila, que seja equilibrada e proteja os direitos do consumidor".

A visita do ministro em Cuiabá começou pelas obras da Arena Pantanal, prevista para ser entregue em dezembro de 2012. Com 43% já concluída, a construção do estádio entrou em nova fase na semana passada, com o início da fixação das estruturas metálicas no setor norte.

Durante a visita, o ministro destacou as oportunidades geradas pela realização da Copa e o legado que ficará para a população das sedes. "Embora os jogos só venham ocorrer em 2014, a geração de emprego para vários profissionais já é uma realidade", avaliou Aldo Rebelo.

Após visitar a Arena Pantanal, Aldo Rebelo vistoriou as obras de mobilidade urbana na cidade, começando pela duplicação da ponte Mário Andreazza (ligação entre Cuiabá e Várzea Grande), que está com 80% dos serviços concluídos e deve ser entregue agora em maio.

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, disse nesta segunda-feira que a Lei Geral da Copa do Mundo de 2014 deve ser sancionada até a primeira quinzena de março, quando o Brasil deve receber novamente representantes da Fifa no País. "Como ministro, vou trabalhar para a aprovação da lei até março", afirmou Rebelo, após visita às obras do futuro estádio do Corinthians, na zona leste da capital paulista.

Dois pontos da proposta ainda estão em discussão: a cobrança de meia-entrada para idosos nos jogos do Mundial e as garantias oferecidas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando o projeto foi elaborado. De acordo com o deputado federal Vicente Cândido (PT-SP), relator do projeto, a discussão destes pontos será finalizada nesta semana para que a proposta seja enviada às comissões da Câmara na próxima semana.

"Indo para o plenário com esse acordo na comissão, creio que em um dia de debate dá para deliberar e, em seguida, enviar o projeto para o Senado", afirmou o deputado. "A previsão é de que teremos a lei sancionada na primeira semana de março, junto com a visita dos representantes da Fifa", completou Cândido.

Rebelo e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, visitaram as obras do estádio nesta segunda-feira acompanhados de engenheiros e políticos. Eles foram informados de que a construção está dentro do cronograma que prevê que o estádio fique pronto em dezembro de 2013. "É a minha primeira visita a essa obra", disse o ministro. "O cronograma está compatível", acrescentou.

Kassab afirmou ainda que é difícil que a conclusão do estádio seja antecipada. "É muito difícil contar com outro evento por antecipação da obra", afirmou o prefeito, descartando a possibilidade de o estádio do Corinthians sediar partidas da Copa das Confederações, marcada para acontecer entre 15 e 30 de junho de 2013, um ano antes do Mundial.

Aldo Rebelo afirmou que o governo federal dará incentivos fiscais de aproximadamente R$ 90 milhões às obras do estádio e que considera essa renúncia tributária "um investimento". "Eu assinei a portaria do Recopa (Regime Especial de Tributação para a Construção, Ampliação, Reforma ou Modernização de Estádios de Futebol) na sexta-feira. Considero isso um investimento", disse o ministro, citando que este é o quarto estádio da Copa de 2014 que recebe o benefício - os outros foram as arenas de Natal, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

Kassab, por sua vez, afirmou que a prefeitura entrará com incentivos de R$ 420 milhões na região do entorno do estádio, enquanto o governo do Estado fará investimentos de R$ 480 milhões em obras de infraestrutura e acessibilidade.

Rio de Janeiro – O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, voltou a estimar que o projeto da Lei Geral a Copa do Mundo de 2014 será votado pela Câmara dos Deputados antes do recesso legislativo de dezembro, ficando para o ano próximo a avaliação pelo Senado Federal. Rebelo esteve hoje (6) no Fórum Internacional de Futebol, na capital fluminense.

A Lei Geral da Copa resumirá os compromissos do Brasil com a Federação Internacional de Futebol (Fifa) para sediar a competição. Segundo o ministro, a lei vai orientar o governo e os organizadores sobre temas "delicados", dentre os quais estão a concessão da meia entrada ou a cobrança de preços populares, nos ingressos para idosos, pessoas com deficiência, estudantes, pessoas de baixa renda e índios; além da venda de cerveja dentro dos estádios, o que é proibido em alguns estados.

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Perguntado sobre a saída de João Havelange do Comitê Olímpico Internacional (COI), ontem (5), às vésperas de o comitê de ética da entidade anunciar resultados de investigações sobre o cartola, o ministro disse que a decisão em nada afeta a organização de competições no Brasil tais como as Olimpíadas de 2016. Para Rebelo, a renúncia de Havelange foi uma decisão de "ordem pessoal" de "uma personalidade do futebol".

Havelange deixa o cargo como suspeito de receber propina de uma empresa de marketing para garantir direitos de transmissão de eventos esportivos a essa empresa, na década de 1990.

Sobre as obras para a Copa, Rebelo informou que a expectativa é que a maioria das instalações fique pronta antes do prazo, porque "é de interesse das empreiteiras ter um retorno do investimento". O ministro acrescentou que, "se houver atraso, será uma coisa muito pequena". Em suas contas, o estádio mais adiantado para o Mundial é o Castelão, em Fortaleza, e o mais atrasado é o Beira Rio, em Porto Alegre.

O novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, reafirmou nesta segunda-feira a confiança em relação à capacidade do Brasil em finalizar as obras nos estádios e de infraestrutura para a Copa do Mundo de 2014. "O Brasil tem plenas condições de realizar a Copa. Com exceção de Porto Alegre, vemos o cronograma (de construção dos estádios) dentro do previsto. No caso de Fortaleza, está até adiantado", afirmou ele, após participar em São Paulo de cerimônia de inauguração do Núcleo de Alto Rendimento Esportivo do Grupo Pão de Açúcar.

Rebelo ressaltou, contudo, que o cumprimento do cronograma das obras dependerá da fiscalização dos responsáveis pelas obras, desde o governo até os parceiros privados. "Sempre tive uma posição otimista sobre a capacidade do Brasil em organizar a Copa do Mundo, porque nós já realizamos outros megaeventos, como o Carnaval do Rio e de Salvador, que atraem um grande número de turistas. Mas precisamos de rigor no cumprimento do cronograma das obras", avisou o ministro.

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Em relação às obras do Estádio Beira-Rio, que sofrem com indefinições sobre financiamento e contratos de execução, Rebelo descartou qualquer plano B para Porto Alegre. "Eu prefiro aguardar, porque conheço a direção do Inter. E os dirigentes estão com as mesmas preocupações que eu. Aliás, creio que até maiores", revelou o ministro.

Mesmo após Porto Alegre ter ficado de fora da Copa das Confederações de 2013, justamente por causa do atraso no estádio, Rebelo disse acreditar que os problemas com o contrato de reforma do Beira-Rio estejam solucionados dentro do prazo para o Mundial de 2014. "O objetivo do Inter, do Rio Grande do Sul e do governo federal é usar o Beira-Rio na Copa do Mundo", garantiu.

O ministro ainda destacou que a Lei Geral da Copa, que estabelece um conjunto de normas exigidas pela Fifa para a realização do Mundial em 2014, deve ser aprovada ainda este ano na Câmara dos Deputados. Mas só deverá chegar ao Senado em 2012, prevê Rebelo.

Brasília – A Autoridade Pública Olímpica (APO) passará a ser vinculada ao Ministério do Esporte , e não mais ao Ministério do Planejamento. Segundo o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, essa foi uma determinação da presidenta Dilma Rousseff. A APO foi criada em março para coordenar as ações do governo voltadas para os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.

“A decisão me foi comunicada na semana passada, mas só pude torná-la pública depois da reunião com o presidente [da APO] Marcio Fortes. Após um processo de execução de tarefas, seria mais natural que o vínculo viesse para o Ministério do Esporte, o que é também o caso da Copa do Mundo”, disse o ministro.

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A primeira reunião entre Rebelo e Marcio Fortes ocorreu na manhã de hoje. “O presidente fez um relato minucioso sobre a APO, as providências adotadas e os rumos que estão sendo tomados, visando à preparação do Brasil e do Rio de Janeiro para as Olimpíadas”.

De acordo com Fortes, a situação é delicada, pois apenas 47% das instalações estão disponíveis. Essas obras foram feitas para o Pan-Americano e para os Jogos Militares. “Temos de manter isso. É um trabalho que não termina nunca. Se corre muito com as obras, depois fica uma situação complicada, porque temos de preservar.”

O orçamento de 2012 da APO é estimado em R$ 80 milhões. Os projetos estão sendo discutidos e o levantamento, com as atribuições de cada ente federativo, serão apresentados em março. “Vamos fazer o fechamento, temos de entregar até março, para definir qual é a parceria”.

Para Fortes, a APO e o Ministério do Esporte estão muito bem “entrosados”. Segundo ele, a Autoridade Pública Olímpica não substitui nenhum órgão dos governos federal, estadual e municipal. Embora tenha sido criada no início do ano, a APO ainda está sendo estruturada. A sede, no Rio de Janeiro, é provisória. Além disso, dos 181 cargos previstos, apenas 15 foram preenchidos.

Brasília – O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, começou a reestruturar a pasta duas semanas depois de assumir o cargo. Rebelo anunciou hoje (14) três nomes para o comando das secretarias mais importantes do ministério. De acordo com ele, nenhum dos indicados é filiado ao PCdoB.

A economista Paula Pini, coordenadora de projetos do Banco Mundial, será a nova secretária executiva, o diplomata Carlos Henrique Cardim chefiará a assessoria internacional, e o vice-almirante Afonso Barbosa ocupará a Secretaria Nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social.

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Para Rebelo, as alterações são “esperadas e naturais” após mudanças de chefia. Segundo ele, as escolhas foram feitas com base em critérios técnicos, administrativos, políticos e em experiências de vida. “São pessoas que conheço e com quem tive a oportunidade de trabalhar”.

A organização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 são prioridades do Ministério do Esporte. De acordo com o ministro a nova secretária executiva tem experiência de mais 20 anos com desenvolvimento e mobilidade urbana e vai ajudar a preparar o país para os dois eventos internacionais.

“A pauta é muito extensa, são 12 capitais. É preciso que a nova secretária executiva acompanhe todas as medidas relacionadas com o cumprimento do cronograma de realização, os contratos e a execução das obras. Tudo isso é desafio da nova secretária”.

Os novos secretários ainda não têm data para assumir os postos, pois estão se desligando das funções anteriores. O único que deixará o ministério é o ex-secretário nacional de Esporte, Wadson Ribeiro.

O ministro disse ainda que não teve a intenção de convidar nenhum atleta para ocupar cargos no ministério. “A relação com os esportistas é de consulta e interação permanente”.

O governador Eduardo Campos participou da posse do novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) nesta segunda-feira (31) em Brasília. A solenidade foi realizada no Palácio do Planalto e contou com a presença da presidenta Dilma Rousseff, além de vários líderes políticos da base do governo.

Eduardo é amigo do novo ministro há anos e foi um dos responsáveis pela articulação que levou o comunista à presidência da Câmara dos Deputados entre 2005 e 2007. Os dois também atuaram juntos na CPI da CBF-Nike de 2000 a 2001, presidida por Aldo. Questionado pelos jornalistas se a mudança no Ministério do Esporte prejudicaria os preparativos do Brasil para a Copa de 2014, Eduardo foi enfático:

"Não atrapalha em absolutamente nada. O trabalho era coordenado pelo ministério, mas acompanhado de perto pela presidenta Dilma. Além do mais, há muita participação dos governos estaduais e municipais neste esforço. Não haverá nenhum problema de continuidade", opinou.

A posse do ministro do Esporte hoje poderia ser uma comemoração dupla para o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), se o projeto de sua autoria apresentado na Câmara, em 2003, tivesse virado lei. No gosto de Aldo, no dia 31 de outubro seria comemorado o Dia do Saci. Sem esse mote nacionalista, o novo ministro foi empossado no Halloween, em plena caça às bruxas nos Esportes, por conta das denúncias de desvio de dinheiro público nos convênios com organizações não-governamentais (ONGs).

O projeto de Aldo propunha o resgate de lendas da cultura popular brasileira em contraponto à data comemorativa do Dia das Bruxas nos Estados Unidos e em outros países anglo-saxões, comemorado hoje. Aldo apresentou o projeto entusiasmado com o pedido da Sociedade dos Observadores de Saci (Sosaci), um grupo criado em São Luiz do Paraitinga (SP) por apaixonados por sacis.

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"O Saci é reconhecido como uma força da resistência cultural à invasão dos x-men, dos pokemons, os raloins e os jogos de guerra. A escolha do dia 31 de outubro, que tem sido imposto comercial e progressivamente aos brasileiros como o Dia das Bruxas ou o Dia do Halloween, não dizendo absolutamente nada sobre o nosso imaginário popular cultural, como o Dia do Saci, é assim estratégica, proposital, simbólica", argumenta o deputado no projeto.

A proposta, além de instituir o Dia do Saci, estabelecia ao poder público o apoio e a promoção de iniciativas, programas e atividades culturais para contribuir com a celebração do folclore brasileiro, por meio do Saci e de seus amigos, como Iara, Curupira e Boitatá.

Ainda sem ter concluída a tramitação nas comissões da Câmara, o projeto foi arquivado em 31 de janeiro de 2007, quando houve a mudança de mandato e, de acordo com o regimento, a maior parte dos projetos segue para a gaveta.

Hoje, na cerimônia de posse, Aldo fez referência à data. "Hoje é o Dia do Saci, mascote do Internacional de Porto Alegre", disse ele, numa alusão ao popular time de futebol gaúcho.

A plateia que prestigiou a cerimônia de posse de Aldo, no Planalto, era o retrato das contradições que sempre marcaram sua trajetória. Lá estavam cartolas do futebol, militares, dirigentes comunistas e até homens de fé católica. "Sou comunista, graças a Deus", afirmou Aldo.

Devoto de Nossa Senhora Aparecida e Santa Quitéria, o novo titular do Esporte não está entre os ateus do partido. A mãe, Maria Cila Rebelo, ensinou o filho a rezar o terço desde pequeno. "Todo sábado a gente ia à missa, na igreja matriz de Viçosa (AL)", contou ela.

Em Brasília, Aldo frequenta a igreja Nossa Senhora do Guadalupe, na Asa Sul. O comunista que acredita em Deus levará para o gabinete, no Ministério do Esporte, as imagens de Nossa Senhora Aparecida, São Francisco de Assis e São Sebastião. Seus correligionários dizem que agora, mais do que nunca, ele precisará de proteção.


Brasília – Ao dar posse ao novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, hoje (31), no Palácio do Planalto, a presidenta Dilma Rousseff reforçou a confiança na inocência do antecessor dele na pasta, o ex-ministro Orlando Silva. Dilma chamou Silva de companheiro de governo e disse que, com sua saída, ele ganhava liberdade para defender-se das acusações que o levaram a sair do cargo. "Ele [Orlando] ganha plena liberdade para lutar para restituir a verdade", disse a presidenta.

Orlando Silva entregou o cargo na semana passada depois de tentar resistir por duas semanas, após a publicação, pela revista Veja, de acusações de recebimento de dinheiro proveniente de desvio do Programa Segundo Tempo. O esquema, de acordo com a reportagem, envolvia também o partido de Orlando, o PCdoB, acusado de fazer caixa de campanha com recursos desviados do programa.

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Dilma também elogiou o PCdoB, partido que, apesar das suspeitas sobre o envolvimento no esquema de desvio de recursos, ela decidiu preservar na pasta. "Perco um colaborador, mas preservo o apoio a um partido que, em meu governo, considero fundamental."

Aldo Rebelo também fez elogios ao PCdoB, ao programa Segundo Tempo e ao ex-ministro Orlando Silva. Ele lembrou o tempo da ditadura militar em que o "sangue do partido foi derramado em nome da democracia". "O bem que os homens fazem é enterrado com seus ossos e o mal é levado para sempre", disse, defendendo seu antecessor. "Talvez mais que inocente, o senhor seja vítima".

Rebelo lembrou que o Segundo Tempo foi concebido sem ter uma estrutura física para que funcionasse e citou como feito do programa a criação de áreas para a prática de esportes em escolas e praças. O novo ministro dirigiu-se à Dilma para dizer que o convite para integrar a equipe ministerial foi aceito com a ciência de que há desafios do Ministério do Esporte que estão além de sua competência. "Eu assumi essa responsabilidade com a humildade de saber que o desafio talvez esteja em um nível mais elevado que minha capacidade. Os desafios são mais leves e menores pelo que já foi feito", considerou.

O ex-ministro Orlando Silva repetiu, na cerimônia de posse do sucessor, que vai lutar para provar que é inocente das acusações de envolvimento no esquema de desvio de recursos públicos que acabaram motivando sua saída do governo. Em um discurso longo e emocionado, Silva enfatizou que "a verdade" aparecerá em breve.

"Estou feliz por poder olhar nos olhos de cada um de vocês e dizer que sou inocente. Os dias vão passar e a verdade vai aparecer", disse o ex-ministro que foi aplaudido pelas pessoas presentes à posse de Rebelo. Entre elas, estavam o ex-jogador de futebol Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, além de dirigentes dos principais clubes de futebol e de vários políticos.

Após empossar o ministro Aldo Rebelo no Ministério do Esporte, em substituição ao ministro Orlando Silva, que deixou a pasta acusado de envolvimento em irregularidades em convênios com ONGs, a presidente Dilma Roussef reconheceu, em seu discurso que "esta cerimônia não estava nos meus planos e nem nos planos do governo" e fez questão de defender o ministro que estava saindo.

"Orlando Silva não perde meu respeito", declarou a presidente no discurso, ao lembrar que ele fez um "excepcional trabalho na liderança do Ministério do Esporte", do qual ela foi testemunha. "Ele ganha plena liberdade para restituir a verdade e preservar, assim, a sua biografia", acentuou Dilma, ao comentar que ele saiu para se defender e desejando-lhe "muito sucesso em sua cruzada pela verdade".

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Em seguida, Dilma fez elogios ao PCdoB. "Perco um colaborador, mas preservo o apoio de um partido cuja presença no meu governo considero fundamental", declarou Dilma, que passou a falar da bem-sucedida trajetória política de Aldo Rebelo, a quem, erroneamente, chamou de Aldo Rabelo. "Experiente, sério, qualificado, líder reconhecido e sem sombra de dúvida reconhecido como defensor corajoso de opiniões fortes dos interesses nacionais, e cidadão respeitado por seus pares, independente do partido", enumerou Dilma. "Estou certa que como novo ministro do Esporte, saberá empreender, realizar e, quando for o caso, negociar busca de soluções em que todos ganhem, principalmente e especialmente o Brasil e o povo brasileiro", comentou a presidente, reiterando, subliminarmente, o recado que já havia dado à Fifa de que as leis brasileiras, como a meia-entrada para idosos, terão de ser respeitadas na Copa do Mundo de 2014.

Segundo a presidente, Aldo Rebelo "tem plenas condições de dar continuidade política do ministério e estabelecer desde logo relações claras com todos os entes envolvidos com a preparação da Copa e Jogos Olímpicos", "sem que a ninguém seja imposto abdicar de princípios e de direitos legais e vigor no País".

A plateia era eclética e reunia desde Pelé, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, governadores como Eduardo Campos, de Pernambuco, e Teotônio Vilela, de Alagoas, do PSDB, mas que é do Estado de Aldo Rebelo. Em sua fala, a presidente recorreu a metáforas com o futebol, tradicionalmente usadas por Lula. "Como ministro, eu tenho certeza que o ministro Aldo será um titular, um titular em nosso time", disse Dilma. E encerrou seu discurso afirmando que: "Hoje, colocamos a bola no chão. Reiniciamos o jogo e vamos para o ataque, por um Brasil mais justo e mais desenvolvido, esta será a vitória de todos nós".

Antes de fazer inúmeros elogios a Orlando Silva, a presidente fez questão de dizer que "as pessoas podem nos deixar e mudanças podem ocorrer". Mas, avisou, "as políticas e as linhas de ação do governo terão de ser preservadas".

Depois de receber a missão da presidente Dilma Rousseff de promover uma "faxina" no Ministério do Esporte, o novo ministro Aldo Rebelo sinalizou ontem que pretende convidar "gente do mercado" para postos-chave na estrutura da pasta. São cinco os cargos considerados de primeira linha: secretaria executiva, chefia de gabinete e três secretarias (a de Esporte Educacional, a de Desenvolvimento de Esporte e Lazer e a de Alto Rendimento).

Uma das dificuldades apontadas pelo novo ministro para cooptar quadros na iniciativa privada é o salário oferecido pelo governo federal. "Para você trazer uma pessoa, precisa olhar o salário que ela vai ganhar. É natural que eu encontre (dificuldades em trazer pessoas para o Ministério). Você quer trazer alguém e o cara ganha não sei quanto no setor privado", disse ontem em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

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Segundo na hierarquia de qualquer ministério, o cargo de secretário executivo é considerado de "natureza especial" e tem um salário de R$ 11.431,88. Já os demais secretários têm cargo de Direção e Assessoramento Superior (DAS) de nível 6, cuja remuneração é de R$ 11.179,36. Um chefe de gabinete ganha R$ 8.988,00 (DAS5). Há ainda cargos de DAS de nível 4, com salário de R$ 6.843,76, que podem ser preenchidos livremente.

Conveniência

Ao comentar a saída de Orlando Silva da pasta, Aldo disse que não há demissão justa ou injusta e que a troca ministerial foi uma conveniência.

Ao mesmo tempo em que procura quadros na iniciativa privada, o novo ministro não descarta a manutenção do PC do B em postos-chave. "Minha ideia é contar com pessoas que são do PC do B e pessoas que não são", afirmou. "O critério é a competência, a responsabilidade, a capacidade executiva. Meu principal critério não vai ser ou não ser do PC do B."

A dois dias da posse, Aldo conversou ontem com aliados, sem formalizar convites. "Tenho um monte de nomes. Mas não posso ligar para alguém para dizer que estou pensando no seu nome para tal cargo. Só posso ligar se for para convidar", observou. "São funções que dependem da disponibilidade das pessoas."

"Só posso pensar na equipe quando tomar pé das estruturas e de quais são as atribuições exatas de cada cargo, de quem cuida da Copa, da Olimpíada, do Programa Segundo Tempo", disse.

Ele não quis adiantar se um convite para Nádia Campeão, presidente do PC do B em São Paulo e ex-secretaria de Esportes na gestão de Marta Suplicy (PT) na Prefeitura, está em seus planos. "Ela é uma pessoa que tem experiência em gestão", limitou-se a comentar.

ONGs

Garantindo não ter recebido a incumbência de "desmontar" o que quer que seja no ministério, defendeu novamente o fim dos convênios com ONGs, centro da crise que derrubou Orlando Silva. "Não estou dizendo que as ONGs são desonestas. Mas dinheiro público indo para ente público é mais fácil de controlar e de fiscalizar. É mais lógico", afirmou Aldo Rebelo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A cúpula da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) identificava três grandes adversários políticos no início da década passada: o deputado federal Silvio Torres (PSDB-SP, licenciado e hoje secretário de Habitação do Estado), o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) e o novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo. Pronunciar esses nomes em conversas mais reservadas com a direção da entidade suscitava no mínimo reações de ironia. Isso ainda vale para descrever a relação da CBF com Silvio Torres e Álvaro Dias. Com Aldo, a situação mudou.

O deputado federal (PC do B-SP) presidiu a CPI da CBF/Nike, instaurada em 2000 e que levantou suspeitas de envolvimento do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, em vários crimes financeiros. Depois, editou com Silvio Torres, relator da CPI, um livro rico em detalhes de transações nada transparentes do futebol brasileiro que sugeriam a participação direta de Teixeira. O dirigente conseguiu na Justiça proibir a circulação do livro, decisão vigente até hoje.

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Aos poucos, Aldo deixou de se entusiasmar por investigações sobre denúncias de corrupção no esporte e é visto hoje com aprovação pela CBF.

Ricardo Teixeira não esconde de ninguém desapontamento com o ex-ministro Orlando Silva, com quem era bastante afinado durante o governo Lula e que, depois, passou a emitir sinais de que não deveria demonstrar tanta proximidade com a entidade. Mas sabe que o papel do novo ministro, como interlocutor do governo federal nos assuntos relacionados à Copa de 2014, não deve mudar muita coisa. Para Teixeira, é claro o desalinhamento entre o governo Dilma Rousseff e a organização do Mundial.

Ontem, porém, a CBF divulgou em seu site nota de boas vindas a Aldo, assinada por Teixeira. "Desde já, a CBF se põe à disposição do ministro, dando-lhe a certeza de que terá na entidade uma importante parceira na sua grande empreitada à frente do Ministério do Esporte." O Comitê Organizador da Copa do Mundo (COL), também presidido por Teixeira, repetiu a iniciativa e parabenizou o ministro. "Que o ministro conte sempre com a nossa colaboração e saiba que as portas do Comitê estarão sempre abertas", registrou Ricardo Teixeira, no site do COL. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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