Às vésperas de uma cirurgia no quadril, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, mudou os hábitos de sua rotina fora do País. Nas últimas viagens ao exterior, Lula reduziu os deslocamentos, esquivou-se de compromissos externos indispensáveis e passou a receber visitantes em seu hotel.
O presidente reclamou de dores nas pernas e até os passos dele passaram a ser contados pela equipe de preparação da viagem, composta por diplomatas locais, equipe avançada e pelo cerimonial do Palácio do Planalto.
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Os cuidados passaram a ser tomados porque o presidente não reduziu o ritmo de viagens internacionais, o que deverá fazer somente depois da cirurgia no quadril, marcada para 29 de setembro.
Lula vai passar por uma artroplastia. Ele sofre com artrose na cabeça do fêmur, o que gera dores - o desgaste da cartilagem faz com que haja atrito direto entre ossos e inflamação local.
Na cirurgia, o presidente vai receber uma prótese de silicone. O presidente passou por ao menos duas infiltrações no quadril, procedimento operatório invasivo para redução de dores.
Havana
Lula viajou a Havana, Cuba, para uma reunião do G-77 com a China, que reúne países em desenvolvimento, além de uma conversa com o ditador cubano Miguel Díaz-Canel, com quem deve tratar da renegociação da dívida da ilha com o Brasil.
Em seguida, Lula seguiu para Nova York, para a Assembleia Geral das Nações Unidas, além de agendas de governo com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
O presidente adiou uma passagem pelo México, onde teria um prometido encontro formal com o aliado Andrés Manuel López Obrador, presidente do país.
Serão as últimas viagens de Lula antes da cirurgia. Logo após, Lula passará por tratamento fisioterápico e deverá evitar viagens ao exterior por cerca de dois meses.
Cuidados na Índia
A equipe do governo brasileiro adotou cuidados na passagem de Lula por Nova Délhi, encerrada na segunda-feira passada. Na chegada ao Bharat Mandapam, sede da cúpula de líderes, Lula foi caminhando por um tapete vermelho até o primeiro-ministro Narendra Modi, o anfitrião.
A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, o acompanhou no trajeto. Eles deram cerca de 120 passos.
A preparação dessa chegada ao G-20 e a visita, para um tributo, ao Raj Gath, onde estão as cinzas de Mahatma Gandhi, causaram preocupação na equipe diplomática, justamente por serem momentos em que Lula precisaria caminhar mais e até descer escadas.
No hotel Taj Palace, os diplomatas escolheram um quarto que o presidente pudesse acessar sem ter de subir as escadas do hall de entrada.
Desconforto levou a adaptar cerimônias em Angola
Durante viagem à África, Lula passou por momentos de desconforto e queixou-se de dores. Em Angola, no mês passado, cerimônias foram adaptadas para minimizar o desgaste.
Os primeiros compromissos de Lula foram no Palácio Presidencial, em Luanda, onde discursou três vezes. Lula passou parte das três cerimônias iniciais sentado, também depois de se deslocar perante a tropa das Forças Armadas e de visitar o mausoléu do ex-presidente António Agostinho Neto.
Segundo a Presidência de Angola, o cerimonial típico do país foi adaptado para as necessidades de Lula.
Ele e o presidente João Lourenço assistiram sentados à cerimônia de assinatura de atos entre ministros.
Se o protocolo padrão fosse mantido, os presidentes permaneceriam de pé e fariam um breve pronunciamento.
Em seguida, responderiam, cada um, a duas perguntas da imprensa brasileira e duas da imprensa angolana.
A fase dos questionamentos de jornalistas foi cortada da programação a pedido do governo brasileiro, segundo os angolanos, para reduzir o tempo que Lula permaneceria de pé.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.