Na manhã desta quarta-feira (27), o vereador do Recife Alcides Cardoso (DEM) visitou um galpão do Condomínio Logístico de Armazenagem de Suape (CLAS), no Cabo de Santo Agostinho, no qual o ex-prefeito do Recife, Geraldo Julio, armazenou cerca de 14 mil instrumentos musicais, comprados no fim de sua gestão. O parlamentar afirma que já havia tentado localizar os instrumentos em uma fiscalização realizada no mês de agosto.
De acordo com Alcides Cardoso, o cenário encontrado por ele aponta para o “desperdício” e a “má gestão” dos governos do PSB diante da rede de educação municipal. “Encontramos os instrumentos encaixotados e empilhados há dez meses, alguns deles já com mofo na capa, retratando como o dinheiro da educação é mal utilizado. São quase onze milhões de reais comprados secretamente sem qualquer utilidade para melhorar a educação do município”, declarou.
##RECOMENDA##O vereador informou ainda que protocola ofício junto ao Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) para solicitar audiência com a conselheira Teresa Duere, relatora das contas da Secretaria de Educação do Recife no atual exercício. Está em vigência uma recomendação da conselheira para que a gestão municipal não faça nenhum pagamento à empresa que vendeu os instrumentos, a Brink Mobil Equipamentos Educacionais Ltda., investigada pela Polícia Federal por indícios de irregularidades na Paraíba.
Segundo apurou o gabinete do vereador, dos R$ 10,8 milhões comprados, a prefeitura pagou R$ 5,2 milhões, faltando ainda o repasse de R$ 5,6 milhões. “Não faz o menor sentido o Recife ter esse gasto, baseado numa contratação fraudulenta, para a criação de quinhentas bandas escolares diante da realidade que temos na rede municipal. Temos hoje doze bandas e apenas dezenove professores de música. Defendo que a Prefeitura devolva os equipamentos e receba o dinheiro de volta para investir no que de fato precisamos, como em creche”, elucidou Alcides.
O vereador ressalta ainda que o próprio galpão onde o equipamento foi armazenado foi adquirido através de compra sem licitação nos últimos dias de gestão Geraldo Júlio. A situação foi questionada aos órgãos de controle estaduais. Segundo auditoria do TCE-PE, que também suspendeu os pagamentos dessa aquisição, há um sobrepreço de R$ 4,0 milhões no valor negociado.
O pacote de gastos feitos por Geraldo Júlio em seus últimos dias de mandato soma R$ 25 milhões. A Prefeitura do Recife não publicou sobre os gastos no Diário oficial ou no Portal da Transparência, o que seria obrigatório. Por esse motivo, o Ministério Público do Estado de Pernambuco (MPPE) instaurou um inquérito civil para apurar os indícios de irregularidade na compra.