Tópicos | 1º bimestre

A produção brasileira de celulose cresceu 4,5% e a de papel avançou 1,7% nos dois primeiros meses de 2014, na comparação com o mesmo período de 2013, informou a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa). No período, foram produzidas 2,5 milhões de toneladas de celulose e 1,7 milhão de toneladas de papel.

As exportações de celulose cresceram 17,9%, para 1,6 milhão de toneladas no primeiro bimestre na comparação com igual intervalo do ano passado. Também foi registrada alta de 7,7% nas exportações de papel, com um total de 321 mil toneladas do produto. As importações de celulose caíram 16,7% no período, para 60 mil toneladas, e as de papel diminuíram 2,3%, para 208 mil toneladas.

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A Europa e a China permanecem como os principais mercados para a celulose brasileira, gerando aproximadamente 43% e 32% da receita com as vendas externas do produto, respectivamente. A América do Norte participa com cerca de 16%.

Já em relação ao papel, a América Latina segue como principal mercado, responsável por mais de 52% da receita de exportação no acumulado de janeiro e fevereiro, seguida pela Europa e América do Norte, que participam dessa receita com cerca de 16% e 14%, respectivamente.

A Bracelpa informa ainda que os embarques para a América do Norte cresceram 29% nos primeiros meses do ano, comparados com os de 2013.

Ainda de acordo com a entidade, as vendas domésticas de celulose recuaram 4,1% nos dois primeiros meses do ano ante o mesmo período do ano passado, para 282 mil toneladas. Já as vendas de papel no mercado doméstico somaram 910 mil toneladas, com alta de 2,7% na mesma base de comparação.

O consumo aparente (indicador que dimensiona a demanda doméstica) de celulose recuou 14,9%, para 905 mil toneladas, enquanto o de papel avançou 0,1%, para 1,610 milhão de toneladas.

Apesar do expressivo volume de ingresso de capital externo no mercado à vista da Bovespa, os estrangeiros continuam desconfiados em relação ao Brasil, fazendo vendas fortes de ativos no mercado futuro. No primeiro bimestre do ano, há um superávit de R$ 6,942 bilhões de investimento estrangeiro no mercado à vista, enquanto as posições vendidas de não residentes em Ibovespa futuro terminaram o mês passado com 124.293 contratos em aberto. As transações equivalem a R$ 7,134 bilhões (considerando a pontuação de fechamento da quinta-feira, dia 28, de 57.400 pontos).

Segundo analistas consultados pelo Grupo Estado, dadas as incertezas com o Brasil, os estrangeiros estão preferindo lucrar fazendo operações casadas de compras à vista na Bolsa, combinadas com as apostas na queda do índice futuro. O ganho seria o diferencial da taxa de juros - geralmente, ligado ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI) - o que dá um caráter de financiamento à transação.

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Por meio dessas operações com derivativos, os estrangeiros minimizam os riscos de sua posições no mercado acionário à vista e negociam as ações nos moldes da renda fixa. Dessa forma, os não residentes travam os negócios locais, impedindo performances animadoras ou mesmo desastrosas da Bolsa, e deixando a renda variável brasileira ainda mais refém do capital externo. "Este fenômeno vem ocorrendo desde janeiro", disse Hamilton Moreira Alves, estrategista do BB Investimentos. "O mercado precificou o aumento dos juros, o que provocou esse movimento especulativo," completou.

Para Walter Mendes, sócio da Cultinvest, o movimento reflete a decepção quanto ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), à alta da inflação e à ingerência do governo em alguns setores da economia. "Como não há perspectiva de melhora no curto prazo, os estrangeiros estão preferindo vender no mercado futuro", comentou. Em 2012, o PIB cresceu 0,9% sobre o ano anterior, pior resultado desde 2009.

Mendes ressaltou que os resultados ruins apresentados no quarto trimestre de 2012 por Vale e Petrobras, as duas companhias com maior peso no Ibovespa, têm contribuído para as fortes vendas em índice futuro. Só neste ano, Petrobras PN acumula perda de mais de 26% e Petrobras PN, em torno de desvalorização de 14%, enquanto Vale PNA cede 16% no mesmo período e Vale ON, recua 15%. Por isso, o Ibovespa terminou fevereiro com perda de 3,91% - no ano, até último o dia 28, a baixa atingiu 5,79% (57.424,29 pontos).

"Os estrangeiros estão preferindo comprar ações em outros setores, como o de consumo", declarou Pedro Galdi, analista-chefe da SLW. Não por acaso, é justamente este setor que tem apresentado números melhores no quarto trimestre de 2012.

Perspectivas

Para os analistas, não há sinal de quando a Bolsa possa se recuperar, pois existe ainda uma série de fatores a se resolver. Um deles é quanto à política de juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta terça e quarta-feira para decidir o novo patamar da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 7,25% ao ano. Levantamento realizado pelo AE Projeções com 80 instituições do mercado financeiro mostra unanimidade nas estimativas de manutenção da taxa.

"Vamos ver qual será o viés do Copom para a próxima reunião", disse Galdi, da SLW, referindo-se ao encontro de abril do Copom. "A situação é complicada porque, se houver sinalização de alta, prejudicará a recuperação da economia; por outro lado, se não subir os juros, estará abrindo mão de uma importante arma para conter a inflação", acrescentou.

Quanto à recuperação da economia, Mendes cita o setor de infraestrutura como promissor para 2013. "É por meio dessa área que o governo pretende alavancar os investimentos em geral neste ano", afirma. No ano passado, a formação bruta de capital fixo (FBCF, conta que mede os investimentos na economia) recuou 4% em relação a 2011.

Para o sócio da Cultinvest, além de sinalizar o aumento dos investimentos por meio da infraestrutura, o governo já vem dando sinais de menor ingerência, sobretudo no setor financeiro, já que os bancos públicos estão menos agressivos na política de redução de juros. "As regras para implementação da Basileia 3 e uma maior participação dos bancos privados nas concessões de financiamentos para infraestrutura já são um sinal de melhora."

Alves, do BB Investimentos, acredita numa reversão do Ibovespa neste mês. "A queda do índice está muito exagerada, e a Bolsa está muito descontada em relação a seus pares internacionais", estimou.

No último dia de fevereiro, houve ingresso de R$ 772,255 milhões em recursos estrangeiros na Bovespa. No mês, o saldo de capital externo ficou positivo em R$ 2,366 bilhões, resultante de compras de R$ 59,430 bilhões e vendas de R$ 57,064 bilhões. (Colaborou Olivia Bulla)

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