Raquel Lyra é a primeira governadora de Pernambuco
Raquel Lyra (PSDB) confirmou a vantagem apontada nas pesquisas e derrotou Marília Arraes (SD) nas urnas
Raquel Lyra é eleita a primeira governadora de Pernambuco. Com o resultado das urnas neste domingo (30), a candidata do PSDB confirmou a previsão das pesquisas. Com 90,75% das urnas apuradas, a tucana está matematicamente eleita com 2.8535,896 votos, equivalente a 58,85% dos eleitores. A adversária Marília Arraes (SD) obteve 41,15% dos votos. Brancos e nulos representam 8,44%.
Levada ao segundo turno em um pleito caracterizado pela diversidade de palanques, Raquel conquistou eleitores por defender propostas para áreas sensíveis, como a construção de cinco maternidades, atendimento descentralizado a pessoas com deficiência e abertura de vagas de creche. Na reta final, sua candidatura se consolidou com a postura diante da concorrente nos confrontos diretos. De um lado, Marília insistiu em nacionalizar o debate. Do outro, Raquel mostrou lucidez ao trazer a disputa ao cenário estadual e falar sobre projetos para suprir as demandas de Pernambuco.
Um episódio lamentável marcou sua campanha horas antes da abertura das urnas do primeiro turno. Raquel perdeu o marido Fernando Lucena, vítima de um infarto aos 44 anos, na manhã da votação. Dez dias depois, a candidata socorreu o filho para uma cirurgia de emergência de retirada de apêndice. A agenda foi suspensa nas duas nas duas oportunidades, mas a candidata mostrou resiliência para contornar situações tão delicadas e retomou seus compromissos com visitas ao interior e na Região Metropolitana do Recife (RMR).
Ela vai governar ao lado de Priscila Krause, uma das líderes da oposição ao governo do PSB na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Ambas são naturais de famílias com influência política e se apresentaram como uma opção mais conservadora em relação ao que foi proposto por Marília. Mesmo apoiada por deputados federais que acompanham o Governo na Câmara, a adversária baseou toda a campanha na figura de Lula (PT), mesmo quando o petista havia definido apoio a Danilo Cabral (PSB).
Na disputa direta, Marília intensificou a estratégia de acentuar a polarização nacional para atrair os votos do ***presidente eleito*** e apontou Raquel como a candidata de Bolsonaro no estado. Questionada sobre seu voto, a governadora eleita não assumiu nenhuma das posições e, mesmo com integrantes do PT ao seu lado, deu munição aos ataques de Marília quando recebeu apoio de nomes que integram o quadro conservador da extrema-direita em Pernambuco, com voto declarado em Bolsonaro, como Clarissa e Júnior Tercio, Joel da Harpa, Coronel Meira, Coronel Alberto Feitosa, Miguel Coelho e Cleiton e Michelle Collins.
O voto no primeiro turno à Simone Tebet (MDB) deu vez à neutralidade da ex-prefeita de Caruaru que, dessa forma, conquistou o eleitor dos dois presidenciáveis. A resposta de Raquel às apostas mais incisivas da campanha de Marília se deu por meio da Justiça Eleitoral. Através de direitos de resposta concedidos nos pontos que a adversária perdeu a mão, Raquel usou as inserções para reforçar que estava de licença maternidade quando ainda era secretária da Criança e Juventude do estado e um menor foi morto em uma rebelião dentro de uma unidade da Funase.
Prestes a completar 44 anos, Raquel Lyra ocupa o Palácio do Campo das Princesas após ser a primeira prefeita eleita e reeleita de Caruaru, no Agreste. Antes, ela integrou o governo Eduardo Campos e foi deputada estadual por dois mandatos. Formada em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco e pós-graduada em Direito Econômico e de Empresas, a nova governadora também foi advogada do Banco do Nordeste, atuou por três anos como delegada da Polícia Federal e ainda permanece no quadro da Procuradoria do estado.