Meirelles reflete sobre linhas econômicas de Lula
O ex-ministro afirmou que "é necessário entender qual linha" o ex-presidente Lula vai adotar em relação à política econômica caso seja eleito
O ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles afirmou nesta quarta-feira, 19, que "é necessário entender qual linha" o ex-presidente e atual candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai adotar em relação à política econômica caso seja eleito. A declaração foi dada em entrevista à empresa de consultoria de risco político Eurasia Group.
Meirelles, que foi candidato à Presidência em 2018, declarou apoio a Lula em setembro deste ano, antes do primeiro turno. Na época, o gesto foi encarado como um aceno ao empresariado e ao mercado financeiro. Já na entrevista desta quarta ao Eurasia, o ex-ministro fez críticas a algumas ações dos governos Lula e Dilma. Ele disse, por exemplo, que caso a guinada econômica seja feita por meio do atual programa da campanha petista, pode ser uma "má notícia".
"Nós vimos três diferentes governos de Lula. O primeiro (entre 2003 e 2006), com responsabilidade fiscal, o segundo (entre 2007 e 2010), com um certo afrouxamento no lado fiscal e mais aberto a demandas políticas. No terceiro, sem ser presidente, mas com apoio de Lula, terminamos em uma recessão. A principal questão é qual Lula vai assumir, caso ganhe", disse Meirelles.
O ex-ministro também falou que Dilma Roussef (PT) teria sido eleita pela primeira vez, em 2010, por conta dos altos índices de aprovação do então presidente Lula. "Ele decidiu apoiá-la mesmo com conselheiros afirmando (à época) que ela teria uma abordagem diferente para o lado fiscal. Como resultado, veio a recessão."
Segundo o economista, que também atuou como secretário da Fazenda do Estado de São Paulo, a situação de um eventual governo Lula "depende". Para ele, caso o atual programa de campanha seja colocado em prática, como o desenho feito para os próximos anos se assemelha ao que foi feito para o período de Dilma no Planalto, o cenário não deve ser favorável. "São economistas que acreditam fortemente no papel do Estado e de estatais para o desenvolvimento."
Meirelles também afirmou que "existe um grupo de economistas mais liberais que está apoiando o candidato do PT, que se importa mais com o lado da responsabilidade fiscal."
Depois da entrevista, ao comentar publicações sobre a entrevista em uma rede social, Meirelles afirmou que teria ocorrido "ruído" em algumas interpretações.