SP: vereador do PSB usa expressão racista em sessão

Em nota, o PSB informou que o vereador está em processo de desfiliação desde o dia 28 de abril

por Alice Albuquerque ter, 03/05/2022 - 19:10
André Bueno/CMSP Vereador de São Paulo, Camilo Cristófaro (PSB) André Bueno/CMSP

Após acusação de fala racista do vereador Camilo Cristófaro (PSB), em reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Aplicativos na Câmara Municipal de São Paulo, os trabalhos foram interrompidos temporariamente nesta terça-feira (3).

O vereador Camilo Cristófaro, que estava presente na sessão remotamente, fez uma fala no início da reunião, que ouviu a ex-CEO da Uber, Claudia Woods, e o sócio da motofrete THL, Thiago Henrique Lima. 

“Não lavaram a calçada. É coisa de preto, né?”, disse o socialista em áudio vazado. 

Imediatamente depois da fala racista, o vereador e presidente da CPI, Adilson Amadeu (União Brasil), pediu que o microfone fosse desligado. “Eu gostaria que desligasse o som, por gentileza”. 

Por sua vez, a vereadora Luana Alves (PSOL), que é negra, solicitou que o microfone não fosse desligado. “Não vai desligar, não, porque acabou de ficar registrado”. Enquanto isso, Amadeu suspendeu os trabalhos por cinco minutos, pedido também pela vereadora.

Na volta da atividade, Luana Alves afirmou que Cristófaro foi “extremamente racista”.

“Infelizmente só temos a sessão completamente tumultuada por um áudio que tem a voz do vereador Camilo Cristófaro, que acaba de proferir uma frase extremamente racista. Eu queria não acreditar que essa fala existiu, mas infelizmente existiu. Conversamos ali atrás, queria pedir à secretária da Mesa as notas taquigráficas. Ficará registrado. Ficou acordado que todos aqui são testemunhas para todas as ações que venham a ocorrer se ficar comprovado que é do vereador Camilo Cristófaro, como parece ser” 

Em nota, o PSB informou que o vereador está em processo de desfiliação desde o dia 28 de abril.

“Ele pediu a desfiliação alegando que tem pensamentos diferentes em relação aos defendidos por nós, do PSB. Cabe ressaltar que repudiamos veementemente qualquer declaração preconceituosa”, diz a nota. 

Repercussão 

O gabinete da vereadora Luana Alves vai entrar com representação na Corregedoria para que Cristófaro seja investigado pela Casa Legislativa por ato de racismo. 

Por sua vez, a vereadora Elaine Mineiro, do Mandato Coletivo Quilombo Periférico do PSOL, afirmou que também vai “tomar as ações necessárias para que a atitude racista do vereador não fique impune”. 

O presidente da Câmara, Milton Leite (União Brasil), lamentou, em nota, a fala, que será apurada pela Corregedoria. “É com uma indignação imensa que lamento mais uma denúncia de episódio racista dentro da Câmara de Vereadores de São Paulo, local democrático, livre e que acolhe a todos. Como negro e presidente da Câara, tenho lutado com todas as forças contra o racismo, crime que insiste em ser cometido dentro de uma Casa de leis e fora dela também. O caso será apurado pela Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo”, informou. 

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