Após notificação, Talíria reafirma que Lira foi 'racista'
A declaração ocorreu nesta quarta (23), após Arthur Lira notificar Talíria Petrone extrajudicialmente, em decorrência de uma fala semelhante proferida no dia anterior
A deputada Talíria Petrone (RJ), líder do PSOL, reafirmou em plenário, nesta quarta-feira (23), que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), teria sido racista ao dizer que grupos indígenas ‘ficaram usando algum tipo de droga’ durante protestos realizados em oposição a um projeto de lei (PL 490). A declaração ocorreu após Lira notificar Petrone extrajudicialmente, em decorrência de uma fala semelhante proferida no dia anterior.
"Uma ação como essa de intimidação é um ataque à própria Câmara, é um ataque à nossa possibilidade de falar, de denunciar, de representar os nossos eleitores", disse a deputada. "Ao ler a interpelação extrajudicial, o conteúdo dela, está óbvio que o senhor desconhece o que é racismo", enfatizou. A deputada disse, ainda, que "associar rituais indígenas ao uso de drogas é também racismo".
Os grupos indígenas organizaram atos na última terça-feira (22), em frente à Câmara dos Deputados, localizada em Brasília, em oposição a um projeto de lei (PL 490) que, segundo as lideranças, dificulta a demarcação de terras e prejudica diversas etnias, já que também estabelece o chamado “marco temporal''. Ou seja, prevê que só poderão ser reconhecidos os territórios indígenas que já estavam em posse destes na data da promulgação da Constituição de 1988.
Durante os protestos, pelo menos seis pessoas ficaram feridas, três policiais - dois legislativos e um policial militar - e três indígenas. Na sequência do episódio, do plenário, o presidente da Casa defendeu a ação da polícia, que, de acordo com nota emitida pela Apib (Articulação dos Povos Indígenas no Brasil), foi de “repressão” frente a um “ato pacífico”. Arthur Lira chegou a afirmar que eram inaceitáveis as tentativas de invasão da Câmara por parte das etnias.
“Para ser fiel, na semana passada, alguns representantes dos índios chegaram aqui e invadiram o Congresso Nacional, subiram ao teto das cúpulas e ficaram usando algum tipo de droga, fumando e dançando aqui em cima. Com muita paciência, nós negociamos, e a Polícia Militar, com a Polícia Legislativa, veio à Casa e recompôs a ordem para aquele momento", disse Lira na sessão de terça-feira.
No mesmo dia, Talíria Petrone reagiu à fala: "É lamentável que ele chame os rituais que são parte das culturas indígenas - do alto do seu racismo ele não deve conhecer de uso de drogas - de dança sei-lá-o-quê", respondeu. "Lamentavelmente, ouvimos palavras de cunho racista proferidas na Presidência da Câmara".