Covid-19: Ex-deputado Beto Accioly é investigado pela PF
Pré-candidato a prefeitura de Jaboatão, Accioly teria, em 2018, funcionários de empresa de fachada trabalhando em seu gabinete
O ex-deputado e ex-assessor do prefeito Geraldo Julio (PSB), Beto Accioly (PP), é um dos alvos da operação Casa de Papel, deflagrada pela Polícia Federal, nesta terça-feira (16). Alocado na Assembeia Legislativa de Pernambuco (Alepe) até o fim do seu mandato, em 2019, o parlamentar teria - trabalhando em seu gabinete - dois funcionários da AJS Comércio e Representação LTDA, empresa alvo de investigações envolvendo materiais de saúde que deveriam ter sido adquiridos para o enfrentamento da Covid-19. Os contratos somam quase R$ 9 milhões.
Em parceria com a Controladoria-Geral da União, a PF investiga a contratação, sem licitação, da empresa por algumas prefeituras pernambucanas para a produção de materiais de saúde. Accioly seria um dos elos com ligação direta com o suposto líder de uma organização criminosa, Sebastião Figueroa de Siqueira, que usava um conglomerado de gráficas de fachada para o desvio das verbas. Entre 2018 e 2019, o ex-deputado teria trabalhando em seu gabinete os dois únicos funcionários registrados na empresa de fachada AJS.
De acordo com a delegada de Combate a Corrupção, Andréia Pinho. “Os funcionários da AJS, que é uma empresa que pertence de fato a ele [Sebastião], exerceram cargos comissionados no gabinete do ex-deputado Beto Accioly. Além disso nós detectamos também uma transferência que foi feita por este senhor, Sebastião, para uma outra funcionária do Beto Accioly”. Segundo a delegada, “a princípio, ele é o vínculo em todas as empresas”.
A Polícia Federal cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa do ex-deputado nesta terça-feira. As investigações apontam o envolvimento de prefeituras de seis municípios estaduais, em compras envolvendo empresas em nome de laranjas, sendo eles Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Paulista e Primavera.
Respostas:
O ex-deputado comentou a operação por meio de nota oficial. Confira:
Venho a público esclarecer que a ação realizada pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira na minha residência não possui qualquer relação com atos praticados por mim. O que existe é uma investigação em curso que apura suspeita de contratações superfaturas realizadas pelas prefeituras do Recife, Olinda, Paulista e Cabo de Santo Agostinho.
Cabe destacar que não possuo qualquer relação com a empresa nem com as prefeituras investigadas. Em 14 anos de vida pública, meu trabalho sempre se pautou pela responsabilidade e respeito ao erário público.
Manifesto total respeito e confiança no trabalho das autoridades competentes para esclarecimento dos fatos, que é de total interesse meu e de toda a população.
Lamento que adversários políticos explorem o fato inventando mentiras descabidas, distorcendo a realidade para me atingir com o único propósito de afetar minha reputação às vésperas da eleição e prejudicar a pré-candidatura a prefeito de Camaragibe.
Beto Accioly, ex-deputado estadual
A prefeitura de Jaboatão também esclareceu, por meio de nota, não ter sido alvo da operação. Confira:
Nota de Informação
A Prefeitura do Jaboatão dos Guararapes informa que não foi alvo de qualquer ação da Polícia Federal relacionada à Operação Casa de Papel. Em 23 de março, a Secretaria de Educação adquiriu máscaras de proteção para os servidores que trabalham na distribuição de kits de alimentos para os alunos. A compra para pronta-entrega foi realizada por cotação em virtude do pequeno valor de R$ 15 mil. Todas as informações constam no Portal da Transparência.
Assessoria de Imprensa da Prefeitura do Jaboatão dos Guararapes