Armando acredita em um novo cenário sem Eduardo Campos
“Já não há mais o ex-governador, que era uma figura muito grande e poderosa presença no cenário político de Pernambuco”, disse o senador pernambucano
Na primeira parte da entrevista concedida ao LeiaJá, o senador Armando Monteiro Neto (PTB) expressou sua “disposição” em ser o candidato a governador do grupo “Pernambuco Quer Mudar”, criado para fazer oposição ao governo Paulo Câmara (PSB), no pleito de outubro. No segundo momento da conversa, o petebista falou especificamente sobre o governador de Pernambuco com críticas intensas garantindo que ele "não estava preparado" para comandar o estado. No entanto, ele disse ter consciência da derrota, em 2014, quando disputou o cargo com o pessebista. “Ele ganhou e eu perdi e quem perde tem que reconhecer que perdeu”, declarou.
Apesar do tom de humildade, Armando argumentou que um motivo contribuiu em muito para que fosse derrotado: o ex-governador Eduardo Campos. “Já não há mais o ex-governador, que era uma figura muito grande e poderosa presença no cenário político de Pernambuco. Os pernambucanos sabem que o clima da eleição passada foi marcada por uma grande comoção que se abateu no estado com a morte de Eduardo. Foi uma espécie de divisor de água na campanha, que tinha um desenho até o episódio da morte de Eduardo e tomou outro rumo a partir da morte dele. Houve uma forte comoção e o voto adquiriu caráter de homenagem ao governador. Mas, eu nunca disse nem direi que a eleição não foi legítima. Isso não retira da eleição a sua legitimidade e o fato de que o governador Paulo Câmara ganhou a eleição”.
“Veja que até na disputa presidencial Marina ganhou de Dilma, no primeiro turno, aqui. E Marina não tinha em Pernambuco um maior enraizamento, então porque ela ganhou? Porque ela foi a pessoa que substituiu o governador Eduardo na chapa e aí os pernambucanos fizeram uma homenagem que também se expressou na vitória de Marina. Foi curioso porque, no segundo turno, o senador Aécio pensou que ia ter os votos de Marina e não teve. Ou seja, os votos tiveram caráter de homenagem à figura de Eduardo campos, a eleição foi por assim dizer influenciada por essa comoção e por esse sentimento de luto que se expressou no momento”, relembrou o senador pernambucano.
Armando Monteiro também falou que o cenário é diferente porque, na eleição de 2014, Paulo Câmara era apenas “uma promessa” e que na disputa deste ano o povo já experimentou o seu governo. “De forma que ele já não pode dizer que está aprendendo. Ele não pode pedir uma nova oportunidade porque o pernambucano vai julgar e se perguntar se ele merece uma nova oportunidade e se está altura desse desafio”.
As críticas do senador para o pessebista não foram poucas. Armando chegou a ressaltar que tinha “absoluta convicção” de que Paulo Câmara não correspondeu a expectativa da população. Citou a falta de priorizar as obras corretas em um ambiente de crise. “Pernambuco perdeu a voz e força no cenário nacional”, afirmou.
Ele ainda disse acreditar que as posturas do governador foram ambíguas e que falta liderança no governo. “Liderança não se cria, não se transfere, não se inventa. Liderança corresponde a um conjunto de atributos que você vai, ao longo da vida, desenvolvendo e me parece e essa é a percepção da maioria dos pernambucanos: a de que o governador não estava preparado, não tinha uma trajetória que lhe oferecesse um lastro político que pudesse, por exemplo, garantir uma posição de liderança”, alfinetou.
“Muitas promessas que foram feitas ao longo da campanha não foram cumpridas como o tratamento dado aos servidores públicos. Prometeu dobrar o salário dos professores, isso está registrado. Quantas promessas de hospitais novos? E o que se assiste é que essas promessas não forma cumpridas. Todas as pesquisas confirmam uma desaprovação majoritária do governo”, continuou criticando.
Apesar de todo balanço feito por Armando, o parlamentar salientou que ninguém pode antecipar o resultado da eleição. “A esta altura eu não sei nem se serei eu o candidato das oposições. Agora, o que eu posso dizer é que eu estarei do lado da oposição ajudando ao que venha a ser escolhido para que a gente possa oferecer a Pernambuco um novo caminho, uma nova proposta já que há um ciclo, a meu ver, de 12 anos de um mesmo grupo que eu acho que vai se esgotando”, concluiu.