Temos delatores presos e delatados soltos, diz dono da JBS

Wesley Batista está sendo inquirido pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a JBS, ele disse que não está arrependido de ter firmado o acordo com a justiça, mas descobriu que 'o processo é imprevisível e inseguro'

por Giselly Santos qua, 08/11/2017 - 09:46
Luis Macedo/Câmara dos Deputados Wesley Batista (centro) negou ter descumprido as cláusulas do acordo de colaboração premiada Luis Macedo/Câmara dos Deputados

O empresário Wesley Batista, um dos donos da JBS, negou, nesta quarta-feira (8), ter descumprido as cláusulas do acordo de colaboração premiada que firmou com o Ministério Público para as investigações da Lava Jato. Ele está sendo ouvido pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a JBS e se disse injustiçado por estar preso enquanto as pessoas que delatou estão soltas.

“Estamos vendo colaboradores sendo punidos e perseguidos pelas verdades que disseram. Isso fez o Brasil se olhar no espelho, mas como ele não gostou do que viu, temos delatores presos e delatados soltos”, declarou. Batista falou também que não vai responder perguntas de deputados e senadores. “Mas tão logo seja resolvida a pendência relativa à minha colaboração, me coloco à disposição para dar as informações necessárias”, disse.

O irmão de Joesley Batista pontuou ainda que não está arrependido de ter firmado o acordo com a justiça e descreveu o processo de delação como uma decisão “difícil e solitária” e classificou a reviravolta dos benefícios que obteve com a colaboração como um “retrocesso”. “Na condição que me encontro, descobri que o processo é imprevisível e inseguro”, julgou.

Os irmãos Batista estão presos, suspeitos de usar informações privilegiadas para obter lucro com compra de dólares e venda de ações da própria JBS antes da divulgação do acordo de colaboração que fizeram com o Ministério Público. Caso sejam confirmadas as suspeitas eles podem perder os benefícios do acordo. 

O presidente da CPMI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), avisou que os parlamentares vão fazer as perguntas que quiserem, mesmo com a recusa de Batista de responder.

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