Grito dos Excluídos ganha as ruas do Recife pelo 23º ano
O atual cenário da política nacional é ressaltado nas palavras gritadas e cartazes
Desde 1995, o Grito dos Excluídos transformou o dia 7 de setembro – quando historicamente se celebra a Independência do Brasil – na data para movimentos sociais, entidades religiosas e sindicatos irem às ruas pedir por igualdade dos direitos e justiça social. No Recife, na manhã desta quinta-feira (7), grupos que compõem a Arquidiocese de Olinda e Recife, além de movimentos, partidos e políticos se mobilizam em caminhada pelas Avenidas Governador Carlos de Lima Cavalcanti, Conde da Boa Vista e Guararapes. Este ano, o lema da marcha é "Por direito e democracia, a luta é de todo dia”.
Concentrado desde as 9h na Praça do Derby, o ato ganhou as ruas por volta das 11h05. Vestidos predominantemente de vermelho, os participantes exibem cartazes pedindo a manutenção de direitos e cruzes com o simbolismo mais religioso. Nelas são exibidas frases como "nenhum trabalhador sem direitos". Dois pequenos trios elétricos acompanham a caminhada. Por conta da passeata, o trânsito do centro da capital pernambucana está interrompido.
A importância de participar do Grito dos Excluídos diante de um cenário nacional é frisada pelo secretário regional das Cáritas Brasileira, Angelo Zanré. “Esse é um momento em que se reúnem todas as categorias excluídas em um mesmo espaço e a Cáritas está junto a essas pessoas somando e buscando a reativação dos direitos que foram suprimidos por este governo”.
Para a psicóloga Verônica Mafra, a ocasião tem grande valor diante do panorama atual do Brasil. “Mais do que nunca pela questão dos retrocessos que estamos vivenciando, em relação à garantia dos diretos. É um combate à velha ‘Casa Grande e Senzala’ que vigora até hoje e organiza uma sociedade altamente injusta e desigual”. Diante disso, entre um discurso e outro, grupos entoam um pedido de "Fora Temer", afinal, além das pautas sociais, o Grito no Recife também é influenciado por pautas políticas.
Durante a marcha, também foi possível perceber a presença de diversas representações de crenças religiosas. Além de grupos católicos, evangélicos e espirítas também defendiam a luta por direitos. "Aqui é a união de todas as religiões para lutar pelos direitos dos excluídos, dos moradores de rua e dos pobres. Não podemos cruzar os braços diante do que vemos no nossa país. Temos que lutar e ir às ruas", declarou a franciscana Irmã Valneide.
Já entre os políticos que participaram da caminhada, estavam a deputada estadual Teresa Leitão (PT), o presidente estadual do PT, Bruno Ribeiro, e o vereador do Recife, Ivan Moraes (PSOL). "Tradicionalmente o Grito reúne várias vertentes políticas e sociais. Hoje o Grito é para que não percamos mais direitos. Não é admissível. Estamos numa conjuntura que tiram direitos todos os dias. As pessoas que militam não podem perder a esperança com a mobilização", observou Moraes.
"Um grito ainda mais forte. Estamos há um ano de muita exclusão. De um povo que foi destituído do seu direito principal, o de ter no governo alguém escolhido pelo voto. É um grito mais forte e indignado", corroborou Ribeiro.
O percuso do Grito dos Excluídos no Recife encerrou na Praça da Independência. A disperção iniciou por volta das 12h45.
*Com informações de Giselly Santos