Senadores cobram transparência em decisão sobre a Hemobrás
A postura dos senadores Armando Monteiro (PTB) e Humberto Costa (PT) foram expostas durante uma audiência pública na Alepe
O possível esvaziamento da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) instalada em Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, foi questionado, nesta segunda-feira (7), pelos senadores Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro (PTB), durante uma audiência pública para discutir o assunto na Assembleia Legislativa (Alepe).
Após ouvir os argumentos do Ministério da Saúde, representado pelo coordenador de Hemoderivados da pasta Flávio Vormitag, de que a situação financeira da empresa no estado, a falta de conclusão das obras e uma possível redução no fracionamento da produção do fator recombinante VIII seriam os principais motivos para a instalação de um novo braço da Hemobrás em Maringá, no Paraná, os parlamentares apontaram que a decisão do ministro da Saúde, Ricardo Barros, era política e não pensava no desenvolvimento das atividades do país em relação aos produtos do sangue. A transferência da tecnologia para a fábrica do Paraná seria feita pela empresa Baxter Internacional, parceira da Shire.
“Como o Ministério da Saúde é o único comprador e tem um peso extraordinário nesta decisão é fundamental que este processo tenha transparência e você defina, antes de vincular empresas na proposta, o modelo, ou seja, que propósitos devem ser atendidos e como a empresa eventualmente interessada pode orientar a proposta dela”, pontuou Armando, lembrando que a instalação de uma nova unidade no Paraná prejudica o principal meio de produção da fábrica pernambucana, que é o recombinante VIII.
“Vamos explicitar essas condições de forma clara e aí aparecerão as propostas. Porque ela [a empresa] não faz a planta de recombinantes em Pernambuco? Porque ela só pode ser feita no Paraná? Esta proposta vai exigir uma decisão de caráter político e estratégico. Não permitiremos o esvaziamento do polo farmacoquímico. Se a Hemobrás não agregar a produção do fator recombinante ele terá a sua economia prejudicada”, acrescentou.
O senador Humberto Costa, que era ministro da Saúde quando a empresa veio para Pernambuco, disse que é preciso verificar a legislação para averiguar se haverá a necessidade de judicializar o processo. “É preciso saber se pela lei do sangue é permitido que uma empresa multinacional seja gestora de uma empresa que produz produtos do sangue por tecnologia. Pois se há algum problema nos PDP's [ Parceria de Desenvolvimento Produtivo] que foram feitos é necessário que possamos fazer uma revisão sobre eles e não simplesmente ignorá-los. E porque isso exige que a fábrica saia daqui? Até uma nova PDP poderia ser feita aqui em Pernambuco”, frisou.
Sob a ótica do petista, esta discussão está sendo “mal conduzida” pelo ministro Ricardo Barros. “Para terminar esta fábrica são R$ 600 milhões, mas o tanto de recursos que estão indo para outros campos. E nós também podemos apresentar emendas que cheguem a este valor. A não ser que [a instalação no Paraná] seja por um pensamento político mesquinho”, bradou.