Temer e aliados cobram apoio do PT ao ajuste fiscal
Governo precisa aprovar no Senado esta semana as Medidas Provisórias 664 e 665, que propõem alterações nas concessões de benefícios trabalhistas e previdenciários
O vice-presidente da República, Michel Temer, e os ministros que representam partidos da base aliada vão cobrar da presidente Dilma Rousseff, na reunião de coordenação política desta segunda-feira (25), uma posição do governo em relação à postura do PT nas votações no Senado, esta semana.
Depois de nova rebeldia no PT, desta vez do senador Lindbergh Faria (RJ), que assinou manifesto contra as medidas de ajuste e o corte proposto pela equipe econômica, na semana passada, Temer receia não conseguir convencer os aliados a votar pelas medidas de ajuste fiscal, no Senado, enquanto o PT se comporta como "bonzinho", deixando todos os ônus das medidas impopulares para o PMDB e demais partidos da base.
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que sexta-feira deixou clara sua irritação com os termos do ajuste, ao não comparecer ao anúncio do corte do Orçamento, por ser menor do que ele queria, estará na reunião.
Já estão no Palácio do Planalto para a reunião os ministros de Minas e Energia, Eduardo Braga; da Aviação Civil, Eliseu Padilha; da Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo; da Casa Civil, Aloizio Mercadante; das Cidades, Gilberto Kassab; e da Previdência Social, Carlos Gabas; da Justiça, José Eduardo Cardozo; das Comunicações, Ricardo Berzoini; da Secretaria-Geral, Miguel Rossetto; e da Comunicação Social, Edinho Silva. Também já estão no local os líderes do governo no Congresso, José Pimentel; do PT na Câmara, José Guimarães; e do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MT).
Na reunião, Temer quer cobrar de Dilma qual o caminho deve ser seguido pelo governo no caso das votações, já que considera "absurdo" o posicionamento do senador Lindbergh, que repetiu exemplo do deputado Carlos Zaratini (PT-SP) na Câmara, que levou à derrota do governo na Medida Provisória 664, que aprovou a alteração do fator previdenciário.
"O cheiro é de derrota quando o PT faz estas coisas", disse um interlocutor de Temer, ao lembrar que a postura de Zaratini desarticulou tudo na Câmara e que, agora, Lindbergh repete o gesto no Senado, com mais pompa. Lembra ainda o agravante de que, no governo, o que se ouve é que não há o que fazer contra Lindbergh porque ele estaria agindo assim "por sobrevivência política", depois de ter seu nome citado na Operação Lava Jato. Este interlocutor avisa que "quem não vai sobreviver é o governo por inteiro se essas dissidências gritantes continuarem".
Desde quinta-feira, Temer e os peemedebistas ficaram irritados com a postura de Lindbergh. O vice-presidente não gostou também de não ter sido chamado para a reunião realizada na Granja do Torto, na sexta-feira, na qual estavam presentes o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e vários ministros petistas.
Esse ato, lembrou um assessor, repete o que ocorreu logo que foi criado o núcleo político do governo, quando uma grande reunião petista foi realizada no Palácio da Alvorada só com ministros petistas. Na de sexta-feira, a questão das votações da semana e os problemas enfrentados no Congresso também foram discutidos. Temer quer saber se o PT seguirá apoiando o ajuste fiscal ou se isso terá "de ficar nas costas só da base aliada", o que classifica como "inadmissível".
O governo precisa aprovar no Senado esta semana as Medidas Provisórias 664 e 665, que propõem alterações nas concessões de benefícios trabalhistas e previdenciários. As duas MPs integram o ajuste fiscal.