Saída de Temer deixa o PMDB mais confortável, diz deputado

Peemedebistas relacionam a decisão do vice-presidente com a missão à da coordenação política do governo Dilma

por Élida Maria qui, 09/04/2015 - 19:15
João Bita/Alepe André Ferreira defendeu o nome de Jarbas para assumir à presidência do partido João Bita/Alepe

O anúncio de saída da presidência nacional do PMDB, divulgada nesta quinta-feira (9) pelo vice-presidente da República, Michel Temer, foi avaliado por peemedebistas. Em entrevista ao Portal LeiaJá, o prefeito de Petrolina, Julio Lossio (PMDB) relacionou a decisão com a missão dada pela presidente Dilma Rousseff (PT) ao vice, que assumiu a coordenação política de seu governo. Já na visão do deputado estadual André Ferreira (PMDB-PE), a postura do ex-presidente do PMDB é uma estratégia para deixar o partido mais confortável. 

“Vejo que o presidente recebeu missão para ajudar o governo e o país”, analisou Lossio. “É uma visão muito pessoal dele. Ele trabalha muito pelo partido. Agora ele pensou muito no crescimento do país e tem um trabalho muito forte dentro do partido”, elogiou Ferreira.

Questionado se Temer sofreu pressões do PMDB para deixar a liderança da agremiação e deixar o partido com maior autonomia, Julio Lossio negou a possibilidade e reforçou a experiência do vice-presidente. “Penso que não. O presidente Michel é um político experiente, acostumado com pressões políticas”, analisou o prefeito. 

Já para o deputado André Ferreira a decisão é uma estratégia que buscou trazer mais autonomia para sigla. “A gente sabe que ele como presidente do partido, o presidente da Casa (Eduardo Cunha) ficaria numa situação muito difícil por ser contra a algumas coisas do próprio Palácio. Deve ter sido estratégia, pois deixa os parlamentares muito mais confortáveis no Congresso”, considerou o peemedebista. 

Reforçando a ideia anterior, o parlamentar relacionou a saída da presidência diretamente com a atuação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB). “Com essa decisão o Eduardo Cunha fica mais a vontade de fazer o que está fazendo, porque é muito difícil um deputado feito Eduardo Cunha, que teve apoio de Temer, e agora, assumindo essa coordenação e assumindo o partido ficaria muito difícil de tomar decisões”, alegou. 

Com o nome citado nos bastidores da política, o senador Raul Raupp (RO), mencionado na investigação da Operação Lava Jato, deveria ser uma possibilidade para assumir o lugar de Temer. “Bom nome. Conhece bem o partido e seus filiados. Além de ter bom trânsito no parlamento”, elogiou Lossio, assim como também enalteceu Ferreira. “Valdir é muito habilidoso. Mas faria muito mais ao lado do Temer, nesta linha. Mas ele é um político elegante e sempre foi muito bom com os parlamentares, de boa conversa. É um grande nome e seria para o Temer a linha que mais agradasse a ele”, acrescentou o parlamentar.

Apesar dos elogios a Raupp, André Ferreira deixou claro que sua escolha seria outro líder do PMDB. “O PMDB tem grande nomes. Se fosse para mim, eu escolheria Jarbas, mas como o PMDB é um partido com muito caciques (...) Também tem o Pedro Simon. Mas pela história que Jarbas tem dentro do PMDB e pela representação dele não só Pernambuco, mas também em todo o PMDB vejo com muita correlação”, sugeriu, apontando que o deputado federal teria uma atuação divergente de Valdir Raupp. “Ele levaria o PMDB para a sua independência, mas com certeza teria habilidade para falar com os dois setores (quem apoia e que é opositor ao governo)”, acredita.

De acordo com o parlamentar a atuação do PMDB não pode está presa ao da presidente, por isso, defendeu Jarbas na presidência. “A pauta do PMDB não é  pauta da presidente. Eduardo Cunha está tentando tocar projetos importantes e com certeza a agenda do Congresso não será a agenda dela. Para esse momento, Jarbas seria muito importante para a independência do partido”, justificou. Analisando também a divergência de opiniões dentro do partido, o prefeito Julio Lossio disse que esta postura vem desde o surgimento da sigla. “O PMDB desse sua criação é um partido heterogêneo. A divisão de opiniões e posições é parte DNA do partido”, pontuou Lossio. 

 

 

 

 

 

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