Insatisfeitos, eleitores pedem impeachment de Dilma
Manifestação no Recife reuniu 8 mil pessoas, de acordo com a Polícia Militar
Milhares de pernambucanos foram a Orla de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, neste domingo (15), pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Vestidos de verde e amarelo, os rostos pintados e com apitos, os manifestantes iniciaram a passeata por volta das 10h. De acordo com a Polícia Militar, a estimativa é de que entre 8 mil pessoas participaram do ato.
Entre as principais ações dos que protestavam, a entonação do Hino Nacional foi o que marcou a participação popular. Além disso, os coros de “fora Dilma” e “fora PT” eram os mais ouvidos. Bem como vaias à petista. Conhecido como hino de oposição a Ditadura Militar, a música “Para não dizer que não te falei de flores”, de Geraldo Vandré, também esteve entre as mais cantadas.
Um dos movimentos que integravam a manifestação foi o Vem Pra Rua, iniciado em junho de 2013. Como forma de protesto pelos casos de corrupção na Petrobras, investigados pela Polícia Federal, eles levaram à rua um boneco gigante do juiz Sérgio Moro, responsável pelo caso. "Nosso protesto hoje é contra a corrupção e pela apuração dos crimes da Lava Jato, com punição dos culpados, independente de partido", afirmou um dos integrantes do movimento que preferiu não se identificar.
Para captar recursos para os movimentos, os grupos vendiam camisas e adereços para os que participavam do ato. Uma delas dizia “Basta” e tinha uma mão com quatro dedos, em alusão o ex-presidente Lula (PT).
Para o organizador da manifestação, o estudante de história Diego Lagedo, a adesão foi mais do que esperada. "Nos sentimos muito satisfeitos. O pessoal veio à rua mostrar que está insatisfeito com esse governo. O povo está mobilizado. E a gente só vai parar quando o Congresso colocar Dilma para fora", disparou. Questionado se eles também pregavam o retorno da intervenção militar, Lagedo negou. "Nós não concordamos, pois somos um movimento legalista e que acredita no Estado de Direito", alertou o organizador.
Apesar do apartidarismo, alguns parlamentares se fizeram presente no ato. O deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB) foi um deles. Para o peemedebista, a mobilização é o início do processo de impeachment da presidente Dilma que deve “vir de fora para dentro do Congresso”. “O impeachment dentro do Congresso vai ser um ato político. Collor saiu porque o impeachment veio da rua, a voz da rua, e eu vim apoiar, eu vim dar a minha manifestação de solidariedade”, alegou.
O presidente do PSDB no Recife, André Régis; o deputado federal Raul Jungmann (PPS) e a presidente da Junta Comercial de Pernambuco, Terezinha Nunes (PSDB), também integraram a manifestação.
Engajamento da juventude
Entre os que participavam da passeata podiam-se ver muitos jovens, alguns deles, inclusive, também foram às ruas em junho de 2013 pedir pela reforma política. “Naquele ano muitas pessoas não sabiam o que pedir. Hoje não, estamos aqui por uma única voz: corrupção está fora do normal. É só o começo, vamos seguir pedindo a saída da presidente e o fim da corrupção”, destrinchou o advogado Marconi Parci.
Corroborando Parci, a estudante de engenharia Romina Rafaela, de 21 anos, destacou que os brasileiros não aguentam mais ser explorados. “Eu vim pedir um basta, de uma forma mais profunda do que em 2013. A gente não aguenta mais os brasileiros sendo tão explorados, tanta corrupção e todo o dinheiro dos impostos indo para os políticos”, observou a jovem.
Muitos dos que manifestavam se diziam apartidários e inspirados em Olavo de Carvalho, considerado um dos articulistas de direita do Brasil em atividade. Para eles o “tempo do PT passou” e “Dilma precisa ser investigada”.
Novas manifestações
Além do ato deste domingo (15), outras mobilizações pró-impeachment de Dilma já estão sendo organizadas. A expectativa inicial é de que aconteçam nos dias 15 de maio e 15 de junho.
De acordo com o organizador do evento no Recife, Diogo Lagedo, as datas serão definidas pela Mobilização Nacional. “Vamos voltar às ruas sim. Este foi só o primeiro ato. Vamos ver as datas que a Mobilização vai convocar. Quantas vezes eles convocarem, iremos às ruas", prometeu.