Vítimas fatais da Covid ainda podem transmitir a doença

Com mais de um ano da pandemia, Pernambuco determina que os mortos sejam transferidos para urnas funerárias após dois anos do sepultamento

por Victor Gouveia sex, 30/04/2021 - 12:59
Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo A possibilidade de contágio seria através do contato com sangue, saliva ou fluídos corporais dos cadáver Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo

Nos aproximamos dos 14 meses da pandemia em Pernambuco e uma dúvida em relação aos 13.967 mil mortos pelo vírus ainda gera receio. O prazo para transferência dos corpos se esgota e as consequências de desenterrar tantas vítimas da infecção susta. Por outro lado, o colapso do sistema funerário obriga a desocupação das covas para novos falecidos.

Antes mesmo da crise sanitária, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) já indicava que os corpos fossem exumados e colocados em urnas dois anos após o sepultamento. A retirada dos mortos pelo vírus pode até criar certo temor pelo medo de uma nova demanda de reinfecções, mas o biomédico Pablo Gualberto ressalta que é praticamente impossível os corpos contaminarem novas pessoas.

"O vírus obrigatoriamente para sobreviver, ele precisa de uma célula viva para poder se replicar. Se ele não tiver uma célula, ele sobrevive por muito pouco tempo", explica. O especialista acrescenta que a falta de oxigênio faz com que a célula não consiga produzir energia, logo, sua sobrevivência "é coisa de minutos ou no máximo uma hora".

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Pablo indica que a transmissão da Covid-19 é muito rápida, tanto que ocorre principalmente quando expelimos gotículas na fala. Já a chance de contágio por meio de contato em superfícies e objetos, como o próprio caixão, é ainda menor. "Quando você coloca isso para dentro de uma realidade em casa, em que você tá sempre limpando ou que tem incidência de luz solar, isso já cai bastante, a sobrevivência desse vírus em si", pontua.

Mesmo assim, coveiros e funcionários das funerárias devem ficar atentos ao manejo dos corpos e seus fluídos, que ainda podem transmitir a doença por apenas alguns dias. "No cadáver a gente pode ter fluidos, por exemplo, saliva, secreções e até o próprio sangue. Esses fluidos sim podem levar risco. Por isso os enterros são isolados”, complementa.

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