Bolsas da Europa fecham em baixa, com tensão em países
Em Milão, o FTSE-MIB recuou 0,06%, a 21.784,18 pontos
As bolsas europeias chegaram a avançar mais cedo, porém fecharam, na maioria, em território negativo nesta quinta-feira, 31, pressionadas após os Estados Unidos anunciarem que levarão adiante tarifas à importação de aço e alumínio dos países da União Europeia, do Canadá e do México.
Além disso, foram monitoradas as crises políticas na Itália e na Espanha, enquanto em Frankfurt a queda foi mais acentuada, de olho em notícias vindas dos EUA.
O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em baixa de 0,63%, em 383,06 pontos.
O secretário de Comércio americano, Wilbur Ross, anunciou nesta quinta, quando o pregão europeu estava em funcionamento, que os EUA imporão as tarifas à importação de aço e alumínio a partir desta sexta-feira (dia 1º). Houve uma negociação prolongada com os países do bloco europeu, mas o governo do presidente Donald Trump não ficou satisfeito e levou adiante a ameaça.
A UE foi rápida em responder e anunciou uma retaliação, afirmando ainda que as medidas de Washington são "protecionismo puro e simples" e que recorrerá na Organização Mundial de Comércio (OMC).
As ameaças para o comércio global pioraram o quadro nas praças europeias. O cenário, porém, já era misto, com investidores temerosos sobre os desdobramentos do quadro político na Itália e na Espanha. No caso italiano, os partidos Movimento 5 Estrelas e Liga tentam fechar uma coalizão, evitando assim novas eleições, mas analistas temem que o próximo governo tenha uma plataforma populista, afastando-se dos parceiros da UE.
Na Espanha, por sua vez, o premiê Mariano Rajoy enfrenta nesta sexta-feira uma moção de censura. Após os nacionalistas bascos dizerem que pretendem apoiar a queda do primeiro-ministro, a situação de Rajoy é difícil e a imprensa local vê como clara a possibilidade de que ele seja derrotado.
O Partido Popular, do premiê, foi condenado na semana passada em um grande caso de corrupção, o que elevou a pressão sobre Rajoy. Caso ele caia, deve ser substituído por Petro Sánchez, secretário-geral do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), hoje na oposição.
Na Bolsa de Londres, o índice FTSE-100 fechou em queda de 0,15%, em 7.678,20 pontos. Entre os papéis mais negociados, Lloyds caiu 1,54%, mas Cobham teve alta de 2,30%. A petroleira BP subiu 0,49%, enquanto Barclays cedeu 0,97%.
Em Frankfurt, o DAX recuou 1,40%, a 12.604,89 pontos. Nesse caso, duas outras notícias também influíram. O setor automobilístico ficou pressionado por notícias de que os EUA poderiam fechar mais seu mercado para montadoras alemãs. Com isso, o papel da Daimler caiu 1,89% e o da BMW, 0,95%.
Além disso, Deutsche Bank teve queda de 7,15%, após vir a público que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) designou há cerca de um ano a filial do banco alemão nos EUA como em "condição problemática", o que levou a restrições para suas atividades em solo americano.
Na Bolsa de Paris, o índice CAC-40 fechou em baixa de 0,53%, em 5.398,40 pontos. Entre os bancos franceses, Société Générale caiu 1,65% e BNP Paribas teve baixa de 2,18%. Por outro lado, a petroleira Total subiu 0,29%.
Em Milão, o FTSE-MIB recuou 0,06%, a 21.784,18 pontos. Telecom Italia caiu 2,05% e Intesa Sanpaolo recuou 0,26%, mas Banca Carige avançou 4,00%. UniCredit recuou 0,25% e Enel, 1,03%, enquanto Fiat subiu 2,05%.
O índice IBEX-35, da Bolsa de Madri, teve baixa de 1,05%, a 9.465,50 pontos. BBVA caiu 1,30%, Sabadell perdeu 3,49% e Santander, 1,58%, no setor bancário espanhol. Iberdrola tampouco se saiu bem, em queda de 1,65%.
Já na Bolsa de Lisboa, o índice PSI-20 foi na contramão dos demais e subiu 0,46%, a 5.468,67 pontos. Altri avançou 4,36% e Banco Comercial Português teve ganho de 1,87%, enquanto Galp subiu 0,73%. (Com informações da Dow Jones Newswires)