Dor de cabeça assombra 13 milhões de brasileiros
No Dia Nacional do Combate à Cefaleia, neurologista alerta que sintoma pode ser indicador de enxaqueca ou até de doenças graves, como tumores e aneurisma. Em Belém, até o calor pode causar mal-estar.
O 19 de maio é o Dia Nacional de Combate à Cefaleia. “A cefaleia é um termo técnico que a gente usa para falar das dores de cabeça de modo geral”, afirma o neurologista José Claudio Rodrigues. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia, 13 milhões de brasileiros apresentam dores de cabeça diariamente; cerca de 60% dos homens e 75% das mulheres por pelo menos uma vez por mês.
Esse sintoma é muito comum na população e pode ser causado por fatores que vão dos mais comuns, como a tensional e a enxaqueca, até os incomuns, como doenças neurológicas de que a maioria das pessoas nunca ouviu falar. A cefaleia pode ser indicadora de várias doenças, como a enxaqueca, causas emocionais, genética, distúrbios alimentares ou doenças mais sérias como tumores e aneurisma, explicou José Claudio. Apesar do enorme impacto que a cefaleia tem sobre a vida da população, apenas uma minoria é diagnosticada corretamente e recebe tratamento apropriado.
Segundo a Sociedade Internacional de Cefaleia, existem mais de 150 diferentes tipos de dor de cabeça e, segundo estudo feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS), as dores de cabeça afetam até 75% de adultos nas faixas etárias entre 18 e 65 anos. Thomas Rodrigues, de 21 anos, diz que sente dor de cabeça frequentemente e que já procurou ajuda médica. “Eles sempre recomendam evitar ficar exposto ao sol, forçar a vista, porque pode ser um problema ocular. Se cuidar bastante, porque Belém é uma cidade de clima quente que chove e pode ocasionar um choque térmico”, disse. “Às vezes isso atrapalha meu desenvolvimento, em momentos de aula dá vontade de desistir e ir embora”, continuou.
Pesquisa realizada pelo neurologista Luiz Paulo Queiroz revelou que os Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste registram a maioria dos casos de cefaleia. Foram entrevistadas 3.848 pessoas de todo o País.
A aluna de arquitetura Janaína Andrade disse que como trabalha na frente do computador, sente dores de cabeça e acaba tendo o seu rendimento comprometido. “Eu não gosto muito de tomar remédio. Aguento a dor durante 4 ou 5 horas. Geralmente sinto no final do meu dia, mas não é sempre”, afirmou.
O neurologista José Claudio conta que a cefaleia está entre as maiores queixas de pacientes que chegam ao seu consultório e que é uma causa frequente, do ponto de vista social, de tirar pessoas do trabalho. “Quando você tem uma cefaleia abrupta, aquela que nunca teve antes e, de repente, aparece, pode ser sinal de uma doença grave como aneurisma ou, até mesmo, um derrame. Então, nesses casos de dores muito fortes, deve-se procurar um médico para saber. Existem também as cefaleias crônicas, que se tem com frequência. Você tem que se analisar.”
Pelo exame clínico é possível ver se a dor reflete um problema simples ou doença grave. Segundo o médico, existem pacientes que sentem dores de cabeça diárias e isso causa transtornos severos, como a perda de emprego e até divórcio. Porém, com o tratamento, as dores podem diminuir para apenas uma vez por mês ou a cada dois meses. “Isso já é um alívio para esse paciente que sofre. As enxaquecas não têm cura, mas tratamento”, concluiu o neurologista.