Fábio Porchat: 'fazer comédia é político'
Em entrevista, comediante defendeu o humor e a diferença entre piada e discurso de ódio
Fábio Porchat figura entre os maiores humoristas do Brasileiro, na atualidade. Sucesso na TV - com programas como Que história é essa, Porchat -, e no YouTube -, com o Porta dos Fundos -, o comediante não está, no entanto, livre da patrulha do politicamente correto e já sofreu perseguições por conta de suas piadas. Em entrevista, ele falou sobre o atual momento do humor no país e afirmou, categórico, que fazer comédia é um ato político.
Porchat fala sério quando o assunto é limite da comédia. Para ele, é possível rir de tudo, desde que não se incite o ódio nem se reforce preconceitos. “Não existe sagrado para o humor. O sagrado é sagrado, porque a partir do momento que a coisa fica sagrada, ela vira lei e fica intocável e vira um monstro que vai se voltar contra você. A gente precisa poder falar do que a gente quiser. Mais uma vez: Não é incitando o ódio, a violência, disseminando preconceito. Quando falo de religião e brinco com isso, não entro na igreja, abro a porta e impeço um padre de falar. Não fico rindo da cara do crente que está no culto dele. Não chuto a santa, não vou a um terreiro e prejudico. Isso é crime. Estou falando de rir, de brincar, de ter uma outra visão sobre o assunto. A gente tem que poder rir de tudo justamente para não fazer com que as coisas virem monstros”, disse em entrevista à revista Quem.
O humorista já enfrentou polêmicas e perseguições por conta de piadas, como a repercussão negativa de um episódio do Porta dos Fundos que retrata Jesus como homoessexual, que culminou com um ataque de bombas à produtora do grupo. Mas, para Fábio, a importância da comédia vai além do fazer rir. “Hoje em dia, fazer comédia é político. Foi fazendo comédia que jogaram duas bombas na minha produtora. Houve um atentado terrorista fazendo comédia. Comédia é um negócio sério, é tão sério que as pessoas se ofendem”.