No último artigo falamos de um lampejo de tendência de recuperação na confiança do consumidor recifense, mas, ao contrário do resultado apontado naquele artigo, a possibilidade de cenário negativo aumentou. No mês de junho tal indicador atingiu o patamar mais baixo já verificado na série, 57,8 pontos, frente à média histórica de 90,6 pontos.
Ao observar o indicador de forma mais ampla percebe-se que nos últimos anos a confiança se reduz período após período, conforme pode ser observado no gráfico abaixo:
O que explica esta queda?
Quando o ICC Recife do IPMN começou a ser mensurado no ano de 2010, o ciclo de crescimento recente da economia brasileira estava no seu ponto mais alto, renda crescendo, emprego em alta, consumo se elevando, havia um grande otimismo no Brasil e no mundo em relação à continuidade do crescimento Brasileiro.
Mas, ano após ano tais expectativas foram repetitivamente frustradas, por fatores do contexto internacional, bem como por velhas amarras ao crescimento brasileiro que historicamente tem limitado o crescimento após Plano Real.
O velho problema crescimento-inflação, não conseguimos crescer de forma sustentável, pois o crescimento do consumo pressiona os preços e o remédio para o controle de preços são medidas contracionistas (elevação de juros) que induzem o desaquecimento na economia.
Isto tem se repetido, pois velhos problemas não foram resolvidos a contento, tais como: elevação do investimento, desenvolvimento de uma política de estado voltada para a inovação, medidas que ampliem a produtividade, redução da burocracia, etc.
Estes fatos que podem não saltar aos olhos do consumidor comum, mas tem contribuído para este período de baixo crescimento e de queda nas expectativas.
Quais as implicações para a economia e para a vida dos indivíduos?
Uma das variáveis que mais tem contribuído para a queda do ICC é o menor otimismo em relação ao futuro da economia. A combinação de baixo crescimento e queda na confiança interfere diretamente na vida dos indivíduos. Pois o consumo das famílias é o principal componente do produto interno bruto, logo, quando a confiança cai os indivíduos mais receosos adiam planos de consumo ou reduzem a quantidade consumida, de forma que o crescimento da economia é comprometido.
O menor consumo levará a menos investimento e geração de empregos. Felizmente os efeitos desta combinação ainda não são sentidos, pelo nível de pleno emprego da economia, mas a persistência da combinação de queda nas expectativas e baixo crescimento tende a gerar desemprego e redução nos rendimentos no médio prazo.