Janguiê Diniz

Janguiê Diniz

O mundo em discussão

Perfil:   Mestre e Doutor em Direito, Fundador e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Ser Educacional, Presidente do Instituto Exito de Empreendedorismo

Os Blogs Parceiros e Colunistas do Portal LeiaJá.com são formados por autores convidados pelo domínio notável das mais diversas áreas de conhecimento. Todos as publicações são de inteira responsabilidade de seus autores, da mesma forma que os comentários feitos pelos internautas.

Atitudes racistas ainda são realidade

Janguiê Diniz, | ter, 25/02/2014 - 10:04
Compartilhar:

O jogador de futebol Tinga, do Cruzeiro, foi recentemente alvo de lamentáveis atitudes racistas pela torcida do Real Garcilaso, time do Peru, durante partida pela Copa Libertadores. É incompreensível casos como este em pleno 2014. No entanto, engana-se quem pensa que episódios do tipo são incomuns.

Em um outro episódio, uma australiana foi presa em Brasília suspeita de agredir e ofender duas funcionárias e uma cliente negras de um salão de beleza. Como se não bastasse, ela também é acusada de desacatar o policial militar, também negro, que a conduziu à delegacia e ofender o agente responsável por atender a ocorrência.

No Brasil, o crime de racismo é inafiançável e discutir o tema na sociedade é sempre um assunto controverso, já que uma parcela significativa da nossa população insiste em dizer que este é um problema que não enfrentamos. O fato é que, Gilberto Freyre, quando publicou Casa-Grande & Senzala, em 1933, não tinha muitos dados sociológicos sobre a população brasileira. Se tivesse acesso a pesquisas, como as realizadas hoje pelo IBGE, talvez sua teoria da democracia racial brasileira fosse um pouco diferente.

Somos miscigenados, multirraciais, coloridos. Nossa população é formada por uma mistura de raças e ainda assim, episódios racistas acontecem com frequência. Ao verificarmos as estatísticas, o racismo brasileiro, sustentado durante três séculos de escravidão, revela-se como uma verdade factual. Infelizmente, no Brasil ainda vive uma cultura de estereótipos e o negro acaba carregando o estigma de bandido e criminoso.

Voltando ao episódio Tinga, ele não foi o primeiro jogador brasileiro a passar pela discriminação. Em 2005, o atacante Grafite, que na época defendia o São Paulo, foi chamado de “macaco” pelo zagueiro argentino Desabato. Além dele, nomes como Roberto Carlos, Diego Maurício e Daniel Alves já sofreram constrangimentos. O regulamento disciplinar da Conmebol, responsável pela organização da Copa Libertadores, prevê inicialmente uma multa de US$ 3 mil ao clube cuja torcida fizer manifestações racistas. Mas, apenas isso ou fechar os portões dos estádios para as torcidas, não serão suficientes para extinguir episódios como esse, nem do futebol e nem das ruas.

Cientificamente, é comprovado que o racismo não tem nenhuma sustentação verificável. As raças não existem enquanto método classificatório, pois todos os homens estão sujeitos a diferenciações genéticas incapazes de determinar certas habilidades, valores, ou padrões de comportamento. Entretanto, muitas pessoas ainda insistem em denegrir determinados grupos por meio de concepções de natureza racista. Punir severamente o racismo, em todas as suas formas, cobrando uma postura rígida das autoridades, é asseverar que existe a igualdade. Trata-se de assegurar que as oportunidades são iguais e que elas não estão apenas nos papéis escritos.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

LeiaJá é um parceiro do Portal iG - Copyright. 2024. Todos os direitos reservados.

Carregando