Duas entrevistas recentes publicadas no jornal Folha de São Paulo despertaram a minha atenção. Josué Gomes da Silva, filho do ex-presidente José de Alencar e presidente da Coteminas, frisou, em entrevista no dia 25/11/2013, que faltam ao governo Dilma Rousseff previsibilidade e transparência na economia. Nilson Teixeira, economista-chefe do banco Credit Suisse, em 01/12/2013, afirmou que investimento em educação precisa ser prioridade.
Concordo com as referidas afirmações dos autores destacados. A presidente Dilma Rousseff optou, no início do seu governo, por desenvolver o capitalismo de Estado. Com isto, todas as ações voltadas para o desenvolvimento econômico, inclusive no âmbito da infraestrutura, precisaram, necessariamente, passar pelo crivo de variados ministérios. Tal decisão acarretou desconfiança dos empresários, já que a liberdade de agir, sob a observação do estado, é característica da atividade empresarial. Mas, o governo Dilma escolheu a ação e não apenas a observação.
Além disto, desde o início do governo Dilma, críticas ao desempenho do Banco Central foram feitas por empresários, economistas e jornalistas especializados em economia. As críticas versavam sobre a independência do Banco Central para tomar atitudes que tivessem como objetivo a busca pelo desempenho econômico pujante do país. A desconfiança, que sempre existiu por parte do setor produtivo, foi quanto à falta de transparência na relação entre governo e presidência do Banco Central. A ausência da transparência possibilitava desconfiança no que concerne ao futuro da economia brasileira.
A atividade empresarial requer riscos. Entretanto, eles podem estar atrelados a níveis de previsibilidade. Neste sentido, empresários desejam saber claramente se a opção do governo é o controle da inflação, a parceria público-privada na execução de obras públicas e qual será o nível dos gastos públicos num estágio de reduzido crescimento econômico. Quando os governos sinalizam quais são os seus objetivos, empresários descobrem por qual caminho trilhar.
Reconheço, que desde o início do segundo semestre, a presidenta Dilma Rousseff dá sinais claros e positivos ao setor produtivo brasileiro. Ela fez a opção de controlar a inflação. A prova disto é de que não mais existem cerimonias para o aumento de juros, caso seja necessário. As concessões de estradas e aeroportos para a iniciativa privada têm apresentado sucesso, inclusive, trazendo lucro para a União, como foi o caso da concessão do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Portanto, parece-me que o Brasil viverá uma nova etapa em 2014.
Por outro lado, não devemos esquecer dos investimentos em educação. O Pronatec foi criado. O Bolsa Família ampliado. Ambos representam incentivos para a qualificação dos brasileiros. Entretanto, o Brasil precisa de mais. É necessário pensar a formação de uma concertacion entre prefeitos, governadores e presidente da República para que, juntos com a iniciativa privada, o Brasil conquiste melhores índices educacionais em relação a outros países.
Debater a economia é necessário. Mas, antes deste debate ou atrelado a ele, observo que devemos discutir a educação. Pois sem profissionais qualificados, o desempenho da economia brasileira não será inclusivo. Será apenas para alguns.