Dentre as várias alternativas normalmente sugeridas para minimizar os problemas do trânsito caótico que se instalou nos grandes centros urbanos, está o incentivo ao uso da bicicleta, mas para que os ciclistas se sintam seguros é necessário prover locais apropriados para essa circulação. Em tempos de mobilidade urbana, a relevância da discussão sobre as ciclovias e ciclofaixas é indiscutível. Temos visto muitos debates e implantação de vias para bicicletas nas grandes cidades, mas as mesmas não são suficientes e quando existem são pouco utilizadas pela população.
Como primeiro ponto, precisamos entender o que são ciclovias e ciclofaixas. A primeira discursa sobre um espaço segregado para fluxo de bicicletas. Isso significa que há uma separação física isolando os ciclistas dos demais veículos. Já a segunda é quando há apenas uma faixa pintada no chão, sem separação física de qualquer tipo, isso inclui a ausência de cones ou cavaletes.
Em Recife, de fato, só há uma ciclovia em funcionamento, a localizada na orla da praia de Boa Viagem. Os outros projetos são de ciclofaixas, que durante todo o tempo são ocupadas por automóveis e outros veículos. Em todo o país, o número de ciclovias está longe do suficiente. Em países desenvolvidos, principalmente da Europa, vale ressaltar esses são menores em extensão territorial, as bicicletas são o principal método de transporte, como em Amsterdã, na Holanda, que possui mais de 400 km de ciclovias pelas quais circulam 600 mil bicicletas. Isso significa dizer que aproximadamente 40% de toda a circulação é feita em bicicletas.
A realidade brasileira é completamente diferente. Em São Paulo, por exemplo, há pouco mais de 52 quilômetros de ciclovias e sabe-se que muitas estão em condições precárias. Além disso, a maioria está localizada em parques, reforçando a teoria de que a bicicleta não é considerada um meio de transporte. Em Curitiba, responsável pela popularização do conceito de ciclovia no Brasil durante o fim dos anos 80, há apenas 120 quilômetros delas. Em Porto Alegre, apesar do projeto que prevê a construção de 495 km até 2022, a cidade tem, hoje, apenas 7,8 quilômetros. Dentre as cidades brasileiras com maior extensão de ciclovias está o Rio de Janeiro, são 260 km com projetos de expansão para 300 km até o fim deste ano.
Analisando os números de outros países, em Bogotá a construção das ciclovias fez parte de um plano de renovação urbana no início dos anos 2000 e foram construídos 120 km de ciclovias. Atualmente são 334 km de ciclovias utilizados por aproximadamente 285 mil pessoas. Em 2009, a cidade de Nova York entregou mais de 321 km de ciclovias, o que praticamente dobrou a malha cicloviária e em apenas três anos, o uso da bicicleta como meio de transporte na cidade aumentou em 45%.
Voltando ao Brasil, somos o quinto maior consumidor e terceiro maior produtor mundial de bicicletas. O que nos leva a concluir que a solução para os congestionamentos quilométricos não é parar de comprar ou de usar o carro, mas a construção de ciclovias se faz necessária e serve como alternativa, além de contribuir para o desenvolvimento do país. E a receita para prevenir o número de acidentes está na educação - tanto de motoristas quanto de ciclistas. É preciso investir, acima de tudo, em programas de conscientização no trânsito.