Sua estética chama atenção e já influencia outros grafiteiros. Usando muito preto, Derlon Almeida se diferenciou no mundo multicolorido do grafite ao trazer para sua pintura a imagética da xilogravura, técnica muito identificada com a literatura de cordel. O jovem artista de 26 anos iniciou sua caminhada artística realizando intervenções de street art nas ruas do Recife, com colagens, cartazes e grafites, imprimindo nos muros seres e cenas com traços típicos das figuras cavadas em blocos de madeira, usados para imprimir as ilustrações dos folhetos de cordel.
O jovem já realizou exposições, ambientações e cenários (trabalhou diversas vezes com o designer Gringo Cardia), levando sua arte de rua a diferentes suportes e formatos. Agora, Derlon assina a arte do novo disco da banda Mundo Livre S/A, Novas lendas da etnia Toshi Babaa.
Ele já tinha feito a arte de um disco, a coletânia A nova música brasileira, lançado na Inglaterra. Mas, pela primeira vez realiza o trabalho com uma banda autoral. "Eu tinha o objetivo de fazer a arte do disco de uma banda bacana, de preferência daqui. Aí surgiu o convite da Mundo Livre pra fazer o disco deles", afirma Derlon, completando que sempre foi um admirador da banda.
Foram três meses de trabalho para a criação da arte. "Eles já tinham a proposta e o conceito e precisavam de alguém que transformasse isso em imagem", explica o artista, que criou quatro pinturas sobre papel. As obras foram fotografadas para serem utilizadas no encarte do disco e agora fazem parte da exposição que começa amanhã, na Sala Nordeste do Minc. Outras obras também foram produzidas para a exposição. "Eu também fiz pinturas direto na parede", avisa Derlon.
Perguntado se ele pretende investir na criação de arte para outros discos e bandas, ele arremata: "Estou bem realizado com esse trabalho e quem sabe possa trabalhar com outra banda. Mas agora estou curtindo atrelar meu trabalho à Mundo Livre e não penso nisso".