Entenda como os discos híbridos funcionam
Unidades SSD podem ler e escrever informações com muito mais velocidade do que o melhor HD. Além disso consomem menos energia, geram menos calor e, como não tem partes móveis, são mais resistentes a quedas e impactos. Soam como as substitutas ideais para os tradicionais discos rígidos utilizados há mais de 30 anos nos computadores pessoais, se não por um detalhe: a memória flash utilizada nelas é muito mais cara, então os fabricantes limitam as capacidades para chegar a preços mais atraentes ao consumidor. Uma unidade SSD de 128 GB custa, nos EUA, cerca de US$ 130, mas pelo mesmo preço você consegue comprar um HD para desktops com capacidade de 2 TB, ou um HD para notebook com 1 TB.
Dois anos atrás a Seagate foi a primeira empresa a apresentar um produto que une as duas tecnologias, combinando um pequeno SSD com um HD mecânico tradicional. O objetivo deste híbrido era oferecer a alta velocidade no acesso aos dados típica de um SSD, mantendo a alta capacidade e menor custo de um HD convencional. Outros fabricantes, como a Samsung, Toshiba e a Western Digital, também abraçaram a idéia.
Há vários modelos de híbridos no mercado, mas os mais comuns são as versões de 2.5 polegadas para notebooks, como o Seagate Momentus XT. Toshiba e Western Digital anunciaram recentemente modelos ainda menores, com 2.5 polegadas mas apenas 7 mm de espessura, projetados para uso em Ultrabooks.
Todos os híbridos funcionam basicamente da mesma forma: o sistema operacional os enxerga como um HD comum, com o SSD agindo por debaixo dos panos como um imenso cache. Um algoritmo integrado ao firmware do disco monitora o acesso aos arquivos, e move os utilizados com mais frequência (partes do sistema operacional, aplicativos, etc) para o SSD.
A partir de lá, eles podem ser acessados muito mais rapidamente do que se estivessem no HD, embora haja um pequeno atraso em relação a um SSD “puro” devido à necessidade de determinar onde o arquivo está. No primeiro uso o SSD está vazio, portanto seu desempenho será exatamente o mesmo de um HD tradicional. A velocidade no acesso aos dados irá aumentar com o tempo, à medida em que o cache for preenchido.
Tirando a prova
Para testar qual o ganho de desempenho real com um disco híbrido rodamos uma versão especial do benchmark WorldBench 7 seis vezes seguidas em umSeagate Momentus XT de 750 GB, equipado com um SSD de 8 GB, além de um em um HD tradicional (o Seagate ST9500325AS, de 500 GB) e um SSD puro (OWC Mercury EXTREME 6G S, de 240 GB).
Pontuação no WorldBench. Quanto maior, melhor
Infelizmente os resultados (acima) mostram que o disco da Seagate, embora seja realmente um pouco mais rápido que um HD convencional, ainda é muito mais lento que um verdadeiro SSD. Ao longo dos seis testes o tempo de boot do sistema caiu de 35 para 31 segundos, e a pontuação da máquina no WorldBench subiu de 112 para 116 pontos (quanto maior, melhor).
É uma melhoria de cerca de 12% no tempo de boot, e um pequeno salto de 4% no WorldBench. Entretanto, o score do WorldBench 7 em um HD não-híbrido de 5400 rpm também subiu cerca de 4% após seis testes, muito provavelmente devido às tecnologias de cache integradas no próprio Windows. Mas o HD comum não gerou uma redução no tempo de boot, então os discos atuais da Seagate oferecem algum benefício. Para fins de comparação, um bom SSD “puro” elevou em mais de 40 pontos o resultado da mesma máquina.
O WorldBench 7 mede o desempenho de aplicativos, não o tempo necessário para carregá-los. Subjetivamente notei uma pequena melhoria depois da primeira execução, quando eliminei os arquivos de swap e prefetch do Windows. Vamos considerar isso como mais uma evidência de que um disco híbrido pode causar uma diferença positiva, embora pequena, nas tarefas do dia-a-dia.
A ficha técnica dos discos híbridos da Toshiba e Western Digital, que chegam em breve às lojas, ainda não estava disponível quando este artigo foi escrito. Mas você deverá ver modelos com SSDs de 16 ou até 32 GB, que devem gerar uma melhoria maior no desempenho já que quanto maior a unidade SSD, mais dados podem ser armazenados no cache e com menos frequência você precisa transferí-los do (ou para) o HD. Uma melhor integração com o sistema operacional (com o Windows 8) também pode aumentar o desempenho desta nova geração de híbridos, assumindo, claro, que uma queda significativa no preço dos SSDs não torne a tecnologia obsoleta.
E o preço é o problema dos híbridos atuais: um HD SATA de 2.5” e 750 GB para notebooks custa, hoje em dia (Novembro de 2012), cerca de R$ 350. O disco híbrido Seagate Momentus XT que analisamos custa R$ 750, e um SSD puro de 128 GB custa entre R$ 500 e R$ 600. Um disco híbrido só faz sentido em notebooks, e só se você fizer questão do (pequeno) desempenho extra sem abrir mão de espaço em disco.
Em um PC desktop com baias livres, você pode conseguir um custo-benefício muito melhor com um SSD puro combinado a um ou mais HDs tradicionais. Mesmo em um notebook um SSD de pequena capacidade (como os de 128 GB), acompanhado por um HD externo, pode oferecer uma relação melhor entre o desempenho e capacidade de armazenamento.