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Dois homens foram condenados pelo assassinato de um canavieiro em Goiana, na Região Metropolitana do Recife, após 20 anos do crime. Marcelo Renato da Silva e Sylvio Cláudio Coutinho, que eram comandante da Polícia Militar e segurança da Usina Santa Teresa, respectivamente, foram apontados como mandantes do homicídio.

O crime ocorreu no dia 4 de novembro de 1998, no meio do canavial do Engenho Terra Rica. Além da morte de Luís Carlos da Silva, 13 trabalhadores foram feridos à bala. Segundo a Comissão Pastoral da Terra, a emboscada se deu durante uma manifestação grevista. 

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O comandante da Polícia Militar foi condenado a 16 anos pelo homicídio consumado qualificado e também pelas 13 tentativas de homicídio. Já Sylvio Cláudio Coutinho foi condenado a 10 anos e oito meses de reclusão pelas tentativas de homicídio. A advogada da Comissão Pastoral da Terra, Gabriella Santos, defende que a diferença nas condenações ocorreu por um equívoco do júri na hora da sentença. O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) analisará a possibilidade de entrar com recurso para corrigir o erro.

Marcelo e Sylvio não estavam presentes no momento do assassinato, porém teriam planejado a emboscada no dia anterior. O MPPE argumentou que os dois réus armaram, com espingardas calibre 12 de repetição, a equipe que se dirigiu ao local. 

O crime - Em novembro de 1998, centenas de canavieiros vinculados ao Sindicato de Trabalhadores Rurais de Goiana deflagraram uma greve para reivindicar melhores condições de trabalho e reajuste salarial. A administração do Engenho Terra Rica, pertencente à Usina Santa Teresa, contratou trabalhadores de outras localidades para fazer o serviço dos grevistas. Sabendo da estratégia, representantes do sindicato, em conjunto com cerca de 80 canavieiros, se dirigiram ao engenho. Segundo a Comissão Pastoral da Terra, o objetivo era, de forma pacífica, apresentar as motivações da greve para os trabalhadores que não conheciam a realidade da região.

No meio do caminho, os canavieiros foram surpreendidos com um bloqueio formado por policiais militares e seguranças da Usina Santa Teresa. Minutos depois, por trás dos grevistas, chegou uma caminhonete também com policiais e seguranças já atirando contra os trabalhadores, lembra a Comissão. Aos 27 anos, Luís Carlos da Silva morreu após receber um tiro na nuca. Ele era casado e tinha dois filhos.

Em 2008, ocorreu o julgamento do caso. Com duração de cinco dias, o julgamento terminou com condenação de 14 dos 15 réus, sendo cinco policiais militares e nove vigilantes e funcionários da usina. Marcelo e Sylvio estavam entre os condenados, mas recorreram da decisão e conseguiram a anulação da sentença. Eles voltaram a ser réus e foram condenados na última sexta-feira (13) no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, em Joana Bezerra, área central da capital.

Segundo a Comissão Pastoral da Terra, apesar do primeiro julgamento ter ocorrido em 2008, ninguém iniciou o cumprimento de suas penas. De acordo com estimativas da Comissão, nos últimos 30 anos, mais de 1.730 trabalhadores rurais e camponeses foram assassinados no campo em contextos de conflitos por terra e território e em lutas por direitos trabalhistas. No entanto, a punição dos criminosos é praticamente inexistente. Segundo levantamento realizado em 2015, nessas últimas três décadas, somente 108 casos foram levados a julgamento e pouco mais de 80 pessoas condenadas, além de mais de 20 mandantes. Mas nenhum deles estaria preso

Cerca de 150 trabalhadores da Companhia Agro-Industrial de Goiana (CAIG-Usina Santa Teresa) interditam o sentido Recife da BR-101 próximo à fábrica da Jeep. O motivo seria reivindicar o pagamento de salários atrasados.

Eles atearam fogo na via, formando um congestionamento acima dos 500 metros. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), não há previsão de liberação.

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O LeiaJa.com não conseguiu contato com a usina e também aguarda posicionamento do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar). As informações levantadas são de que a usina já anunciou que não vai moer cana este ano e que tem negociado indenizações com os trabalhadores.  

Segundo informações preliminares, a paralisação das atividades seria de dois anos e que uma série de demissões estavam previstas para ocorrer.

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