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Um ano e meio e uma medalha de bronze depois, Alison dos Santos enfim voltou a beber o seu refrigerante favorito. O destaque brasileiro do atletismo na Olimpíada cumpriu sua promessa de não ingerir a bebida até competir em Tóquio e foi recompensado por isso nesta sexta-feira: ganhou nada menos que um caminhão de refrigerante.

Alison foi pego de surpresa na tarde desta sexta ao receber 300 garrafas de Itubaína em sua casa na cidade de São Joaquim da Barra, interior de São Paulo. Ele também ganhou 117 quilos de produtos da marca Seara. O refrigerante a base de guaraná e morango foi assunto de diversas entrevistas do atleta no Japão.

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Antes de levar o bronze nos 400 metros com barreiras em Tóquio, Alison revelara à imprensa que havia feito uma promessa ao amigo Wesley Victor, mais conhecido como "Biscoito", outro jovem talento do atletismo brasileiro. Além disso, disse que estava com saudade de jogar truco e comer um churrasco com os familiares em sua cidade. Agora não vão faltar os produtos para o evento familiar, possivelmente no fim de semana.

A promessa feita a Biscoito era de ficar sem o refrigerante até a disputa dos Jogos Olímpicos. O problema para Alison é que o "acordo" com o amigo havia sido feito no início de 2020, antes do adiamento da Olimpíada, marcada inicialmente para o ano passado. Assim, o medalhista de bronze esperou muito mais do que o esperado para voltar a tomar o seu refrigerante predileto.

O jejum chegou ao fim nesta sexta com a ajuda do próprio Biscoito, que participou da ação de marketing realizada pelo grupo Heineken Brasil, dono da marca Itubaína. O amigo ajudou na preparação da surpresa. "Já é tradição voltar para casa, fazer aquela resenha com o Biscoito e tomar Itubaína para comemorar minhas vitórias. Mas dessa vez fui surpreendido. Poderei comemorar com toda família", declarou Alison, sem esconder a alegria e a surpresa.

O presente poderá render além das garrafas para o corredor de 21 anos. O grupo Heineken já conversa com Alison sobre um possível apoio para divulgação das marcas em suas redes sociais.

"Todos nós torcemos muito e nos emocionamos com a conquista dele. Carismático, jovem, bem humorado e amante da música brasileira, nós vimos no atleta uma personalidade inspiradora que tem tudo a ver com a nossa marca", afirma Bruno Piccirello, gerente de marketing da empresa de bebidas.

Na capital japonesa, Alison brilhou dentro e fora da pista. Com seu jeito brincalhão e espontâneo, o atleta conquistou fãs pelo Brasil. E se tornou o primeiro brasileiro a conquistar uma medalha em prova individual de pista no atletismo nacional em 33 anos. Os últimos haviam sido Joaquim Cruz, prata nos 800m, e Robson Caetano, bronze nos 200m, ambos no Jogos de Seul, em 1988.

Na última terça-feira (19), o presidente Jair Bolsonaro fez o que seria uma piada envolvendo a defesa do uso da cloroquina por pacientes com Covid-19. Mas a “Tubaína” que o mandatário citou em entrevista como se fosse a opção para a “esquerda” não se tratava do refrigerante famoso. É o que garante o ex-deputado Adriano Diogo, que presidiu a Comissão da Verdade em São Paulo. Segundo ele, a “Tubaína” era um apelido dado a um tipo de tortura usado por militares durante a ditadura no Brasil.

Originária da idade média, a “tortura d´água” – apelidada por torturadores em São Paulo de “Tubaína” – consiste em colocar um funil na garganta da vítima e provocar a ingestão de grande quantidade de líquido.

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“Esse jargão de chamar o afogamento de tubaína era comum entre os militares. Ouvimos isso várias vezes. O torturador falava: ‘quer tomar uma tubaína filho da p...’ e introduzia o funil na boca (dos torturados) por onde colocava água e até líquidos mais complicados, como o óleo de rícino”, conta Adriano Diogo, que foi torturado durante o regime militar.

Histórico de apologia - Não é a primeira vez que Bolsonaro usa expressões que fazem apologia aos crimes cometidos durante o regime militar. Em uma transmissão ao vivo em outubro de 2019, Bolsonaro ameaçou enviar funcionários do Ministério do Meio Ambiente para a “ponta de praia”, porque estavam dificultando uma licença ambiental para a construção de uma loja Havan, do seu apoiador Luciano Hang.

Na ditadura, militares usavam o termo “ponta de praia” para se referir à base da Marinha na Restinga de Marambaia (RJ), para onde eram encaminhados opositores do regime marcados para morrer. “Era um centro de tortura de onde dificilmente se saía vivo. Muitos dos ‘desaparecidos’ da ditadura militar passaram por aquelas instalações”, disse a Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista de Meio Ambiente (Ascema Nacional) na época.

Vale lembrar ainda que durante a votação do Impeachment da presidenta Dilma Roussef, o então deputado federal Jair Bolsonaro dedicou seu voto a Brilhante Ustra, conhecido torturador que tinha tido como uma das vítimas a petista.

A apologia à ditadura militar é crime no Brasil, previsto na Lei de Segurança Nacional (Lei 7.170/83), na Lei dos Crimes de Responsabilidade (Lei 1.079/50) e no próprio Código Penal (artigo 287). 

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