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Após cinco séculos de história, as touradas podem ser banidas da Cidade do México, capital do país e que abriga a maior praça de touros do mundo. De acordo com a iniciativa parlamentar, que iniciou a votação no Congresso pela primeira vez, o evento fere os direitos das minorias e dos animais, além de realizar abusos contra estes.

Aprovada na primeira votação no Congresso, a medida ainda passará pelo plenário, sem data definida, para tomar a decisão final. Em dezembro, a Comissão de Bem-Estar Animal já havia iniciado diálogo com os afetados.

Ao mesmo tempo em que a Cidade do México é o maior polo de touradas no mundo, também é um reduto progressista, pioneiro em questões como casamento igualitário ou aborto legal, além do reconhecimento dos animais como sujeitos de direito e tratamento digno, conforme a constituição local de 2017.

Em defesa da realização dos eventos, os grupos de toureiros e simpatizantes afirmam que vivemos um momento de "livre pensamento". Também questionam se os "poderes públicos" podem impor "opções morais de um grupo da sociedade ao resto dos cidadãos".

Eles propõem que as iniciativas que buscam abolir os espetáculos onde os animais são maltratados até a morte sejam debatidas a partir de uma perspectiva de "liberdade" e não de "gostos, modas ou politicamente correto".

Quatro estados mexicanos proíbem as touradas: Sonora, Coahuila, Guerrero e Quintana Roo. Por outro lado, outros sete as protegem como patrimônio cultural do país e do povo mexicano.

Ao redor do mundo, também se estende o debate a respeito da realização ou não das touradas. Países com tradição nesses eventos, como a Venezuela, já iniciou projetos de leis que proíbam shows com abuso de animais. Bogotá, capital da Colômbia, decidiu proibir os maus-tratos e a morte do touro nas touradas.

Já na Espanha, França, Portugal e Equador ainda é permitida a realização das touradas e práticas semelhantes. Entretanto, desde 2011 em Quito são proibidas as mortes dos animais nas arenas.

O inglês Lewis Hamilton, piloto da Mercedes, utilizou as suas redes sociais para criticar as tradicionais touradas na Espanha. De acordo com o hexacampeão mundial de Fórmula 1, que se autodeclarou uma amante dos animais, a prática é nojenta e se equivale a um tipo de tortura, que, no caso, se mascara de cultura.

"É realmente nojento, Espanha! As crianças espanholas são ensinadas a torturar e matar touros a partir dos 14 anos. Estamos pedindo ao Ministério da Educação da Espanha, que feche imediatamente as escolas de touradas", disse Hamilton em seu Twitter.

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Segundo o piloto da Mercedes, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou que as touradas violam a Convenção dos Direitos da Criança, já que fazem com que os jovens pratiquem atos violentos.

Ainda em suas redes sociais, Hamilton pede para que seus seguidores assinem uma petição, criada pelas Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais (Peta). A organização internacional clama pelo fim das escolas de touradas na Espanha.

Essa não é a primeira vez que o campeão da Fórmula 1 se manifesta em relação a pautas de defesa dos animais. Neste ano, Hamilton celebrou a proibição do consumo de carnes de cachorros e gatos na cidade de Shezhen, na China. O piloto é vegano desde 2017.

Em resposta, o ministro da Cultura da Espanha, José Manuel Rodríguez Uribes, lamentou o que foi dito por Hamilton e classificou suas palavras como ofensivas. "São palavras ofensivas e atacam as pessoas que têm uma paixão e um sentimento positivo por uma prática que no nosso país é considerado cultural", disse o político em entrevista à rádio espanhola RNE.

Pelo menos 10 mil peruanos marcharam ontem na Plaza San Martín, em Lima, em defesa das touradas e das rinhas de galos, atividades centenárias que podem ser vetadas pelo Tribunal Constitucional, após um processo movido por grupos de defensores dos animais.

"Unidos por um hobby, cultura e tradição", dizia um cartaz levado pelos manifestantes convocados por uma associação de criadores de galos de briga do Peru. O julgamento do tribunal ocorre na terça-feira.

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