A aposentadoria é o momento mais difícil na carreira de um jogador de futebol. Saber o momento de parar e o que fazer quando pendurar as chuteiras são questões que rodeiam a cabeça dos boleiros. Por isso muitos param de jogar, mas continuam no meio do futebol, seja como treinador, comentarista, auxiliar técnico ou dirigente. Em Pernambuco, ídolos das torcidas dos três clubes como Roberto Coração de Leão, Sandro e Kuki deixaram de atuar dentro das quatro linhas e agora trabalham do lado de fora.

Revelado nas categorias de base do Sport e artilheiro do time na década de 80, Roberto Coração de Leão hoje é auxiliar técnico do time de juniores. Tenta passar para os garotos a experiência que adquiriu nos gramados, quando atuou também por Internacional, Rio Ave (Portugal) e Santa Cruz. “Hoje é mais fácil ser jogador de futebol, como é mais fácil trabalhar como auxiliar técnico. O futebol evoluiu, tem recursos, mordomias, que na minha época não existia. Tento passar o que sei sobre futebol para os meninos”, explicou o ex-atacante.

Para Roberto é muito bom continuar trabalhando no Sport e ser reconhecido pela torcida. “É o que eu deixei de bom no futebol, já faz tempo que me aposentei e os torcedores me tratam como um ídolo do clube. Isso é gratificante demais para mim”, disse.

Apesar de ter jogado pouco tempo no Santa Cruz, Sandro tem grande uma identificação com o clube, por ser tricolor. Atualmente o ex-zagueiro é auxiliar técnico de Zé Teodoro e tem papel importante na comissão técnica, como indicar jogadores e ajudar o treinador coral durante os treinamentos. Durante as partidas Sandro fica em um camarote reservado, observando a partida e conversando com Zé Teodoro pelo rádio.

Ao assumir que torcia pelo Santa Cruz, Sandro ganhou o respeito dos tricolores, mas que não deixam de criticar quando a fase é ruim. “Tenho uma boa relação com os torcedores, principalmente pelo fato de eles saberem que eu sou tricolor de frequentar a arquibancada. Mas quando as coisas não vão bem, eles me cobram. Fico chateado da mesma forma que eles, quando o time não vence”, afirmou Sandro.

Mas se tornar técnico de futebol ou ir para outro clube não passa pela cabeça de Sandro, seu pensamento é apenas o Santa Cruz. “Não digo que desta água não beberei, mas não penso em seguir carreira como treinador. Voltei para o futebol com objetivo de tirar o Santa Cruz dessa situação e é aqui que eu quero ficar. Como jogador passei 15 anos longe da minha terra, agora quero ficar em Recife”, disse o ex-zagueiro que foi revelado nas categorias de base do Sport.

Com 387 partidas e 184 gols coma camisa do Náutico, Kuki é o maior ídolo recente da história do clube. Hoje o ex-atacante é coordenador das divisões de base e assistente técnico de Waldemar Lemos. Além ser responsável pelos futuros jogadores profissionais do Timbu, Kuki ainda auxilia os jogadores durante os treinamentos, dando algumas dicas para melhorar o aproveitamento dos atacantes.

Se como jogador Kuki recebia pressão dos torcedores, por ser ídolo e artilheiro, hoje em dia é um pouco diferente. “Nesta função recebo menos pressão, mas trabalho coma mesma seriedade da época em que era jogador. Estou gostando muito de ser auxiliar de Waldemar e coordenar as divisões de bases”, disse Kuki.

A relação com os torcedores viveu altos e baixos durante o período em que Kuki atuava, mas hoje em dia ele é tratado com carinho pelos alvirrubros. “Os torcedores conversam comigo, tiram fotos, pedem autógrafos. Sou bem tratado por todos aqui no Náutico, funcionários, diretoria e pela torcida”, explicou.

Sobre a possibilidade de ser treinador, o ex-jogador descartou a ideia. “Não tenho o perfil para ser técnico, quero apensar continuar no Náutico exercendo o meu papel e ajudando melhorar a estrutura do clube”, finalizou o ídolo alvirrubro.