Os incêndios na Austrália causaram comoção entre os tenistas neste início de ano, época da temporada em que todos os principais atletas da modalidade estão em solo australiano para o começo da temporada. Os locais Nick Kyrgios e Ashleigh Barty, atual número 1 do mundo, e a ATP puxaram a lista de doações, anunciadas via redes sociais nos últimos dias.
Conhecido pelas polêmicas dentro e fora de quadra, Kyrgios prometeu doar 200 dólares australianos (cerca de R$ 564 mil) a cada ace anotado durante a ATP Cup, nova competição do circuito, que estreou no dia 3. O torneio é sediado em três cidades australianas - Perth, Brisbane e Sydney - e serve de aquecimento para o Aberto da Austrália, com início no dia 20. E todas vem sendo afetadas pelos incêndios no país.
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"É muito trágico o que está acontecendo, principalmente na minha cidade natal, Camberra. Está cercada de fumaça, a mais perigosa delas do mundo, neste momento", disse Kyrgios, dono de um dos saques mais poderosos do circuito. "Tudo é muito triste... E não há previsão de chuva para os próximos quatro meses. Então, não parece que o fogo vai baixar a qualquer momento."
A iniciativa do atleta australiano, 29º do ranking, estimulou outros tenistas a fazer doações. Também australiano, Alex de Minaur (18º) foi o primeiro a seguir, elevando o valor para 250 dólares australianos por ace. "Eu não faço tantos aces quanto você, parceiro", brincou o compatriota, nas redes sociais. John Millman e John Peers, outros atletas da casa, também prometeram doações.
A local Ashleigh Barty foi além e prometeu doar todo o valor que embolsar no Aberto da Austrália, que terá a maior premiação da história de um Grand Slam. Número 1 do mundo, ela é uma das favoritas ao título. A futura campeã ganhará nada menos que 4,12 milhões de dólares australianos (R$ 11,6 milhões).
Ex-líder do ranking, a romena Simona Halep foi mais criativa ao sugerir suas doações. Com apenas 1,68 metro de altura, a atual número quatro do mundo não se destaca pelos aces. Por isso, disse que doará 200 dólares australianos a cada vez que causar a irritação do técnico Darren Cahill em seu box, durante o Aberto da Austrália. "Deste jeito, vou levantar muito mais dinheiro", afirmou a tenista.
Além de prometer doações por aces, Kyrgios propôs a disputa de jogos de exibição entre o fim da ATP Cup, que será encerrada no dia 12, e o início do primeiro Grand Slam do ano, para arrecadar fundos para as entidades que estão combatendo os incêndios. A proposta não vingou, mas a ATP decidiu entrar nas doações por aces.
O diretor do torneio, Tom Larner, garantiu que a organização vai doar 100 dólares australianos para a Cruz Vermelha Australiana a cada ace registrado na competição, que favorece o chamado "saque perfeito" por ser disputada em quadra rápida. Somente no primeiro dia foram levantados 21.600 dólares australianos. O principal responsável por esta soma foi o norte-americano John Isner, um dos maiores sacadores do circuito, com 33 aces, na partida contra o norueguês Casper Ruud. A ATP espera arrecadar até 150 mil.
"Comunidades por todo o país foram devastadas por esta crise, com tantos incêndios nesta época do ano. E, como nosso torneio ocorrendo em plena forma, o tênis se torna uma oportunidade única para dar apoio aos esforços de socorro e recuperação", declarou Tom Larner.
No fim de semana, os incêndios afetaram diretamente o circuito de tênis ao forçar uma mudança de sede de uma competição de nível challenger. O torneio marcado para ser disputado em Camberra, entre esta segunda-feira e o domingo, foi transferido para Bendigo, região pouco afetada pelo fogo até agora.
Até agora, os incêndios causaram a morte de 24 pessoas e deixaram outras dezenas desaparecidas. Cerca de 1,5 mil casas foram reduzidas a cinzas e estima-se que quase 500 milhões de animais morrerão incinerados até o fogo ser contido.
PREOCUPAÇÃO - Ao mesmo tempo em que prometem doações, os tenistas discutem sobre a possibilidade de os incêndios atrapalharem a realização do Aberto da Austrália, na cidade de Melbourne, ainda pouco afetada pela fumaça. No fim de semana, o sérvio Novak Djokovic admitiu a preocupação com a saúde dos atletas.
"Acho que eles tentarão fazer qualquer coisa sem adiar nada em termos de dias e do início do torneio", afirmou o número dois do mundo, em entrevista coletiva. "Mas quando se trata dessas condições que afetam a saúde de jogadores, acho que você definitivamente deveria considerar". Presidente do Conselho dos Jogadores da ATP, o sérvio disse que vai considerar a possibilidade de discutir o assunto com os demais tenistas nos próximos dias.