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A descoberta de sete planetas rochosos com massas semelhantes à da Terra em um mesmo sistema planetário, publicada na quarta-feira (22), na revista Nature, indica que esse tipo de astro pode ser mais comum do que pensavam os cientistas.

"Certamente esse estudo indica que os planetas rochosos podem ser bem mais numerosos do que se imagina - e grande parte deles pode estar na zona habitável", disse ao Estado o astrônomo Jorge Melendez, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP). Em novembro do ano passado, um grupo liderado por Melendez anunciou a descoberta de dois exoplanetas - uma "super-Terra" e um "super-Netuno" a 300 anos-luz da Terra.

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Segundo Melendez, a maior parte dos exoplanetas descobertos até hoje são grandes planetas como Júpiter ou Netuno. Os planetas rochosos são menores e muito mais difíceis de detectar. No entanto, com base nas descobertas já realizadas, os astrônomos estimavam que deveria existir pelo menos um planeta rochoso para cada estrela, de acordo com Melendez.

"Essa nova descoberta mostra que pode haver muito mais planetas rochosos do que se previa, considerando que em um só sistema observado a fundo foram descobertos sete desses planetas, a maior parte na zona habitável", disse o astrônomo.

Segundo Melendez, embora apenas três dos sete novos planetas estejam com certeza na zona habitável, outros dois estão praticamente em seus limites - como ocorre com Vênus e Marte no Sistema Solar.

Abundância. Sugerida pelo estudo, a abundância dos planetas rochosos também foi destacada pelo astrônomo Ignas Snellen, do Observatório de Leiden, na Holanda, que publicou também na edição de quarta-feira, da Nature um artigo comentando a novidade. Segundo Snellen, a descoberta reforça a ideia de que os planetas de massa semelhante à da Terra são comuns na Via Láctea - e talvez no Universo.

"Nos últimos anos, cresceram as evidências de que planetas do tamanho da Terra são abundantes na galáxia. Mas a nova descoberta indica que esses planetas são ainda mais comuns do que se pensava", escreveu o astrônomo holandês.

Snellen acredita que a quantidade de exoplanetas rochosos pode ser até 100 vezes maior que a prevista, por conta de limitações do método usado para detectar exoplanetas, com base na detecção de "trânsitos". Quando um planeta passa diante de uma estrela (o trânsito), ele bloqueia uma ínfima parte de sua luz, que é suficiente para que os cientistas detectem sua existência e calculem sua massa. Quando a estrela é pequena, o trabalho fica mais fácil, porque a fração de sua luz bloqueada pelo planeta é maior. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Cientistas anunciaram nesta quarta-feira, 22, a descoberta de um sistema composto por sete planetas de tamanho comparável ao da Terra, na órbita de uma estrela "vizinha" do Sistema Solar. De acordo com um estudo publicado na revista Nature, que descreve a descoberta, os seis planetas mais próximos têm temperaturas entre 0ºC e 100ºC - uma característica considerada indispensável para a eventual existência de vida.

"É a primeira vez que tantos exoplanetas desse tamanho são encontrados em um sistema planetário. Eles estão em órbita muito estreita entre si e muito próximas à sua estrela, mas ela é tão pequena que é fria, o que faz com que os planetas sejam temperados", disse o autor principal do estudo, o astrofísico belga Michaël Gillon, da Universidade de Liège, na Bélgica.

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Os cientistas consideram que um determinado planeta está na "zona habitável" quando ele fica a uma distância de sua estrela que permitiria, teoricamente, a existência de água líquida em sua superfície. Quanto mais a estrela é quente, mais distante fica a zona habitável.

Segundo o estudo, o novo sistema planetário fica a 39 anos-luz da Terra - uma distância pequena para os padrões astronômicos. Os novos exoplanetas - como são chamados os planetas existentes fora do Sistema Solar - têm massa semelhante à da Terra e provavelmente também sejam rochosos, segundo os autores.

A descoberta partiu de estudos liderados por Gillon, cuja equipe relatou, em maio do ano passado, a detecção de três exoplanetas que orbitavam uma estrela anã extremamente fria, chamada Trappist-1 - uma estrela é tão pequena que não chega a ser muito maior que Júpiter e seu brilho é cerca de mil vezes mais fraco que o do Sol.

A partir de então, os autores conduziram um projeto de monitoramento intenso da Trappist-1, que permitiu identificar mais quatro exoplanetas.

Para a detecção e o estudo dos planetas do Sistema Trappist-1, foram usados o telescópio espacial Spitzer, da Nasa, e o Telescópio Liverpool, da Universidade John Moore de Liverpool, no Reino Unido.

Os cientistas concluíram que pelo menos três dos planetas podem ter oceanos de água em suas superfícies, o que aumentaria a possibilidade de que o novo sistema planetário possa abrigar vida. De acordo com Gillon, no entanto, será preciso fazer novos estudos para caracterizar cada um dos planetas.

"Conseguimos obter medidas e dados de seis dos sete planetas. Em relação ao planeta mais distante da estrela, porém, ainda desconhecemos seu período orbital e sua interação com os outros seis planetas", disse Gillon.

De acordo com ele, os seis planetas mais próximos da estrelas têm períodos orbitais - isto é, o tempo que o planeta leva para dar uma volta completa em sua estrela -, que vão de 1,5 a 13 dias. O fato de um "ano" nesses planetas durar apenas alguns dias ocorre porque eles estão muito próximos de sua estrela, que é muito pequena.

O planeta mais próximo da estrela é o mais rápido de todos: quando ele completa oito órbitas, o segundo, o terceiro e o quarto planetas perfazem, respectivamente, cinco, três e duas voltas ao redor da estrela. Com essa configuração, segundo os astrônomos, cada um dos planetas tem influência gravitacional nos outros.

Abundância

Na mesma edição da Nature, o estudo foi comentado pelo astrônomo Ignas Snellen, do Observatório de Leiden, na Holanda. Segundo Snellen, a descoberta feita pela equipe de Gillon reforça a ideia de que os planetas de masssa semelhante à da Terra são abundantes na Via Láctea.

"Nos últimos anos, cresceram as evidêncais de que planetas do tamanho da Terra são abundantes na Galáxia. Mas a descoberta de Gillon e sua equipe indicam que esses planetas são ainda mais comuns do que se pensava", escreveu Snellen.

Snellen acredita que a quantidade de exoplanetas rochosos possa ser até 100 vezes maior que a prevista. Segundo ele, isso acontece por causa do método usado para detectar exoplanetas, que se baseia na detecção de "trânsitos".

Quando um planeta passa diante de uma estrela (o trânsito), ele bloqueia uma ínfima parte de sua luz, mas o suficiente para que os cientistas detectem sua existência e calculem sua massa. Quando a estrela é pequena, o trabalho se torna mais fácil, porque a fração de sua luz bloqueada pelo planeta é maior.

"Estimamos que para cada planeta observado em trânsito, devam existir de 20 a 100 planetas que, da perspectiva da Terra, nunca passam diante de sua estrela-mãe - e por isso não podem ser observados", disse Snellen.

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