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Os atos contra queimadas na Amazônia agitaram Portugal mais uma vez. Nesta segunda-feira (26), em Lisboa, a presidente da Fundação José Saramago e viúva do escritor Nobel de Literatura, María del Pilar del Río Sánchez, considerou que as políticas de Jair Bolsonaro são "canalhas".

"Estou aqui hoje porque sou um ser humano. O Brasil precisa de respeito aos seres humanos e respeito ao planeta. Estamos vendo políticas que desrespeitam, são canalhas e assassinas. A Amazônia é do Brasil, mas é também de outros países da América Latina, e, sobretudo, é do planeta. Todo o planeta precisa da Amazônia e, por isso, temos que ser todos solidários", declarou Pilar del Río à Sputnik Brasil.

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O ato levou centenas de pessoas ao Largo Luís de Camões, ponto emblemático do centro histórico da capital portuguesa e palco tradicional para manifestações populares. Entre os participantes estavam outras personalidades do mundo lusófono, como o escritor José Eduardo Agualusa, além de vários políticos.

A deputada Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda, cobrou uma manifestação de censura do governo de Portugal. "É em nome do agronegócio que a Amazônia está a ser destruída e não podemos permitir. Por isso, exigimos que o governo português tenha uma palavra de censura para com o governo brasileiro, porque há momentos em que o silêncio é cúmplice e não queremos que Portugal seja cúmplice desta catástrofe mundial", afirmou a deputada à Sputnik Brasil.

Boicote ao agronegócio 

O partido exige o cancelamento da possível visita do presidente Jair Bolsonaro a Portugal no início de 2020. Segundo Joana Mortágua, "não basta lamentar. Sabemos que o desmatamento na Amazônia tem responsáveis. Vamos continuar a acompanhar e não vamos faltar com nenhuma denúncia das atrocidades cometidas por Bolsonaro".

O protesto foi convocado por 32 organizações, que enviaram à imprensa um comunicado cobrando "um posicionamento do Governo português perante estes crimes contra a humanidade e o planeta" e também exigiram um "boicote de todos os produtos provenientes do agronegócio brasileiro".

Manifestação com arte

Os participantes protestaram com cartazes, música e outras expressões artísticas. A cozinheira Fernanda Veloso usou um segundo talento, o de artista que trabalha com pernas de pau, para se caracterizar como "Mãe Natureza" e, junto com o "Curupira", cobrar o fim das queimadas.

"É preciso aproveitar esse tema, que mexe com todas as pessoas, que gera mais empatia e quebra barreiras, para que o povo brasileiro desperte para o mal que o atual presidente tem feito. Espero que esse despertar seja potente e que consigamos trazer um reverso para essa situação", afirmou Fernanda à Sputnik Brasil.

Este foi o terceiro ato pela Amazônia em apenas quatro dias em locais públicos de Portugal. No último sábado, manifestantes saíram às ruas na cidade do Porto. Já na sexta-feira, uma vigília foi realizada em Lisboa.

Da Sputnik Brasil

O Congesso Literário, espaço que tem a proposta de discutir sobre literatura e temas importantes, contou neste útimo dia da Fliporto - Festa Literária Internacional de Pernambuco com painéis que atraiu o público durante a tarde deste domingo (17).

Andres Neuman, Luiz Ruffato e Andrea del Fuego, com mediação de Cristhiano Aguiar, discutiram sobre a importância do lúdico para um escritor. Sylvio Back e Miguel Gonçalves Mendes integraram o terceiro painel e conversaram sobre Saramago e Graciliano. A mesa, mediada por Marcelo Pérez, contou com o tema A cena do jogo, em texto e imagem: os escritores filmados.

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Durante o painel, os diretores conversaram sobre suas produções e construções dos filmes. Sobre Universo de Graciliano, Sylvio descreveu o ponto mais importante do documentário." É onde o Graciliano se derrama", contou ele. " Estudar a angústia. A partir disto fui em busca do homem Graciliano. Toda biografia é uma farsa", completou Sylvio.

O diretor português Miguel Gonçalves Mendes conversou com o público sobre seu filme documentário José e Pilar, que aborda o universo do escritor José Saramago. Sobre cinema, ele descreveu: " É também uma farsa. O trabalho pretende captar do nosso ponto de vista o que é realidade", opinou ele. Sobre a construção do documentário, contou: Minha pesquisa foram os diários dele, a vida do Saramago. Não quis que o documentário seguisse padrões tradicionais", completou Mendes.

A programação do Congresso Literário foi encerrada com Valter Hugo Mãe, em conversa com Sidney Rocha.

O seu primeiro romance, “Terra do Pecado”, publicado em 1947, teve pouca acolhida de crítica e de público. Já o segundo, “Claraboia”, escrito em 1953, foi ignorado pela Empresa Nacional de Publicidade, editora que nunca mandou resposta ao autor e nunca lhe devolveu o original. Depois disso, o brilhante escritor português José Saramago abandonou o gênero romanesco por 24 anos, sem nos presentear com suas obras magníficas.

Nos anos 90, porém, a editora ofertou a publicação, que foi negada por Saramago, alegando não querer que a obra “saísse enquanto ele estivesse vivo”. Agora, quase 60 anos depois, o livro será publicado. Uma verdadeira homenagem póstuma ao escritor.  “Claraboia” é um romance sobre o tratamento cruzado dos pequenos acontecimentos nas vidas das famílias de um prédio e promete fazer muito sucesso entre os seus leitores. Quem imaginaria que o único português premiado com o Nobel de Literatura, incrível por escritos com características peculiares, iniciaria com tantas dificuldades?

Mais uma importante premiação para o cenário da literatura no Brasil. Na última terça-feira (25), foi anunciado o vencedor do 7º Prêmio Literário José Saramago e, para a alegria de todos os brasileiros, quem ganhou foi a paulista Andréa Del Fuego, com o romance “Os Malaquias”. A obra conta a história de três irmãos que tiveram os pais mortos por um raio.

Em 2003, outra brasileira foi contemplada com esta grande premiação atribuída a jovens autores da língua portuguesa, originada em 1999. Foi, então, a vez da escritora Adriana Lisboa, que trouxe o prêmio para o nosso país com a obra “Sinfonia em Branco”. Em ambos os casos, um justo reconhecimento para a rica produção literária do Brasil.

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