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Na data dedicada à memória daqueles que já não estão entre nós, o Cemitério de Santo Amaro, no Centro do Recife, recebe milhares de pessoas e se torna palco de sentimentos como saudade e fé nesta quarta-feira (2). Muitos aproveitaram a manhã nublada para realizar limpeza e adornar os túmulos de familiares e amigos. A expectativa é que 45 mil visitantes passem pelo local, que abriu as portas às 6h.
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Prevendo a movimentação, algumas pessoas preferiram chegar cedo para homenagear os familiares. Foi o caso da dona de casa Maria Cecília, de 56 anos, que às 8h já circulava pelo cemitério. Para ela, visitar o túmulo do pai simboliza respeito e saudade. "É tradição vir todo ano para enfeitar o túmulo com flores coloridas. Acho importante vir porque ele continua vivo em minhas memórias nas orações", contou.
Quem também mantém a tradição de visitar o cemitério é o administrador Márcio Freitas, de 32 anos. "Sei que a multidão é grande, mas acho importante reservar um dia do ano só para homenagear minha avó. Ela gostava de margaridas e todos os anos eu e meu irmão trazemos as flores e fazemos orações. Tem muita sepultura abandonada de parente que nunca vem", disse.
As sepulturas abandonadas não passaram despercebidas aos olhos atentos de outros visitantes. "O pessoal vem e arruma somente para um dia no ano, mas quem visita o cemitério com frequência sabe que nem sempre o mato está capinado. É muito triste porque nem mortas algumas pessoas conseguem descansar em um lugar decente", criticou a vendedora Olga Silva, que enfeitava o túmulo da mãe.
Um dos túmulos mais visitados foi o da famosa Menina Sem Nome. O caso da garota encontrada morta em 1970 na praia do Pina, Zona Sul do Recife, com as mãos atadas e sem roupa, teve grande repercussão na época. Mas a identidade da jovem jamais foi conhecida. A ela são atribuídos milagres e graças alcançadas. Em sua sepultura depositam doces, brinquedos e cartas.
Mas os fiéis garantem que as visitas não ficam restritas apenas ao dia 2 de novembro. "Venho muito ao cemitério organizar o túmulo de uma tia e sempre que passo por aqui vejo velas acesas, muitas bonecas e cartas. Eu mesma já deixei um pacote de balas aqui. Tenho muita pena porque essa menina sofreu bastante antes de morrer e acabei criando um certo carinho por ela", diz a dona de casa Luzia Santos, de 56 anos.
O aposentado Paulo Antunes, de 76 anos, também levou um pacote de balas para o túmulo da garota e conta que visita a sepultura todos os anos. "Em 2007 tive um problema de saúde e um amigo fez uma promessa para ela. Agora, saudável, eu sempre venho trazer um pacote de balas como agradecimento. Tudo que se pede com bondade se alcança", explica.
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