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Cinco sacerdotes católicos fuzilados pela Comuna de Paris, uma insurreição popular ocorrida na França em 1871, foram beatificados como "mártires" neste sábado (22), em cerimônia presidida por um representante do papa Francisco.

Cerca de 2.500 pessoas assistiram ao ofício religioso na igreja de Saint-Sulpice na capital francesa, que contou com a presença do arcebispo de Paris, Laurent Ulrich, de bispos e membros de congregações religiosas, segundo constatou a AFP.

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Durante a missa, foi lida uma carta de Francisco, que pediu que esses homens "possam, a partir de agora, ser chamados de bem-aventurados e celebrados em 26 de maio de cada ano", em referência à data em que foram executados há quase 152 anos.

O Vaticano abriu caminho para sua beatificação em novembro de 2021, quando reconheceu o "martírio" desses sacerdotes - Henri Planchat, Ladislas Radigue, Polycarpe Tuffier, Marcellin Rouchouze e Frézal Tardieu - que "morreram por ódio à fé".

Os religiosos foram executados ao final da Comuna, uma insurreição que eclodiu após a derrota das tropas francesas para a Prússia e durante a qual se instaurou um breve governo popular em Paris, entre 18 de março e 28 de maio de 1871.

Segundo o historiador Eric Fournier, especialista desse período, essas beatificações marcam "o retorno de uma memória clerical e conservadora sobre a Comuna".

Ciente da polêmica, o cardeal Marcello Semeraro, representante do papa argentino, referiu-se ao episódio como "uma história complexa" e pediu orações por todos os mortos naquela insurreição.

A repressão à Comuna, um movimento que continua sendo uma referência para boa parte da esquerda em todo o mundo, deixou entre 6.500 e 20.000 mortos, segundo estimativas de historiadores.

Uma arquidiocese americana - cujos bispos titular e auxiliar foram afastados pelo papa de suas funções por serem acusados de encobrir um sacerdote acusado de pedofilia - anunciou nesta semana que suspendeu de suas funções dois sacerdotes suspeitos de agressões sexuais contra menores.

Os dois anúncios ocorreram às vésperas da visita do papa Francisco aos Estados Unidos, que começará no próximo 22 de setembro. Francisco tem adotado severas medidas contra a pedofilia, cujas crescentes denúncias têm afetado gravemente a imagem da Igreja Católica nos último anos.

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"O padre Joseph Gallatin foi afastado de sua função e seu caso, que implica denúncias de agressões sexuais a um menor, foi enviado a Roma", declarou em um comunicado a arquidiocese de Saint Paul e Minneapolis (norte) em um comunicado emitido na quarta-feira.

A arquidiocese explica que as denúncias contra este sacerdote começaram em 1998 e após "informações adicionais" recebidas no ano passado, decidiu-se afastá-lo de suas funções, o que implica que não poderá celebrar missas, vestir camisa clerical romana ou se apresentar como sacerdote.

A mesma arquidiocese havia anunciado no sábado que denunciou à polícia e suspendeu temporariamente outro sacerdote, Robert Fitzpatrick, por abuso contra um menor nos anos 1980.

O papa Francisco aceitou em junho a demissão dos dois bispos que lideravam esta diocese de Minnesota, o arcebispo John Clayton Nienstedt e seu vice, Lee Anthony Piché, como exigiam grupos de vítimas de abusos sexuais por parte de sacerdotes.

A justiça americana acusou o arcebispo de ter ignorado as repetidas denúncias contra um sacerdote, Curtis Wehmeyer, atualmente na prisão após ser condenado pelo abuso de dois menores.

Em abril, outro bispo americano, Robert Finn de Kansas City (centro), teve que renunciar depois que a justiça o declarou culpado por não denunciar outro sacerdote pedófilo.

A Santa Sé anunciou em junho a criação de uma nova instância eclesiástica para sancionar os bispos culpados de negligência com os padres sob sua autoridade.

Em julho passado, a Santa Sé abriu pela primeira vez um julgamento contra um prelado (líder eclesiástico) acusado de abusos sexuais a menores, o polaco Józef Wesolowski, que foi núncio (embaixador do papa) na República Dominicana e morreu no último 28 de agosto.

Onze dos indiciados em um caso de pedofilia dentro da Igreja Católica espanhola, que atraiu a atenção do Papa Francisco, não poderão ser julgados, em função da prescrição dos fatos, segundo uma decisão judicial anunciada nesta segunda-feira.

A ONG de defesa dos direitos das crianças Prodeni, que assumiu a acusação popular neste caso, o mais grave na Igreja católica espanhola pelo número de envolvidos, anunciou imediatamente que vai apelar da decisão.

"Este processo acaba de começar (...), que a opinião pública tenha confiança de que vamos esgotar as possibilidades", declarou à AFP o presidente da Prodeni, Juan Pedro Oliver, considerando que "ainda há provas a apresentar".

Para este advogado de profissão, os fatos deveriam ter sido qualificados como "agressão sexual", o que teria evitado a prescrição do crime para 11 dos acusados. Em Londres, a associação de vítimas de abusos sexuais por sacerdotes SNAP denunciou uma decisão "que parte o coração", pedindo que outras possíveis testemunhas saiam das sombras.

"Suspeitamos firmemente que os envolvidos exploraram com êxito os aspectos do processo para escapar da justiça. Se for o caso, deveriam se envergonhar", escreveu a SNAP.

O juiz Antonio Moreno, do tribunal de Granada, sul da Espanha, considerou que, segundo a lei, era preciso "declarar a prescrição dos delitos de abuso sexual sem penetração, exibicionismo e acobertamento" para os nove sacerdotes e dois laicos denunciados por um rapaz espanhol.

Só o sacerdote da paróquia que ele frequentava quando era menor deveria, em sua opinião, ser julgado. O padre foi indiciado por fatos que "podem ser constitutivos de delito de abuso sexual continuado com introdução do membro corporal por via anal, e tentativa de introdução de membro viril".

Segundo a decisão por escrito do magistrado, datada de 26 de janeiro, este tipo de crime deve ser denunciado em um prazo máximo de três anos após a maioridade da vítima, de acordo com o previsto no código penal em vigor na época dos fatos, e que foi endurecido posteriormente.

O escândalo explodiu em novembro depois que a vítima, agora com 25 anos, informou sobre os abusos sexuais que sofreu quando era menor de idade em uma carta dirigida ao pontífice.

Francisco incentivou a vítima a denunciar os culpados judicialmente. Segundo o auto judicial, os 12 acusados, dez padres e dois laicos, foram imputados como autores ou cúmplices dos supostos abusos cometidos contra o homem entre 2004 e 2007, quando tinha entre 14 e 17 anos, em um chalé em Granada.

A vítima era membro da Opus Dei e foi seduzido pelo padre da paróquia que frequentava como participante do coro. Depois, pelo menos outra pessoa, hoje com 44 anos, denunciou uma tentativa de agressão sexual no mesmo entorno, que remonta a 1991.

Francisco expressou em 25 de novembro sua "enorme dor" depois de ter conhecimento deste caso através da carta da vítima, que disse temer que outros menores estivessem envolvidos.

Desde sua eleição em março de 2013, o papa Francisco defende a tolerância zero contra a pedofilia, que pode ter produzido milhares de vítimas no mundo todo, atingindo em cheio a credibilidade da Igreja católica.

O papa Francisco ordenou neste domingo (11) como sacerdotes 13 diáconos, entre eles um brasileiro, e pediu para que sejam sempre misericordiosos com seus fiéis. "Realmente me dói quando me encontro com pessoas que já não se confessam porque são maltratadas ou repreendidas", declarou o papa argentino durante a missa de ordenação na Basílica de São Pedro.

"Não fechem nunca as portas da Igreja na cara das pessoas. Por favor, não façam isso. Tenham misericórdia", declarou Francisco. "Não são vocês os donos da doutrina. A doutrina é do Senhor", acrescentou o Sumo Pontífice.

Seis dos 13 sacerdotes, que colocaram o rosto na terra como parte do ritual de ordenação, procedem da Itália, e os demais vêm de Brasil, Chile, Equador, Paquistão, Coreia do Sul, Venezuela e Vietnã.

O papa Francisco propõe um enfoque mais tolerante e pastoral que seus antecessores, afirmando, por exemplo, que os sacerdotes devem batizar os filhos de casais católicos não casados e de mães solteiras. O pontífice também declarou que a Igreja católica não deve ficar obcecada com temas como o aborto, a anticoncepção e o casamento homossexual, embora não tenha pedido mudanças na doutrina católica sobre estes temas.

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