Tópicos | Roque Santeiro

A GloboPlay trouxe para seu catálogo um grande clássico das telenovelas brasileiras, o folhetim Roque Santeiro. A produção ficou disponível na plataforma na última segunda (21) e, para divulgar a novidade, a Globo apostou na ‘alfinetada’ ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e à atriz Regina Duarte, ex-secretária do atul governo, fazendo uma brincadeira com falas da própria novela.

No vídeo que divulga o retorno de Roque Santeiro, algumas imagens da novela aparecem entre os dizeres: “Todo mito tem uma história, uma história de fé e de intere$$es. Mas a verdade é que mitos não existem (sic)”. A trama, escrita por Dias Gomes e Aguinaldo SIlva, foi exibida originalmente em 1985 e protagonizada pelos atores Lima Duarte e Regina Duarte, que recentemente trabalhou como secretária especial do governo Bolsonaro. 

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A divulgação da novela conta, também, com algumas colagens de falas dos personagens. Entre elas, aparece o número 17 - usado por Bolsonaro durante as últimas eleições presidenciais -, e tiradas como: “O que esse cara fez de tão importante?”; e "Em qualquer cidade normal, esta mulher estaria ou na prisão ou então em um hospício né!", essa última logo após o surgimento de Regina Duarte em uma das cenas.

 

Na internet, o público se divertiu com a chamada e logo apontou a ‘alfinetada’ tanto em Boslonaro quanto em Regina. “Alguém dá um Oscar para esse editor”; “Agora é capaz dele até BATER em algum repórter, parece que a Globo começou a dar a letra”: “Globoplay é muito debochada, adoro”; “Que ironia”. 

 

A saga de clássicos no Globoplay não para. O plataforma de streaming disponibilizou no seu catálogo, nesta segunda-feira (21), a novela 'Roque Santeiro'. Exibida originalmente em 1985, a trama escrita por Dias Gomes e Aguinaldo Silva foi protagonizada pelos atores Lima Duarte e Regina Duarte. Em uma entrevista ao Gshow, Lima contou como foi a criação do bordão 'Tô certo ou tô errado?', do personagem Sinhozinho Malta.

"O rapaz do som falou: 'Seu Lima, você fala muito com a mão e faz muito barulho'. Falei: 'Vamos incorporar'. Quando você me propuser uma coisa, eu falo: 'Tô certo ou tô errado?'. E sacudo o ouro na sua cara. O homem que sacudir uma pulseira de ouro na sua cara, você vai dizer que ele está certo", explicou o veterano.

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Misturando histórias de fé e sátiras políticas, o folhetim da fictícia cidade Asa Branca também fez sucesso com o talento de José Wilker, Fábio Júnior, Yoná Magalhães, Lucinha Lins, Claudia Raia, Maurício Mattar, Eloísa Mafalda, Paulo Gracindo, Lídia Brondi, Patrícia Pillar,  Ary Fontoura, entre outros astros.

Em 1975, a primeira versão de Roque Santeiro chegou a ser censurada da Globo no período da ditadura militar. A produção estava com 30 capítulos já gravados. Na época, a Viúva Porcina foi interpretada por Betty Faria. A personagem dela ficou a cargo de Regina Duarte dez anos depois.

Como crítica à censura, a cena de abertura de Roque Santeiro, em 1985, exibiu em uma parede a frase 'Diretas Já!'. O movimento marcou a retomada das eleições diretas ao cargo de presidente da República no Brasil.

Rui Rezende, que interpretou Astromar Junqueira na novela Roque Santeiro, personagem que se transformava em lobisomem, pediu abrigo ao Retiro dos Artistas recentemente. Segundo informações do jornal Extra, o ator de 81 anos de idade está na filial da instituição em Minas Gerais, onde nasceu, para ficar mais próximo de seus amigos.

Essa semana, Rui apareceu em um vídeo publicado pelo perfil oficial do Retiro no Instagram.

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- Olá! Aqui é o ator Rui Rezende. É só para dizer que eu estou chegando ao Retiro dos Artistas. Por enquanto está tudo correndo bem. Estou me adaptando, colocando as minhas coisinhas... Quero ser feliz!, diz Rui.

Quem nunca foi pego falando algum bordão de novela, que atire a primeira pedra. Por conta de histórias bem pensadas, trilhas sonoras da atualidade e personagens carismáticos, o termômetro de sucesso dos folhetins brasileiros tem sua medição nas alturas quando as interpretações dos atores escalados caem na graça do povo.

Diversos escritores incluem em seus textos algumas frases que possam repercutir nas ruas, mas na maioria das vezes o improviso torna-se o grande protagonista durante as gravações das cenas, recebendo o nome de caco. Por isso, relembre cinco bordões ditos nas novelas e reproduzidos entre os telespectadores.

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"Tô certo ou tô errado?" - Sinhozinho Malta

Em 1985, o público noveleiro não desgrudava os olhos da televisão quando "Roque Santeiro" estava no ar. A fictícia cidade de Asa Branca foi recheada de mistérios, aventuras e palavras engraçadas. Apaixonado pela Viúva Porcina, o poderoso Sinhozinho Malta foi um dos personagens que fez muita gente cair na gargalhada. O bordão "Tô certo ou tô errado?", seguido do braço balançando o relógio, popularizou o carisma de Lima Duarte com o personagem.

"Stop, Salgadinho" - Lucineide

Regina Dourado não viveu o papel principal de "Explode Coração", de Glória Perez, mas era responsável por movimentar o núcleo de humor. Na trama, Lucineide era casada com Salgadinho, interpretado pelo ator Rogério Cardoso, onde viviam discutindo com muita graça na lanchonete que os dois possuíam. Sempre atualizada, decidida e barraqueira, Lucineide eternizou a trama das nove com a frase hilária "Stop, Salgadinho". 

"Catiguria" - Bebel

Vivendo um romance muito louco com Olavo, personagem de Wagner Moura, Bebel era uma garota de programa que queria viver um grande amor e sair das ruas de Copacabana. Passeando pelo drama e humor, a personagem de Camila Pitanga sofria com a língua portuguesa. Sem modos sociais, e falando sempre errado, Bebel se transformou em 'Patrimônio da Teledramaturgia' com o seu charme de "catiguria". Lutando para dizer que "tinha categoria", a moça era um dos pontos altos da novela "Paraíso Tropical" em 2007.

"Não é brinquedo, não" - Dona Jura

Considerado um dos bordões de maior repercussão na história da televisão brasileira, Dona Jura conquistou diferentes públicos ao longo de "O Clone". Entre 2001 e 2002, a atriz Solange Couto, que atualmente integra o elenco da novela das sete "O Tempo Não Para", viralizou o icônico "Não é brinquedo, não" para a trama de Glória Perez. Segundo Solange, a frase surgiu em meio a uma discussão de trânsito. Autorizado pela direção da novela, Solange Couto colocava a frase na maioria dos seus diálogos com os colegas de cena.

"Are Baba" - Elenco indiano de "Caminho das Índias"

Mais uma novela de Glória Perez entrou no cotidiano das pessoas. Protagonizada pelos atores Rodrigo Lombardi e Juliana Paes, a novela "Caminho das Índias" virou uma verdadeira fábrica de bordões no ano de 2009. Vencedora do Emmy Internacional, a trama montou um dicionário com frases do dialeto indiano. Quando a trupe de Maya e Raj aparecia na telinha, o bordão "Are Baba" ultrapassava a linha da ficção e chegava na casa dos brasileiros em formatos de espanto e risos.

Fotos: Reprodução/TV Globo/YouTube

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Neste sábado (11), comemora-se o "Dia da Televisão", um dos principais meios de comunicação que conecta, diariamente, as pessoas com informações e entretenimento. A data é celebrada não pela sua criação, mas para registrar a homenagem feita à Santa Clara de Assis.

Em 18 de setembro de 1950, no Brasil, o empresário Assis Chateaubriand inaugurou a inesquecível TV Tupi, no canal 3. De lá para cá, as mudanças foram exploradas. As programações começaram a ganhar formas, emissoras nasceram e tendências invadiam os cenários do mundo da moda.

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A partir de 1970, as brasileiras começaram a se espelhar nas atrizes que sempre apresentavam uma novidade nas tramas dos mais renomados autores, como Mário Prata, Walther Negrão, Ivani Ribeiro e Janete Clair. Foi através das novelas que as mulheres começaram a copiar os looks para compor momentos marcantes em casa, trabalho e festas.

Passeando por histórias que eternizaram grandes nomes da teledramaturgia, o LeiaJá escolheu dez sucessos, entre roupas e acessórios, que movimentaram as telespectadoras com criatividades e atitudes.

Dancin' Days - 1978

A novela marcou a estreia de Glória Pires, aos 15 anos, dando vida a personagem Marisa. O talento da então adolescente dividiu atenções com os figurinos explorados na obra de Gilberto Braga. A atriz Sônia Braga, a ex-presidiária Julia Matos, causou burburinhos com as roupas que usava. As mulheres começaram a usar as meias coloridas entre as sandálias, e ousaram nos tops e macacões, sempre embaladas pelo hit homônimo da novela, interpretado pelo furacão As Frenéticas.

Roque Santeiro - 1985

O folhetim de Dias Gomes completou 30 anos em 2015. Mergulhada no humor, a fictícia cidade Asa Branca se rendia ao estilo excêntrico da Viúva Porcina. As tendências usadas pela personagem de Regina Duarte fizeram muitas pessoas abusarem de cores e tecidos, vindo à tona maquiagens expressivas e o uso constante de turbantes e grandiosos óculos escuros.

Valeu Tudo - 1988

Os anos 80 foram recheados de novidades em inúmeros temas abordados nos folhetins. Enquanto o Brasil parava para saber quem tinha matado Odete Roitman, a vilã de Beatriz Segall, as mulheres adotavam no salão de beleza um corte de cabelo inspirado na Solange, intérprete de Lídia Brondi. Os cabeleireiros eram responsáveis por reproduzir o mesmo visual de Lídia, que exibia no horário nobre uma franja reta e curta. O tom vermelho chamava a atenção.

Quatro por Quatro - 1994

A ex-paquita Letícia Spiller, a Pituxa Pastel do "Xou da Xuxa", servia de inspiração para as meninas que queriam auxiliar a "rainha dos baixinhos". O tempo passou, Letícia cresceu e o talento como atriz agradou o escritor Carlos Lombardi. Em 1994, Spiller protagonizou sua primeira novela. Interpretando a intensa Babalu em "Quatro por Quatro", a ex-esposa do ator Marcelo Novaes ditou moda. No núcleo de humor, Letícia Spiller teve o seu figurino na trama como referência entre o público feminino. Ela abusava de blusas tomara-que-caia, com tecidos leves e floridos, e sempre usava sandálias com meias à la "Dancin' Days", de 1978.

O Cravo e a Rosa - 2000

Os 221 capítulos de "O Cravo e a Rosa" renderam no horário da seis muitos risos, raivas e apego pelos personagens. Com aproximamente 18 novelas no currículo, Adriana Esteves também foi marcada pela moda. Vivendo a furiosa, justiceira e apaixonante Catarina, Esteves repercutiu fora das telas. A protagonista de Walcyr Carrasco, em 2000, fez a mulherada mudar o estilo da cabeça aos pés. Ela adotou um corte Chanel, usava lenços coloridos e brilhosos, e exibia jóias que sempre se destacavam nas cenas com imagens de closes.

O Clone - 2001

Depois de viver a garota de programa Capitú em "Laços de Família", em 2000, Giovanna Antonelli teve que se preparar para ser protagonista, no ano seguinte, na novela de Glória Perez. Vivendo a sonhadora Jade, que tinha os sentimentos julgados pelos parentes do Marrocos, país localizado no norte da África, Giovanna tornou-se espelho entre os apaixonados por moda. Com lápis fortes contornando os olhos, a mulçumana vivida por ela mostrava novidades. Além da maquiagem bem marcada, a mocinha da trama ostentava brincos e pulseiras folheados a ouro, sem contar nas ínumeras estampas por meio de tecidos sofisticados e exclusivos.

Cobras e Lagartos - 2006

Sucesso às 19h com os personagens Foguinho, Bel, Estevão e Elen, a obra de João Emanuel Carneiro deu o que falar. Comparada com o que era apresentado no horário das nove, a novela "Cobras e Lagartos" gerava bons resultados na audiência, principalmente quando Carolina Dieckmann surgia. A malvada Leona serviu de referência para quem precisava dar uma repaginada no visual. A atriz teve que platinar os cabelos, adotou franja (que sempre era adaptada com o corte) e aparecia sempre bem vestida com botas de cano longo, sem contar nos brincos que passavam dos ombros.

A Favorita - 2008

Mais um folhetim assinado por João Emanuel Carneiro, que está atualmente no ar em "Segundo Sol". O autor reuniu grandes nomes da televisão, como Patrícia Pillar, Claudia Raia, Glória Menezes e Tarcísio Meira. Entre os astros, João Emanuel escalou Mariana Ximenes para interpretar Lara. Mariana adotou um estilo que marcou sua carreira na TV. A loira cortou os cabelos no estilo Joãozinho e sempre era vista com sutiã à mostra. A peça íntima, que sempre tinha um modelo diferente a cada capítulo, passou a integrar no guarda-roupa feminino em qualquer situação do cotidiano.

Salve Jorge - 2013

Doze anos após protagonizar "O Clone", Giovanna Antonelli estava causando nos bastidores da TV Globo. O motivo era simples: mulheres que queriam saber detalhes do figurino usado por ela. Ela mais uma vez estabelecia atitude no que mostrava à frente das câmeras. Na pele da delegada Helô, Antonelli fazia sucesso quando aparecia usando celular. O aparelho sempre tinha uma capa diferente a cada aparição nas cenas, movimentando também a moda através do uso de calças bocas de sino e sobreposição de cintos. As pulseiras extravagantes cobriam as mangas das blusas.

A Força do Querer - 2017

Já dizia a estilista francesa Coco Chanel: "Para ser insubstituível, você precisa ser diferente". Foi seguindo essa frase que Juliana Paes cravou sua trajetória na teledramaturgia ao interpretar Bibi em "A Força do Querer". Cheia de personalidade em cena, Bibi "Perigosa" resgatou um item que causou frisson na moda, no final dos anos 90. A personagem trouxe de volta o uso da gargantilha de veludo. Sempre destacando com uma jóia, o acessório virou febre novamente no comércio brasileiro. A novela acabou e a poeira avassaladora da peça também.

Fotos: Reprodução/TV Globo/YouTube

 

Banhadas pelas águas do Rio Capibaribe, estruturas precárias abrigam gritos por uma cidade digna. Madeiras ou qualquer outro objeto que amenize os efeitos do sol e da chuva são utilizados em comunidades que resistem na história urbana da capital de Pernambuco, negligenciadas pela ausência de políticas públicas que pudessem garantir lares para centenas de famílias. O mesmo rio que embeleza nossa Aurora, cortado pelas belas pontes do Centro do Recife, também circunda barracos cheios de cidadãos que clamam por melhorias. Na Veneza Brasileira, as palafitas persistem e reforçam uma linha de desigualdade social tão clara aos olhos da sociedade e do poder público.

Há anos essas moradias significam a única opção de lar para muitos recifenses. O Recife das palafitas, sobretudo, sempre foi foco de intervenção municipal em diversas gestões, porém, nem todas as famílias foram contempladas por moradias bancadas pela prefeitura local ou governo federal. No bairro dos Coelhos, área central da cidade, várias comunidades ainda se utilizam das precárias estruturas construídas diante do Capibaribe, mas não desistem de cobrar ajuda em busca de lares dignos.

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Nem mesmo o calor, causado pelas lonas que servem para evitar goteiras, atrapalha o serviço de Maria José Pereira da Silva, de 55 anos. Na palafita onde reside há uma década, na comunidade Roque Santeiro I, bairro dos Coelhos, a senhora se aperta junto com dois filhos para caminhar entre a estrutura que representa a única opção de moradia da família. Ela precisa tratar os peixes que comercializa no Centro da cidade, afinal de contas, o sustendo dela e da família vem do trabalho, responsável por uma renda inferior a um salário mínimo. Em meio a tábuas e madeiras desgastadas pela ação do tempo, além de fiações elétricas expostas e um banheiro montado em meio a frestas que a qualquer momento podem causar acidentes, dona Maria luta, diariamente, a fim de garantir o mínimo de conforto para os filhos.

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Prática comum durante a construção das palafitas, um aterramento foi utilizado por dona Maria durante o levante da sua casa. Ela comprou o espaço por R$ 1.200 a uma senhora que não mais reside na comunidade. Da transação, Maria guardou apenas um recibo de compra. A estrutura precária, sempre banhada pelas águas do Capibaribe, instiga um alerta constante para as quase 240 famílias da comunidade Roque Santeiro. Como as palafitas podem cair a qualquer momento, resta aos moradores arrumar madeiras que servem de reparos contínuos. "Quando a maré sobe, a água chega a entrar em casa. Tem rato, barata, o risco de acidente é grande. Mas é o jeito, não tenho canto para morar em outro lugar. É melhor do que pagar aluguel, até porque não tenho condições", diz Maria José.

Nos becos estreitos da comunidade, as paredes de tábua se colorem em meio aos cartazes eleitorais que restaram após as últimas eleições. Também existem inúmeros cadastros da Prefeitura do Recife, que segundo os moradores locais serviriam, teoricamente, para fazer um levantamento de quantas pessoas precisam sair das palafitas para moradias dignas. Mas de concreto, o que há, até o momento, é o sofrimento de famílias jogadas à sujeira, entulhos, roedores, insetos, riscos de acidentes, além da falta de saneamento básico.

Auxiliar de serviços gerais, Larissa da Silva, 19 anos, cresceu entre as palafitas e até hoje assiste ao Capibaribe da janela improvisada do seu lar. Seria poético se o contexto representasse a apreciação do principal rio da capital pernambucana, mas a realidade é fruto da falta de habitação digna para a jovem e sua família. Ela tem um garoto de seis anos e também reside na Roque Santeiro, dividindo a estrutura de madeira com a irmã e sua mãe. O discurso de Larissa é de desapontamento, pois afirma que ouviu inúmeras promessas políticas, mas até o momento nada aconteceu. Em entrevista ao LeiaJá, ela e dona Maria José mostraram a dura e persistente realidade das palafitas do Recife:

Entre o ofício e a moradia precária

Bem próxima de um dos bairros mais nobres do Recife - Boa Viagem -, outra comunidade resiste ao tempo e aos malefícios da falta de saneamento básico das palafitas. Mais de 150 famílias vivem entre lixos, ratos, baratas, madeiras velhas, num local onde a esperança por uma vida melhor dá seus últimos suspiros. No bairro do Pina, Zona Sul do Recife, o Beco do Sururu – situado às margens de um estuário - acumula centenas de pessoas, a maioria pescadores, sedentas por uma solução concreta.

De acordo com o pescador José Carlos de Abreu, de 61 anos, a situação das palafitas é cada vez mais precária. Morador do Beco do Sururu há 25 anos, ele tenta manter a esperança por ações políticas que pudessem mudar a realidade, mas confessa que, aos poucos, a situação o deixa mais incrédulo. Ele diz que já ouviu promessas políticas dos mais diversos partidos, porém, nada saiu do papel.

“Aqui, o estado é crítico. Tem muito rato, estou vendo a hora pegar uma doença. Muitos políticos vieram aqui nas eleições, mas até agora só fizeram cadastro. As crianças correm o risco de cair entre as madeiras velhas. É horrível”, desabafa pescador.

Nora de seu José, a pescadora Josélia Francisca Lima, 23 anos, sentiu na pele os efeitos da estrutura precária. “Eu cozinhando aqui no barraco, de repente, a panela explodiu. Pegou fogo! A sorte foi que o vizinho viu e ajudou eu e meu filho a sair de casa”, conta Josélia. Por sorte, ela e a criança sofreram apenas pequenas queimaduras, mas na comunidade, não faltam relatos de acidentes e incêndios ainda mais sérios.

Além de seu José Carlos, outra moradora sabe bem o que é viver em busca de uma moradia digna. A marisqueira Ester Gomes, 49 anos, reside no Beco do Sururu há pelo menos duas décadas. Para ela, a melhor solução seria que a Prefeitura do Recife construísse outras moradias para acolher as famílias da comunidade, mas apesar da vontade de sair das palafitas, ela confessa que muitos moradores, por viverem da pesca, preferem um endereço próximo ao Pina. Confira, no vídeo a seguir, relatos do pescador José Caros e da marisqueira Ester:

PCR promete novas ações, mas empaca no governo federal 

Em nota enviada ao LeiaJá, a Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria Executiva de Habitação, informou que entregou, em junho de 2016, o Habitacional Travessa do Gusmão, situado no bairro de São José, área central da cidade. Na ocasião, foram entregues 160 apartamentos “destinados às comunidades residentes em palafitas localizadas às margens do Rio Capibaribe”. De acordo com a Secretaria, esse conjunto beneficiou parte do bairro dos Coelhos.

Já no que diz respeito ao habitacional Vila Brasil II, situado na Ilha Joana Bezerra, a Secretaria de Habitação diz que existem 320 moradias, mas as obras ainda não foram concluídas. Para isso, a Prefeitura “aguarda a reabertura dos financiamentos do programa federal Minha Casa, Minha Vida para dar início ao processo licitatório”.  Segundo a Secretaria, ainda não é possível estabelecer um prazo para a retomada das obras, justamente porque o procedimento necessita de recurso federal, entretanto, o local, ao ser concluído, poderá servir de moradia para os moradores da comunidade Roque Santeiro.

Procurada pelo LeiaJá, a Caixa Econômica Federal, que é a instituição responsável pelo programa “Minha Casa, Minha, Vida”, informou que a documentação inicial do empreendimento Vila Brasil II foi apresentada no início de maio deste ano pela empresa ganhadora do chamamento público realizado. “A documentação está em análise, aguardando complementação, para encaminhamento ao Ministério das Cidades”, consta na nota do banco. O prazo para esse procedimento, porém, ainda não foi definido. 

Em relação aos moradores do Beco do Sururu, no Pina, a princípio ainda não foi definido em qual conjunto habitacional eles poderão morar. Por outro lado, a Prefeitura do Recife destaca que, durante a atual gestão, 12 habitacionais foram entregues, sendo boa parte deles destinada a pessoas que viviam em palafitas.

 

“Na atual gestão foram entregues 12 Conjuntos Habitacionais com 1.346 unidades (casas e apartamentos). Cada residência é dotada com um novo padrão construtivo, com sala, dois quartos, cozinha, banheiro e área de serviço. Todas as unidades habitacionais contam com cerâmica nas áreas molhadas (banheiro e cozinha), além de equipamentos de acessibilidade”, informou a Secretaria de Habitação do Recife. 

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