A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) vai aumentar a captação de água do Sistema Cantareira nos próximos dias para aliviar o racionamento imposto à população por meio da redução da pressão durante o período de festas de Natal e réveillon. Cerca de 5,2 milhões de pessoas são abastecidas pelo manancial na região metropolitana e a tendência é de que o consumo aumente no verão.
A Agência Nacional de Águas (ANA), do governo federal, e o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), estadual, aceitaram o pedido da empresa para ampliar o limite de retirada de água do manancial dos atuais 13,5 mil para 15 mil litros por segundo na média deste mês, volume suficiente para abastecer até 600 mil pessoas.
##RECOMENDA##Segundo os gestores, a medida visa a amenizar os cortes diários no fornecimento de água, mais longos para quem mora em regiões altas e nos extremos da rede, e não compromete a recuperação do sistema, que subiu 5,8 pontos porcentuais apenas nos últimos 17 dias. Na quinta-feira, 17, o nível do Cantareira chegou a 25,4% da capacidade, considerando as duas cotas do volume morto. Na prática, o manancial ainda tem cerca de 38 bilhões de litros da reserva profunda que não foram recuperados, o que equivale a 3,9% abaixo de zero.
Projeções
Estimativas feitas pelo DAEE mostram que mesmo com o aumento da retirada de água para 15 mil l/s, o Cantareira deve recuperar totalmente o volume morto ainda neste mês. As projeções apontam que o sistema deve encerrar 2015 com 290 bilhões de litros, o que o deixaria ligeiramente acima do nível zero operacional.
Em seu pedido, a Sabesp argumenta que a entrada de água nas represas que formam o Cantareira tem superado a média histórica do mês (5% acima até ontem), fato que não ocorria no manancial desde 2012. Até agora, a vazão afluente aos principais reservatórios está em 49,6 mil litros por segundo, ante uma média histórica de 46,9 mil l/s. Em dezembro de 2014, por exemplo, o índice foi de apenas 12,7 mil l/s.
Caso continue chovendo bem e vazões dos rios permaneçam próximas do esperado, a tendência é de que o novo limite de retirada em 15 mil l/s seja renovado em janeiro. Com esse volume, o Cantareira volta a se aproximar da produção do Sistema Guarapiranga (15,5 mil l/s), que passou a ser o maior fornecedor de água da Grande São Paulo neste ano.
Segundo estimativas feitas pelo DAEE, se o cenário se mantiver no próximo mês, mesmo com o aumento da exploração do sistema, o Cantareira pode encerrar janeiro de 2016 com estoque de 83 bilhões de litros acima de zero, ou seja, 8,5% da capacidade, sem incluir o volume morto, que começou a ser utilizado pela Sabesp em maio de 2014. Embora simbolize uma importante virada na situação hídrica, o índice seria muito inferior ao mesmo período do ano passado, quando a crise foi deflagrada. À época, o manancial tinha 22,2% da capacidade.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.