Um grupo de pesquisadores assegurou nesta sexta-feira (11) ter identificado particularidades genéticas que poderiam explicar porque alguns pacientes sofrem formas mais severas da covid-19, o que poderia, segundo eles, melhorar os tratamentos.
"A beleza da genética é que pode prever os efeitos de um medicamento. O realmente excitante deste estudo é que identificamos genes que estão diretamente implicados do ponto de vista terapêutico, o que pode levar a tratamentos", explicou o principal autor do estudo, publicado na revista Nature, Kenneth Baillie, da Universidade de Edimburgo.
##RECOMENDA##Para tentar determinar porque alguns pacientes sofrem com as formas mais severas da doença, os pesquisadores analisaram o genoma de mais de 2.000 britânicos, muito afetados pela covid-19.
Comparando o genoma com o de outras pessoas, eles encontraram oito sequências genéticas comuns nos doentes graves de covid. Estas sequências desempenharam um papel determinante na resposta inflamatória do organismo para combater agentes patogênicos como o novo coronavírus.
Ao aprofundar este exame, eles conseguiram isolar dois genes em particular - TYK2 e CCR2 -, cujo papel é codificar as proteínas implicadas na resposta inflamatória do organismo.
Teoricamente, agir nestas substâncias poderia diminuir a gravidade da doença.
"Demonstramos que os genes que produzem mais proteína TYK2 representam mais riscos de covid. Agora existe um medicamento no mercado que a inibe", explicou Kenneth Baillie durante coletiva de imprensa on-line.
O grupo de remédios que limita a ação da proteína TYK2, denominados inibidores das Janus quinases (JAK), são usados em particular contra a poliartrite reumatoide, uma doença inflamatória.
Também está sendo testado um tratamento mediante anticorpos de síntese, que combate a ação da proteína CCR2, explicou Baillie.
É urgente testar estes medicamentos em pacientes graves de covid-19, pediram Baillie e seus colegas.
Nos últimos meses, várias pistas genéticas foram exploradas para tentar explicar as formas mais agressivas do novo coronavírus.