A Polícia Civil de Pernambuco está prestes a concluir as investigações da causa da queda do menino Matteo Melaragni, de seis anos, que caiu do 21º andar do edifício Evolution Sun Park, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Após quase três meses do acidente, a perícia do Instituto de Criminalista (IC) concluiu que houve falha na instalação da rede de proteção e irregularidades na qualidade do material utilizado. De acordo com a polícia, o laudo pericial confirmou que com o peso da criança, a corda que ligava a tela de proteção ao gancho fixado na parede rompeu.
De acordo com as regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), as redes de proteção para edificações devem aguentar até 80 kg a 8km/h. Vários ganchos de proteção estavam abertos, não só na tela de proteção do quarto da criança, mas em toda a casa. Além disso, o laudo também apontou que a distância entre os ganchos estava muito grande e além do que se é indicado pela ABNT. A tela havia sido instalada pelo proprietário do apartamento há um ano e quatro meses, antes da família de italianos locar o imóvel.
##RECOMENDA##Em depoimento, o responsável pela empresa que instalou a rede de proteção no apartamento afirmou que o fabricante assegurava pelo menos dois anos sem necessidade de manutenção do material. Responsável pela fabricação do material, a empresa Redecorda, que fica localizada em João Pessoa, na Paraíba, ainda não foi ouvida. De acordo com Carlos Couto, até o fim do inquérito, que deve durar até o início de setembro, a polícia deve colher os depoimentos da fábrica.
Durante a investigação dos peritos, foram achadas pegadas da criança próximas ao local que ele caiu. Também foram achados vários fragmentos da corda junto ao corpo da criança, o que comprova o rompimento da corda com o peso do menino. Ficou comprovado que o material estava completamente desgastado. Embora a manutenção do equipamento fique a cargo do locatário do imóvel, a rede de proteção estava dentro do prazo de validade de cinco anos, informado pelo fabricante do material.
Para concluir o inquérito, a Polícia Civil agora deve ouvir a versão do fabricante do produto, na Paraíba. Caso sejam indicados, o responsável pela empresa que instalou a tela de proteção e o administrador da fábrica do material utilizado na rede de proteção devem responder por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. A pena varia de um ano a três.
Entenda
No dia 30 de maio, o garoto de seis anos, Matteo Melaragni, caiu do 21º andar do prédio em que morava. O fato aconteceu no apartamento da Torre Sun Park, localizada dentro do Condomínio Evolution Shopping Park, próximo ao Shopping Recife, na Zona Sul.
A mãe estava com o filho mais novo de dois anos em seu quarto e, de acordo com a polícia, o menino estava deitado no quarto dele. O delegado explicou que a mãe não viu quando o garoto caiu. Um vizinho alertou ao porteiro, que interfonou para o apartamento e informou que a criança estava no chão do prédio.
Os pais da criança eram naturais da Itália, moravam na capital pernambucana há dois anos e trabalhavam na montadora Jeep. Na época os pais foram ouvidos pela Polícia Civil e a hipótese de que o garoto tivesse sido jogado foi descartada. Após a tragédia envolvendo a família italiana, o corpo da criança foi liberado e os pais retornaram para a Itália, onde realizaram o enterro do garoto.