Tópicos | Redação nota mil

O professor de redação Eduardo Pereira participou, neste sábado (21), do aulão no Rio de Janeiro para o projeto Vai Cair no Enem Pelo Brasil. Com dicas de como organizar o texto, Pereira trouxe uma aula recheada de cartas curingas para os estudantes dominarem a redação do Enem.

Um dos primeiros medos dos estudantes é sobre qual será o tema da redação. Logo no início da aula, o docente defendeu o pensamento que “o meu sucesso na redação do Enem não depende que eu saiba antecipadamente do tema, porque eu não preciso disso.”

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Nesse contexto, Pereira apresentou uma aula recheada de dicas e estratégias de o que fazer e como fazer para ter um bom texto dissertativo-argumentativo. Algumas dicas envolvem o uso de conectivos, apresentar a tese na introdução, prática de escrita e desenvolvimento da sua própria estratégia na hora de escrever.

Para melhorar o repertório de conclusão do estudante, o profissional destacou o artigo 6 da constituição federal, que defende “a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância e a assistência aos desamparados”.

Ao fim do aulão, o docente trouxe uma redação nota mil para destrinchar cada detalhe junto com os alunos presentes na transmissão, dividida pela introdução, desenvolvimento e conclusão.

Vai Cair no Enem Pelo Brasil

O Vai Cair no Enem pelo Brasil viaja por diferentes estados promovendo aulas gratuitas de revisão para ajudar os vestibulandos a revisar os conteúdos mais importantes do Enem. Iniciativa já passou pelo Pará, Ceará, Bahia, Rio de Janeiro e Pernambuco.

 

Mesmo sem aulas presenciais, estudantes de todo país seguem com a preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Dentre as disciplinas, a redação tende a ter peso maior na pontuação final. O LeiaJá, em parceria com o projeto multimídia Vai Cair No Enem, reuniu dicas que podem ajudar os estudantes a alcançarem a pontuação máxima e terem a sonhada aprovação no Exame, que pode ser definitivo para o acesso ao ensino superior.

O país atravessa um momento de crise, ocasionado pela pandemia do coronavírus. Em análise a esse cenário, o professor de Linguagens e redação, Diogo Xavier, aponta que as políticas de isolamento social têm dificultado a dinâmica de produção de redações e os respectivos feedbacks, gerando uma quebra da rotina dos estudantes.

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Para tentar reverter a situação, o professor ressalta a importância de estabelecer uma rotina. “É importante que tenham um horário fixo, dois dias na semana para a redação, a fim de ‘forçar a produção’, recomenda Xavier. Apesar da incerteza sobre o adiamento do Exame, o professor reforça que os estudantes “devem se preparar para a prova como se não houvesse chance de mudanças nas datas, assim estará pronto para qualquer situação.” Cotada como alternativa mais viável, neste período a internet participa de forma mais incisiva na educação.

Partindo deste ponto, a professora de Linguagens Ana Luiza entende que esta é a oportunidade dos estudantes ressignificarem sua relação com os estudos preparatórios para o Enem e revela um olhar mais otimista para estimular os estudantes. Observando de forma positiva, mesmo com as implicações da pandemia, o aluno “vai ter mais autonomia, ele [o estudante] vai colocar em prática o estudo eficiente e não apenas assistir aulas. O vestibulando terá que colocar a ‘mão na massa’, isso provavelmente vai acelerar o desempenho e o aprendizado dele”, explicou a professora.

Com todas essas mudanças na dinâmica de ensino, a docente, idealizadora do canal Poxa Lulu, no YouTube, traz dicas que orientam os participantes do Enem em como aplicar corretamente as cinco competências cobradas na redação. Como principal dica, a leitura e análise de redações nota mil ajuda o aluno a perceber os pontos chave para obter a pontuação máxima no Exame. Confira, abaixo, algumas dicas que podem ajudar na preparação:

Domine as competências cobradas na redação

Como premissa, é necessário que o estudante conheça e domine de forma aprofundada as cinco competências cobradas na redação do Enem, são elas: domínio da escrita formal da língua portuguesa;  compreender o tema e não fugir do que é proposto; selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista; ter conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação; e respeito aos direitos humanos.

O estudante que aprende de forma aprofundada as competências cobradas, já deu um passo importante rumo à aprovação. Nas redações produzidas no Enem 2019, analisadas pela professora Ana Luiza, notamos que a estrutura do texto é composta por quatro parágrafos, sendo um para introdução, dois parágrafos para desenvolvimento e o último para a conclusão.

Dica de ouro: estruturação

Comece o texto apresentando repertório sociocultural. Em 39 de 44 provas analisadas pela professora, iniciaram a redação desta forma. Nesta etapa, o estudante pode trazer informações de alguma área do conhecimento, em forma de dado estatístico, alusão histórica, filme, livro, série, gibi, citação filosófica, dentre outros.

Outra forma de começar o texto é usando a Constituição Federal. Este repertório foi utilizado em 27 das 44 provas verificadas. É importante reforçar que na introdução o estudante deve reapresentar o tema da redação, apresentar o repertório, além de uma tese explícita, dividida em dois argumentos.

Do total de 44 provas analisadas, 39 usaram repertório sociocultural nos três primeiros parágrafos, ou seja, na introdução, no primeiro e no segundo desenvolvimentos. A orientação é colocar repertório sócio-cultural no segundo período do desenvolvimento da redação.

Seguindo as boas práticas, no primeiro desenvolvimento, a maioria apresentou o tópico frasal com retomada do argumento da tese. Além disso, o repertório também deve reaparecer, desta vez contextualizado, para justificar o motivo de ter sido utilizado no texto. Por último, no segundo desenvolvimento, é necessário finalizar com um desfecho crítico, que demonstre o pensamento do participante.

Chegando no parágrafo da conclusão, a maioria dos estudantes retomou o repertório exposto durante o texto. Nesta parte, em que deve ser feita a proposta de intervenção, foi observado que em 30 das 44 provas do Enem 2019 houve o resgate de repertório. Não é recomendado apresentar novos argumentos ou repertórios. E, para fechar a redação de forma correta, o estudante deve a atender a elementos - agente interventor, ação interventiva, modo meio, detalhamento e finalidade -  que tornam a proposta de intervenção completa.Dessa forma, aumentam as chances dos estudantes obterem 200 pontos na quinta competência do Enem.

Conectivos

É preciso ter atenção aos conectivos. O corretor do Enem também examina, com minúcia a utilização dos conectivos conclusivos, através do repertório do estudante. Os conectivos, que ligam um período ao outro, são conjunções, advérbios e pronomes. O participante pode usar “assim, portanto, logo, dessa forma”, dentre outras. A professora, Ana Luiza, indica que os conectores textuais conclusivos sejam aplicados, também, em todos os desfechos no decorrer do texto. Confira a análise das provas:

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---> Aprenda a fazer a introdução da redação do Enem 

---> Como o filme ‘O poço’ pode cair em questões do Enem?

“Democratização do acesso ao cinema no Brasil”. Esse foi o tema da redação escolhido pelo Ministério da Educação (MEC) a prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado neste domingo (3), em todo o país. O assunto gerou discussões e opiniões polêmicas sobre a escolha governamental ao tema principal de uma das provas mais esperadas no Enem.

Segundo a professora Lourdes Ribeiro, uma das propostas de intervenção é a retomada do Ministério da Cultura, além de um maior incentivo para a construção e expansão dos cinemas através de parcerias entre Ministério e empresas privadas. Outra proposta seria a ampliação do programa de "vale cultura”, segundo a docente. “Ao prestar atenção nas palavras chaves que inclui ‘acesso’, podemos entender que se trata da acessibilidade. Sabemos que o lazer deveria ser direito de todos, contudo esse ramo do entretenimento é elitista, visto que a localização dos cinemas (em sua maioria) está em shoppings, capitais... A população que mora em cidades interioranas e partes periféricas não têm a disponibilidade nem de transporte e, menos ainda, financeira”, disse Lourdes, em entrevista ao LeiaJá.

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O professor Felipe Rodrigues alerta que o tema não deve ser considerado como difícil, mas sim diferente e inesperado. “A proposta textual trouxe uma avaliação da cultura e acesso à 7° arte, onde o aluno pode criticar os problemas que a não pluralização do acesso ao cinema, abruptamente, pode trazer. Desses, a estratificação social, assim como, a acessibilidade audiovisual podem ser contextos abordados, ou seja, atrelados à cultura”, explicou. 

Ainda sobre o texto, as propostas de intervenção, Rodrigues aconselha: “às propostas de intervenção, aos dois problemas citados, podemos  pensar no Projeto de Cinema de Rua, sendo as praças, comunidades e localidades anecúmenas os mais abrangidos; como também, investimento em incentivos à acessibilidade, na formação de instrutores, assim como, na obrigatoriedade das descrições audiovisuais, podendo ser ramificadas às libras, no tocante exibição”, disse.

Já o professor Talles Ribeiro argumenta que um dos debates que pode ser abordado pelos feras é sobre as questões que perpassam as condições sociais. “O tema deste ano do Enem traz à tona um debate riquíssimo sobre as condições que permitem o acesso a esta ferramenta. Porém os desafios para esta democratização vão além de questões culturais. Perpassam por questões sociais, econômicas e até geográficas, quando colocamos a luz da análise as condições que são criadas as salas de cinema pelo país”, disse.

Uma das propostas de intervenção selecionadas pelo docente tem a ver com a garantia “acesso dos grupos socialmente excluídos através do incentivo financeiro do governo à abertura de novas salas nessas áreas naturalmente excluídas”.

Segundo a professora Josicleide Guilhermino, a leitura ao material de apoio fará diferença na construção do texto do estudante para que ele não fuja do foco. “O recorte geográfico e as condições sociais eram possibilidades de tese, visto que, além de o cinema estar localizado em áreas centrais, o que dificulta o acesso das regiões interioranas, periferias e afins; ele ainda é elitista, ou seja, possui custo alto, dificultando o acesso da classe baixa”, disse. 

A proposta de intervenção, de acordo com a professora, “o estudante poderia pensar em como descentralizar o cinema em si, levando a regiões interioranas e como baratear o custo. Mas, não apenas isso, visto que só baratear o custo não garante o acesso da classe baixa, se ela continua vendo aquele espaço como não lhe pertencente. Logo, se faz necessário a mudança de mentalidade, o que perpassa o sistema educacional”.

Confira o vídeo abaixo:

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-> MEC divulga tema da redação do Enem 2019

 Conquistar a pontuação máxima na redação com certeza é um dos maiores objetivos de muitos estudantes que vão prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) este ano. A redação tem um peso importante na prova, pois, ela sozinha vale metade na nota total do exame, ou seja, 1.000 pontos.

Certamente, uma das maiores preocupações sobre á redação é o tema que será proposto. Durante os meses que antecedem a prova, as especulações que envolvem o assunto são inúmeras, o que exige da participante atenção as temáticas atuais.

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Atrelado ao tema, a abordagem de uma dissertação argumentativa deve estar dentro dos padrões de correção. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep), o aluno precisa atender as cinco competências da redação para não zerar no texto.

Competência 1: Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.

Competência 2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.

Competência 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.

Competência 4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.

Competência 5: Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado que respeite os direitos humanos.

O Enem será aplicado nos domingos 3 e 10 de novembro em todo o país. A redação estará presente junto as provas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Ciências Humanas e suas Tecnologias no primeiro domingo.

Nessa reta final para a prova, o professor de língua portuguesa e redação, Diogo Didier, dá cinco dicas simples para serem seguidas a pouco mais de quatro semanas para o Enem.

Foco na leitura

É importante tentar fazer leituras sobre temas de todas as áreas do conhecimento. Pequenos fichamentos, resumos podem ajudar as pessoas que não têm um repertório de redações em casa, mas que querem ter ideias guardadas nesta fase final que antecede a prova

Escrita como prática

Ao praticar, peça para um professor corrigir

O professor pode ajudar dando feedbacks para que o aluno consiga corrigir possíveis falhas e construir textos melhores, mais concisos.  

Ler outras redações

Outra dica é ler não só as redações nota mil do Enem, mas acompanhar os textos dos colegas da própria sala de aula. É uma maneira de evoluir coletivamente para que o aluno tenha durante esses últimos meses, uma perspectiva melhor de como tirar mil na redação

Sondar os temas mais prováveis no Enem

É importante ler de tudo um pouco, mas a essa altura do campeonato, deve-se priorizar os possíveis assuntos que podem ser tema da redação, haja vista de que estamos a poucas semanas para o Enem.

Confira redações que tiraram 1.000 nas edições de 2016 e 2017, nos quais os temas foram "Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil" e  "Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil", respectivamente.

Redação de Vinícius Oliveira de Lima

Tolerância na prática

A Constituição Federal de 1988 – norma de maior hierarquia no sistema jurídico brasileiro – assegura a todos a liberdade de crença. Entretanto, os frequentes casos de intolerância religiosa mostram que os indivíduos ainda não experimentam esse direito na prática. Com efeito, um diálogo entre sociedade e Estado sobre os caminhos para combater a intolerância religiosa é medida que se impõe.

Em primeiro plano, é necessário que a sociedade não seja uma reprodução da casa colonial, como disserta Gilberto Freyre em “Casa-grande e Senzala”. O autor ensina que a realidade do Brasil até o século XIX estava compactada no interior da casa-grande, cuja religião oficial era católica, e as demais crenças – sobretudo africanas – eram marginalizadas e se mantiveram vivas porque os negros lhes deram aparência cristã, conhecida hoje por sincretismo religioso. No entanto, não é razoável que ainda haja uma religião que subjugue as outras, o que deve, pois, ser repudiado em um Estado laico, a fim de que se combata a intolerância de crença.

De outra parte, o sociólogo Zygmunt Bauman defende, na obra “Modernidade Líquida”, que o individualismo é uma das principais características – e o maior conflito – da pós modernidade, e , consequentemente , parcela da população tende a ser incapaz de tolerar diferenças. Esse problema assume contornos específicos no Brasil, onde , apesar do multiculturalismo, há quem exija do outro a mesma postura religiosa e seja intolerante àqueles que dela divergem. Nesse sentido, um caminho possível para combater a rejeição à diversidade de crença é desconstruir o principal problema da pós-modernidade, segundo Zygmunt Bauman: o individualismo.

 Urge, portanto, que indivíduos e instituições públicas cooperem para mitigar a intolerância religiosa. Cabe aos cidadãos repudiar a inferiorização das crenças e dos costumes presentes no território brasileiro, por meio de debates nas mídias sociais capazes de desconstruir a prevalência de uma religião sobre as demais. Ao Ministério Público, por sua vez, compete promover as ações judiciais pertinentes contra atitudes individualistas ofensivas à diversidade de crença. Assim, observada a ação conjunta entre população e poder público, alçará o país a verdadeira posição de Estado Democrático de Direito.

Reprodução/Inep

 

Redação de Jordana Bottin Ecco

Prática religiosa um direito de todos

A curiosidade humana acerca do desconhecido e a sua incapacidade de explicá-lo através da razão fez com que, desde os primórdios, o homem atribuísse acontecimentos do seu cotidiano à vontade de seres sobrenaturais. Apesar dos avanços científicos e de suas respostas lógicas para fatos da realidade, as crenças em divindades perpassaram a história e continuam muito presentes nas sociedades, talvez por suprirem a necessidade humana de reconforto, talvez por levarem à transcendência espiritual. Atualmente, a grande diversidade religiosa existente traz a possibilidade de escolha a cada cidadão e essa liberdade é , ou deveria ser, garantida a todos os membros de uma população. Contudo, práticas de intolerância religiosa vêm impedindo um número cada vez maior de pessoas de exercitarem tal direito, ferindo sua dignidade e devendo, portanto, serem combatidas veementemente.

O contexto histórico brasileiro indubitavelmente influencia essa questão. A colonização portuguesa buscou catequizar os nativos de acordo com a religião europeia da época: a católica. Com a chegada dos negros africanos, décadas depois, houve repressão cultural e, consequentemente, religiosa que, infelizmente, perpetua até os dias de hoje. Prova disso é o caso de uma menina carioca praticante do candomblé que, em junho de 2015, foi ferida com pedradas, e seus acompanhantes, alvos de provocações e xingamentos. Ainda que a violência verbal, assim como a física, vá contra a Constituição Federal, os agressores fugiram e, como em outras ocorrências, não foram punidos.

Além disso, é importante destacar que intolerância religiosa é crime de ódio: não é sobre ter a liberdade de expressar um descontentamento ou criticar certa crença , mas sim sobre a tentativa de imposição, a partir da agressão, de entendimentos pessoais acerca do assunto em detrimento dos julgamentos individuais do outro sobre o que ele acredita ser certo ou errado para sua própria vida. Tal visão etnocêntrica tem por consequência a falta de respeito para com o próximo, acarretando episódios imprescritíveis e humilhantes para aqueles que os vivenciam.

Conclui-se, então, que o combate à discriminação religiosa é de suma importância para que se assegure um dos direitos mais antigos a todas as pessoas e, por conseguinte, seu bem-estar. Para isso, é preciso que os órgãos especializados, em parceria às delegacias de denúncia, ajam de acordo com a lei, investigando e punindo os agressores de forma adequada. Ademais, o governo deve promover campanhas contra condutas de intolerância e as escolas devem gerar debates, informando seus alunos sobre o tema e desconstruindo preconceitos desde cedo. Por fim, a mídia pode abordar a intolerância religiosa como assunto de suas novelas, visto que causa forte impacto na vida social. Assim, o respeito será base para a construção de um Brasil mais tolerante e preocupado com a garantia dos direitos humanos de sua população.

Reprodução/Inep

 

Redação de Mariana Camelier Mascarenhas

Na antiga Esparta, crianças com deficiência eram assassinadas, pois não poderiam ser guerreiras, profissão mais valorizada na época. Na contemporaneidade, tal barbárie não ocorre mais, porém há grandes dificuldades para garantir aos deficientes – em especial os surdos – o acesso à educação, devido ao preconceito ainda existente na sociedade e à falta de atenção do Estado à questão.

Inicialmente, um entrave é a mentalidade retrógrada de parte da população, que age como se os deficientes auditivos fossem incapazes de estudar e, posteriormente, exercer uma profissão. De fato, tal atitude se relaciona ao conceito de banalidade do mal, trazido pela socióloga Hannah Arendt: quando uma atitude agressiva ocorre constantemente, as pessoas param de vê-la como errada. Um exemplo disso é a discriminação contra os surdos nas escolas e faculdades – seja por olhares maldosos ou pela falta de recursos para garantir seu aprendizado. Nessa situação, o medo do preconceito, que pode ser praticado mesmo pelos educadores, possivelmente leva à desistência do estudo, mantendo o deficiente à margem dos seus direitos – fato que é tão grave e excludente quanto os homicídios praticados em Esparta, apenas mais dissimulado.

Outro desafio enfrentado pelos portadores de deficiência auditiva é a inobservância estatal, uma vez que o governo nem sempre cobra das instituições de ensino a existência de aulas especializadas para esse grupo – ministradas em Libras – além da avaliação do português escrito como segunda língua. De acordo com Habermas, incluir não é só trazer para perto, mas também respeitar e crescer junto com o outro. A frase do filósofo alemão mostra que, enquanto o Estado e a escola não garantirem direitos iguais na educação dos surdos – com respeito por parte dos professores e colegas – tal minoria ainda estará sofrendo práticas discriminatórias.

Destarte , para que as pessoas com deficiência na audição consigam o acesso pleno ao sistema educacional , é preciso que o Ministério da Educação, em parceria com as instituições de ensino, promova cursos de Libras para os professores, por meio de oficinas de especialização à noite – horário livre para a maioria dos profissionais – de maneira a garantir que as escolas e universidades possam ter turmas para surdos, facilitando o acesso desse grupo ao estudo. Em adição, o Estado deve divulgar propagandas institucionais ratificando a importância do respeito aos deficientes auditivos, com postagens nas redes sociais, para que a discriminação dessa minoria seja reduzida, levando à maior inclusão.

Reprodução/Inep

 

Redação de Ursula Gramiscelli Hasparyk

A plena formação acadêmica dos deficientes auditivos, uma parcela das chamadas Pessoas com Deficiência (PCD), é um direito assegurado no recém aprovado Estatuto da Pessoa com Deficiência, de 2015, também conhecido como Lei da Acessibilidade. Além de um direito legalmente garantido, a educação para esse grupo social é sociologicamente analisada como essencial para uma sociedade tolerante e inclusiva. Entretanto, observa-se o desrespeito a essa garantia devido ao preconceito, muitas vezes manifestado pela violência simbólica, e à insuficiência estrutural educacional brasileira.

Nessa conjuntura, é necessário destacar as principais relevâncias de se garantir aos surdos a plena formação acadêmica. Segundo Hannah Arendt, em sua teoria sobre o Espaço Público, os ambientes e as instituições públicas – inclusive as escolas e as faculdades – têm que ser completamente inclusivas a todos do espectro social para exercer sua total funcionalidade e genuinidade. Analogamente, para atuarem como aparato democrático, tais instituições devem ser preparadas e devem garantir o espaço e a educação para os deficientes auditivos, constituindo, assim, uma sociedade diversificada, tolerante e genuína. Além disso, outra importância é o cumprimento dos direitos à educação e ao desenvolvimento intelectual, assegurados no Estatuto da PCD e na Constituição Federal de 1988, que não discrimina o acesso à cidadania a nenhum grupo social, sendo, dessa forma, uma obrigação constitucional.

Contudo, observam-se algumas distorções para essa garantia educacional. Infelizmente, os surdos são alvo de preconceito e são vistos erroneamente como incapazes. Isso é frequentemente manifestado na forma de violência simbólica, termo do sociólogo Pierre Bordieu, que inclui os comportamentos, não necessariamente agressivos f ísica ou verbalmente, que excluiriam moralmente grupos minoritários, como a PCD, exemplificados na colocação desses indivíduos em postos de trabalho menos valorizados e menos remunerados. Adicionalmente, nota-se que outra manifestação dessa violência é a falta de uma infraestrutura escolar de qualidade com professores capacitados e com material adequado para garantir a devida formação educacional. Consequentemente, as vítimas dessa agressão simbólica tenderiam a se isolar, gerando, por exemplo, evasão escolar e redução da procura pela qualificação profissional e acadêmica por esses deficientes.

Dessa forma, é necessário que, para garantir o ensino de qualidade e estruturado, o Ministério da Educação leve profissionais educadores especialistas em Libras para capacitar os professores já atuantes acerca do ensino aos deficientes auditivos e da adaptação às suas necessidades particulares na sala de aula. Isso deve ser feito com palestras instrucionais para os docentes de toda a hierarquia pedagógica. Complementarmente, o Ministério da Saúde deve disponibilizar profissionais, como psicólogos, que dêem o apoio e o estímulo para a continuidade educacional dos deficientes e desconstruam, com atividades lúdicas e interativas com todos os alunos, como simulações da surdez, os preconceitos acerca desse grupo social .

Reprodução/Inep

 

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