O La Biela, um dos cafés mais conhecidos de Buenos Aires, foi alvo na noite desta segunda-feira, 5, de dezenas de manifestantes que recorreram a "beijaço", sob chuva e frio de 7ºC, para apoiar uma denúncia de discriminação contra lésbicas.
Segundo o casal que denunciou o crime, em 29 de agosto um garçom do lugar pediu que elas "se tranquilizassem" ao vê-las se acariciando. O caso ganhou repercussão nacional quando uma das jovens, Belén Arena, de 25 anos, o relatou em sua conta no Facebook. O fato ocorreu em uma confeitaria símbolo da Recoleta, bairro que atrai turistas interessados especialmente no ambiente aristocrático e na arquitetura francesa.
##RECOMENDA##Belén disse que sua primeira reação ao pedido do garçom foi cobrar explicações ao gerente, o que não apaziguou a situação. "Ele me disse que o que eu estava fazendo não era apropriado para o lugar. Eu perguntei por que não dizia o mesmo ao casal heterossexual que estava na mesa ao lado. Então ele me chamou de ridícula", repetiu Belén ontem, encharcada em meio à manifestação.
Ela disse ter convocado o ato porque o encarregado do La Biela não se desculpou. "Isso ocorreu pela primeira vez comigo em 2009 e em geral a resposta da casa é que o comportamento do garçom não representa o do estabelecimento. Desta vez, o dono reafirmou a posição. Até disse que teriam tratado da mesma forma um 'casal normal'. Como se nós fôssemos anormais", reclamou Belén.
Conforme o dono do café, Carlos Gutiérrez, seu garçom pediu às duas que mudassem de comportamento ou de lugar porque estavam incomodando clientes. Ele também contradisse a versão de Belén de que ela apenas mexia no cabelo de sua namorada, que chorava por um problema pessoal. "Não houve discriminação, era uma situação obscena. Havia uma troca de carícias grosseira e não se pode desrespeitar o restante dos clientes", argumentou ele ao canal C5N.
Belén afirmou que, ao fazer a denúncia em uma delegacia, os policiais inicialmente não sabiam exatamente como enquadrar o caso, mas logo aceitaram a queixa por discriminação. O escrache, feito fora do café, durou menos de uma hora e teve ampla cobertura da imprensa local. O ato foi tratado com indiferença pelos clientes que estavam na confeitaria. (Renan Cavalheiro, correspondente)