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A busca por calmaria e pelo contato com a natureza leva muitos moradores das grandes metrópoles a um desejo: o de morar ou visitar o interior. O ar puro, a natureza e a tranquilidade de áreas rurais não condizem com a agitação e o estresse do cotidiano urbano. E, de fato, ter uma experiência no campo pode ajudar a desopilar a mente.

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Para quem almeja ter a experiência do dia a dia no campo, é possível encontrar um local nesse contexto a menos de 100 quilômetros do Recife, por exemplo. Bom Jardim, porta de entrada do Agreste pernambucano, reserva para os “cidadãos urbanos” tudo aquilo que uma cidade pacata do interior pode oferecer. Em cerca de duas horas, é possível partir da capital do Estado e chegar a terras bom jardinenses. A população do município gira em torno de 40 mil moradores.

A igreja matriz, a feira e a praça são figuras comuns dos interiores. Em Bom Jardim não é diferente e a principal atividade econômica da cidade, a agricultura, dá o arremate final como boa opção de contato com a calmaria do campo. Quando chega a noite, a feira de frutas, verduras e animais continua funcionando, beirando inclusive a madrugada.

Outro costume, a apreciação de uma boa cachaça, também é destaque na cidade. Dona Maria Barbosa de Oliveira, conhecida popularmente como Dona Lourdes do Sarapatel, tem um comércio especialista em cachaças. “Há 11 anos eu trabalho aqui na feira e sempre tenho uma boa quantidade de clientes. Meu principal produto é o sarapatel. Mas, as cachaças também são muito boas. Pra mim, trabalhar aqui é um grande prazer. É uma grande diversão”, conta a comerciante. Por dia de feira, ela chega a lucrar cerca de R$ 200.

Ter uma boa conversa em frente das casas também é uma tradição que não pode faltar no interior. Porém, é na praça da cidade onde a população se reúne – crianças, jovens, adultos e idosos – e faz do espaço o verdadeiro “point” de Bom Jardim. Mas, nada de baladas ou som nas alturas.

A praça é cercada por barracas de comidas e bebidas e a Prefeitura local se encarrega de animar o povo com artistas . Famílias reunidas, um palco montado improvisado na carroceria de um caminhão e a banda local deixa o cenário ainda mais repleto de alegria. O grupo artístico Faces da Dança abrilhanta ainda mais o evento. “Eu gosto daqui porque é muito calmo. Também é um lugar que procura muito manter a cultura local”, diz o coreógrafo do grupo, Paulo Roberto de Lima, de 18 anos, nascido e criado em Bom Jardim.

Como proposta da Prefeitura, durante os eventos culturais são realizadas atividades que incentivam as crianças a participarem de brincadeiras tradicionais. O balanço, o escorrego e o pula-pula são algumas delas. Para completar, algodão doce é distribuído de graça para todo mundo. De acordo com o secretário de Cultura de Bom Jardim, Edgard Santos, a ideia é justamente fazer da cidade um local típico de interior, calmo e tradicional. “O objetivo é tornar a cidade mais tranquila possível. Sabemos que temos muitos desafios, como o êxodo rural e a urbanização. Mas, é importante mantermos a tradição”, explica Santos.

O jogo de bozó

Uma das figuras mais legais da nossa reportagem é sem dúvidas seu José Gonçalves de Arruda, de 73 anos. Com um chapéu de coro e uma fala típica interiorana, ele “vende” a sorte em seu jogo de bozó. Há dez anos, ele esconde e mostra os dados em troca de dinheiro, cabendo aos clientes adivinhar a numeração.

Essa é mais uma cena pacata da cidade interiorana, mas, que chama a atenção de muita gente. “Estou aqui há mais de dez anos. O movimento varia muito, rapaz! Tem dia que dá três ou cinco clientes. Tem dia que dá mais pessoas. Só sei que eu ganho um trocadinho”, relata o senhor, ainda tímido por causa das fotos da nossa reportagem. “Não gosto muito de foto não”, finalizou, aos risos.

Assim chega ao fim mais um dia em Bom Jardim. Cidade rural como várias outras que existem em Pernambuco, mas que, apesar do movimento mobiliário e da urbanização, ainda guarda características tradicionais para quem quer calmaria e contato com o campo.

 

 

  

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