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Segundo pesquisas, os primeiros registros históricos de consumo de doces datam do século I a.C. Na época, o filósofo Cícero descreveu um doce em formato de tubo com recheio de leite. Como na Europa o açúcar não era consumido até a chegada da expansão marítima e as expedições ao oriente, as sobremesas eram bem diferentes das que originaram as delícias que conhecemos hoje. Apenas no século XIV é que se desenvolve a receita do primeiro bolo propriamente dito. Chamado de genovês, ele foi criado pelo confeiteiro Giobatta Cabona e se parece em muito com o atual pão de ló.
A popularização do açúcar - incluindo a descoberta da extração da iguaria através da beterraba - possibilitou a criação de novas receitas e formas de aproveitá-lo. Logo as confeitarias foram tomando formas e desenvolvendo aos poucos muitos dos doces que hoje consumimos. De acordo com a gastrônoma Marie França, professora do curso de gastronomia da UniNassau, a cultura da confeitaria possui origem francesa.
"Hoje existem duas culturas diferentes, uma de origem francesa, que é mais valorizada e está mais presente no nosso cotidiano, e a com influências dos Estados Unidos, que usa mais a pasta americana", diz a professora. Apontada por ela como a grande tendência do momento, a pasta americana tem seus pontos positivos, mas deixa a desejar no quesito sabor e saúde. "A pasta tem muitos produtos químicos, é muito trabalhosa para se fazer, porém é mais fácil de lidar. Ela dá a oportunidade de modelar e isso chama a atenção das pessoas", finaliza.
De acordo com a especialista, no Brasil existem duas correntes principais de bolos e doces: a primeira é influenciada pelos portugueses e pode ser encontrada especialmente no Sudeste. A segunda escola é a mais difundida no Nordeste, com forte influência alemã. "Os alemães substituíam as cerejas e o conhaque pela ameixa e o vinho. Como aqui no Nordeste temos ameixas o ano inteiro, essa é a corrente mais forte", explica.
Mais do que delícias, os bolos também possuem seu significado, revela Marie França. "Os bolos de noiva comumente possuem três andares, e cada um deles tem uma representação: o primeiro é o compromisso, o segundo é o casamento e o terceiro é a eternidade", diz ela. Além dos significados simbólicos, a confeitaria também é uma arte que perdura por gerações, especialmente nas famílias numerosas.
Oficialmente no mercado desde 2005, a boleira Laís Costa desde criança confeitava os bolos dos irmãos. "Lembro que o primeiro bolo que eu fiz foi com umas pitanguinhas, faz muito tempo, nem tenho foto", conta. Com três congressos internacionais em seu currículo, ela diz adorar o que faz e afirma que a tendência do momento são os bolos feitos com modelagem. "O glacê geralmente é pedido por pessoas mais tradicionais. A modelagem com a pasta americana sai muito para bolos infantis", explica.
Dentre os mais pedidos estão o bolo com massa de chocolate (confira a receita ao final da matéria) e o famoso bolo de noiva. Para o segundo, ela revela um segredo que dá um gosto todo especial: "As passas ficam geralmente de molho no vinho do porto, mas além dele eu também coloco licor de chocolate e leite condensado". Laís destaca a importância de seguir a receita e, principalmente, "Usar ingredientes de qualidade, se não seu bolo não vai ficar legal".
Com um limite de dez encomendas semanais, a boleira acredita que o mercado para o setor está em expansão. "Eu vejo muito crescimento no interesse das pessoas, principalmente agora com as redes sociais", diz. Outra que usa as redes sociais para vender seus produtos é a publicitária Raphaella Batista - também conhecida como Lela. Responsável pela marca Cupcake Feelings, ela acredita que os cupcakes estão cada vez mais conquistando o seu lugar.
"Eles estão deixando de ser moda e se tornando mais um doce, como o brigadeiro", diz Raphaella. "A confeitaria em si está muito em alta, não só para os cupcakes, como também para outros produtos como os macarons", afirma. Sempre em busca da inovação, a jovem revela que não acredita na substituição total do bolo tradicional pela iguaria. "São receitas completamente diferentes. O bolo é muito tradicional, cada um deles tem seu espaço, mas, por exemplo, o cupcake é muito limitado no momento de servir", explica.
Apesar de reconhecer o desejo do público pelos produtos confeitados com pasta americana, ela afirma que a Cupcake Feelings não costuma trabalhar com esse tipo de cobertura. "Nós personalizamos de maneiras diferentes, usamos plaquinhas e, às vezes, a pasta para fazer uma letra, ou algum detalhe", diz. O motivo? "A massa do cupcake é muito leve e a pasta americana é bem pesada, então não dá para trabalhar direito com ela".
Marie França também reconhece a importância dos cupcakes no momento. "Eles são a nova tendência realmente. Especialmente para os aniversários infantis e formaturas. Eles ganham essa preferência devido a seu visual e os recheios", conta a especialista. "Cupcake só é cupcake se tiver bolo e cobertura. Sem isso ele é um bolinho comum", explica Raphaella.
Para quem ficou com água na boca ao ler esta matéria, segue uma receita do bolo de chocolate cedido especialmente pela boleira Laís Costa. Chamado de Nega Maluca, a delícia provoca aplausos até daqueles que não são muito chegados a doces. Confira:
Bolo Nega Maluca
Ingredientes:
2kg de farinha de trigo sem fermento
1 xícara de açúcar refinado
1 xícara de achocolatado
1 colher de sopa de fermento
1 pitada de sal
2 ovos inteiros peneirados
1 tablete de manteiga de 200g
1 xícara de leite
Modo de Preparo:
Reserve o leite e a manteiga;
Junte todos os ingredientes – exceto o leite e a manteiga - em uma bacia e misture com uma colher de pau;
Ferva o leite com a manteiga até ela derreter;
Coloque aos poucos o líquido na massa, sempre misturando para não empelotar;
Leve ao forno.
Cobertura
Ingredientes
1 caixa de leite condensado
4 colheres de sopa de creme de leite
1 colher de sopa de manteiga
2 colheres de sopa de chocolate em pó
Coloque todos os ingredientes menos o creme de leite em uma panela em fogo baixo. Mexa sem parar por dez minutos, desligue o fogo e misture com o creme de leite.