Tópicos | Rafael Ângulo Lopes

A Polícia Federal anexou nos autos da Operação Erga Omnes - 14ª fase da Lava Jato - uma delação premiada de Rafael Angulo Lopes, o carregador de malas de dinheiro de Alberto Youssef, em que ele detalhou como o doleiro entregava dados de contas e recebia os comprovantes de depósitos no exterior feitos pela empreiteira Odebrecht e pela petroquímica Braskem (controlada pelo grupo) via ex-executivo Alexandrino Salles de Alencar.

"Em relação a estas transferências de valores no exterior, Youssef levava número de contas situadas no exterior para Alexandrino e este último providenciava o depósito dos valores nas contas indicadas". Com certeza, era um acerto de contrato de propina e de transferências de dinheiro no exterior", afirmou Lopes, que entregou documentos que seriam prova desses repasses.

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O delatou apresentou "alguns deste comprovantes para juntada". "Entregou pessoalmente tais números de contas para Alexandrino, na própria Braskem. Após a transferência dos valores no exterior, também ia buscar os comprovantes das transferências internacionais (swifts)", explicou.

É a primeira vez que o termo de delação de Rafael Ângulo Lopes - que foram fechados no âmbito dos processos que correm no Supremo Tribunal Federal (STF) vem a público na íntegra.

Alexandrino

"Era Alexandrino quem entregava pessoalmente estes swifts", afirmou o carregador de malas de Youssef. "Em geral era a própria Braskem que fazia trais transferências internacionais, pois isto consta de alguns dos swifts", detalhou.

Esses comprovantes eram retirados na Braskem e depois entregues ao doleiro. O delator diz ter levado "pessoalmente" número de contas "no exterior para Alexandrino, que era conhecido entre eles como "Barba".

O delator detalhou que os números das contas controladas por Youssef eram levadas anotadas ou cópias de e-mail, em folhas de sulfite, colocadas dentro de envelopes. O delator afirmou que ia "ao menos uma vez por mês ou a cada duas vezes no mínimo" na Braskem e na Odebrecht.

Citou pelos menos de 10 a 15 vezes visitas que fez nas empresas, concentradas entre os anos de 2010 e 2011.

Odebrecht

O delator afirma que lembra que a partir de 2011 chegou a ir até a Odebrecht, on de Alexandrino agora se encontrava profissionalmente, e onde continuou a entregar documentos de depósitos no exterior, com uma diferença. Destas vezes, a empreiteira não aparecia identificada nos depósitos.

"Quando foi buscar swifts na Odebrecht pode verificar que quem fazia a remessa era alguma pessoa que operava para Alexandrino", explicou. "A Odebrecht não aparecia nos switfs." O delator não sou identificar quem seria esse operador, mas concluir ser alguém que trabalhava na Braskem e posteriormente na Odebrecht.

"Alexandrino fazia a ligação interna e a pessoa aparecia em pouco tempo, por volta de cinco minutos", explicou. "Por vezes Alexandrino chamava uma pessoa na frente do declarante, e dizia para 'providenciar isto', ou seja, realizar a transferência internacional."

O carregador de malas disse ter levado documentos enquanto Youssef estava com Alexandrino em encontros em São Paulo. O delator disse saber da relação que eles ser encontravam pois o doleiro pedia que ele fizesse entregas de documentos "na Braskem , enquanto Youssef se encontrava naquele local".

"Em 2007 ou 2008 Alberto Youssef se reunia com bastante frequência com Alexandrino em restaurantes perto do escritório da Pedroso Alvarenga", contou Lopes. "Alexandrino era conhecido entre o declarante e Youssef como 'Barba'", registra o termo.

Lopes diz não saber o que discutiam o doleiro e o então executivo da Odebrecht, mas diz ter certeza que eram acertos de propina e transferências de dinheiro para o exterior.

Doleiro

O doleiro Alberto Youssef, também delator da Lava Jato, afirmou à Justiça Federal operacionalizou pagamentos de propinas para a Odebrecht, tendo mantido contato com os executivos Márcio Faria e Cesar Rocha. Nesse caso, o caminho percorrido pelos investigadores da Lava Jato segue outro destino: Hong Kong. São contas de titularidade das offshores RFY e DGX, nos bancos Standart Chartered e HSBC, em Hong Kong, controladas pelo doleiro Leonardo Meirelles.

Defesa

 

A Braskem reafirma que todos os contratos com a Petrobras seguiram os preceitos legais e foram aprovados "de forma transparente de acordo com as regras de governança da Companhia. É importante lembrar que os preços praticados pela Petrobras na venda de nafta sempre estiveram atrelados às mais altas referências internacionais de todo o setor, prejudicando a competitividade da indústria petroquímica brasileira."

Nesta terça-feira, 23, a defesa do executivo Alexandrino Alencar se manifestou desta forma: "Alexandrino Alencar nega veementemente ter intermediado qualquer tipo de pagamento a ex-dirigentes da Petrobrás. As contradições entre os depoimentos de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, reiteradas no depoimento de hoje do ex-diretor da Petrobras confirmam a fragilidade das acusações".

Apontado como um dos responsáveis por organizar as entregas de dinheiro do doleiro Alberto Youssef, o carregador de dinheiro Rafael Ângulo Lopes detalhou na última quinta-feira (7) à força-tarefa da Lava Jato como era operado o repasse de dinheiro pelo doleiro. Ele disse que utilizava planilhas com a denominação "band", em referência a bandidos, quando as entregas eram feitas para políticos.

A prática, segundo Ângulo, começou a partir de uma conversa com Youssef em que, ao questionar o doleiro sobre determinada entrega feita a um político, ele teria ouvido: "'anota pro Bando' ou 'anota pra este bandido', referindo-se a um político; que em razão disso o declarante abreviou o termo como forma de se recordar dos políticos e passou a utilizar a expressão band", disse em seu depoimento à Polícia Federal. Segundo ele, a denominação mais frequente utilizava por Youssef era a de "bandidos".

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Mais novo delator da Lava Jato, Ângulo começou a contar o que sabe às autoridades neste ano e inclusive já encaminhou à Procuradoria-Geral da República diversas planilhas com o "movimento diário de valores" no escritório do doleiro. Além da documentação, ele revelou em detalhes como era o modus operandi do delivery de propina de Youssef.

Políticos

No caso dos "bandidos", segundo a denominação utilizada pelo grupo, Ângulo revelou às autoridades que teve um contato inicialmente com José Janene, mentor do doleiro, e a partir de 2007 passou a "ter um relacionamento mais próximo com outros agentes políticos sempre acompanhado de Alberto Youssef", disse.

Além disso, ele contou que começou a ver políticos irem ao escritório de Youssef a partir de 2008 e, nestes casos, via de regra, os "bandidos" se reuniam inicialmente com o doleiro que, em seguida, pedia para ele separar determinada quantia de dinheiro e colocar em envelopes ou mesmo sacolas de shopping ou de supermercado. O dinheiro em espécie era então repassado a Youssef "na frente dos políticos" e, posteriormente, repassado para os políticos na sua frente. "Por vezes, alguns políticos já iam ao escritório portando uma maleta de viagem de boro ou pastas", relatou às autoridades.

Viagens

Os "serviços" de Youssef não se limitavam ao seu escritório na capital paulista e também envolviam viagens para entregar dinheiro aos seus "clientes". Nestes casos, segundo o delator, o doleiro avisava que ele iria viajar e pedia para ele separar uma quantia em dinheiro e que "quando se tratava de políticos, Youssef já dizia ao declarante qual era o político destinatário da quantia antes da viagem", relatou. A partir daí, Ângulo contou que pegava o dinheiro no cofre da empresa do doleiro e utilizava "sempre meias tipo meiões de futebol" para guardar o dinheiro.

Com as pernas "carregadas", ele então se dirigia ao aeroporto, "normalmente de taxi", com carro próprio ou mesmo levado por algum funcionário do doleiro. Nas viagens, segundo relatou, além do dinheiro levava apenas bagagem de mão e nunca levava o nome do destinatário ou endereço de quem receberia o dinheiro. Toda a operação era acompanhada "ponto a ponto" por meio de contato telefônico com o doleiro, a quem ele sempre avisava ao embarcar e desembarcar nos aeroportos. Com esse modus operandi, conta, nunca foi parado no aeroporto.

Ao voltar das viagens, que não duravam mais que um dia, Ângulo lançava a movimentação em suas planilhas de controle, mantidas apenas por ele. Em seu depoimento, contudo, ele cita apenas as entregas para o ex-deputado André Vargas (sem partido) no ano de 2014. Em fevereiro daquele ano, menos de um mês antes da deflagração da Lava Jato, ele fez três repasses ao então deputado. Sendo dois lançamentos no dia 19, um no valor de R$ 365 mil e outro de R$ 135 mil, e outro no dia 26 daquele mês, no valor de R$ 140 mil.

Graças a sua colaboração, agora esta e outras planilhas estão à disposição dos investigadores que poderão rastrear com mais detalhes o caminho do dinheiro da lavanderia de Youssef aos políticos.

 

Apontado como integrante de um esquema de "disque-propina" que envolveria pagamentos a políticos, Rafael Ângulo Lopes, um dos aliados do doleiro Alberto Youssef, fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) e deve começar a depor formalmente nos próximos dias.

Ângulo é investigado por transportar dinheiro para o doleiro, fazendo entregas a clientes VIP em domicílio. De acordo com integrantes da força-tarefa responsável pela Operação Lava Jato, os depoimentos devem ser enviados ao Supremo Tribunal Federal (STF), por envolver políticos com foro privilegiado.

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Por ora, ao menos 12 pessoas já aceitaram colaborar com as investigações. A rotina dos integrantes da força-tarefa envolve conversas semanais com advogados, que sondam as possibilidades de firmar acordo de delação premiada, em troca de redução de pena. As negociações com Ângulo visando à colaboração ocorrem há pelo menos um mês. Segundo a contadora Meire Poza, uma das testemunhas da Lava Jato, ele era o responsável pela "vida financeira"de Youssef, tendo conhecimento de pagamentos feitos dentro e fora do País, além de viagens.

Reportagem da revista "Veja", publicada no fim de semana, diz que Ângulo viajava pelo País em voos comerciais, com cédulas amarradas ao corpo, fazendo entregas. Segundo a revista, ele teria feito "delivery" para a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB), o senador Fernando Collor (PTB-AL), o deputado cassado André Vargas (sem partido, ex-PT), o deputado Luiz Argolo (SDD-BA), e o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP-BA). Todos eles negam. A defesa de Ângulo não foi localizada nessa terça-feira, 17.

Apontado como integrante de um esquema de "disque-propina" que envolveria pagamentos a políticos, Rafael Ângulo Lopes, um dos aliados do doleiro Alberto Youssef, fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) e deve começar a depor formalmente nos próximos dias.

Ângulo é investigado por transportar dinheiro para o doleiro, fazendo entregas a clientes VIP em domicílio. De acordo com integrantes da força-tarefa responsável pela Operação Lava Jato, os depoimentos devem ser enviados ao Supremo Tribunal Federal (STF), por envolver políticos com foro privilegiado.

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Por ora, ao menos 12 pessoas já aceitaram colaborar com as investigações. A rotina dos integrantes da força-tarefa envolve conversas semanais com advogados, que sondam as possibilidades de firmar acordo de delação premiada, em troca de redução de pena.

As negociações com Ângulo visando à colaboração, reveladas pelo Estado em novembro, ocorrem há pelo menos um mês. Segundo a contadora Meire Poza, uma das testemunhas da Lava Jato, ele era o responsável pela "vida financeira"de Youssef, tendo conhecimento de pagamentos feitos dentro e fora do País, além de viagens.

Reportagem da revista "Veja", publicada no fim de semana, diz que Ângulo viajava pelo País em voos comerciais, com cédulas amarradas ao corpo, fazendo entregas. Segundo a revista, ele teria feito "delivery" para a ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), o senador Fernando Collor (PTB-AL), o deputado cassado André Vargas (sem partido, ex-PT), o deputado Luiz Argolo (SDD-BA), e o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP-BA). Todos eles negam. A defesa de Ângulo não foi localizada ontem.

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