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Gravações feitas pela ex-cunhada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) apontam que ele mantinha um esquema de entrega de salários de assessores -conhecido como ‘rachadinha’ - em seu gabinete como deputado federal, entre 1991 e 2018. A denúncia reforça a participação do ex-assessor da família, Fabrício Queiroz, na coleta dos valores, que configura crime de peculato.

A fisiculturista e ex-assessora do gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Andrea Siqueira Valle, é irmã da ex-esposa do presidente, Ana Cristina Valle. Ela relatou ao UOL que o irmão, identificado como André, era assessor de Bolsonaro e foi demitido porque não aceitava devolver a maior parte do salário.

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"O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6.000, ele devolvia R$ 2.000, R$ 3.000. Foi um tempão assim até que o Jair pegou e falou: 'Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolver o dinheiro certo'", explicou a ex-cunhada.

Nas investigações contra Flávio em 2019, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) quebrou o sigilo bancário dos envolvidos e descobriu que, pelo menos, 10 familiares da ex-esposa do pai participavam do esquema. 

Movimentação semelhante foi verificada no gabinete do irmão, o vereador Carlos Bolsonaro. Ao todo, a família Bolsonaro teria empregado 18 familiares de Ana Cristina.

Ainda de acordo com a denúncia, uma troca de mensagens de áudio entre a filha e a companheira de Queiroz, Nathália e Márcia Aguiar, revela que Bolsonaro usava o codinome '01' para evitar ser pronunciado.

Além da articulação do suposto esquema operado por Fabrício Queiroz, Andrea aponta que um coronel da reserva do Exército, que teria conhecido Jair na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), também chegou a recolher seu salário quando integrava o gabinete de Flávio.

Questionado sobre as revelações de Andrea, o advogado da família Frederick Wassef - que escondeu Queiroz em seu escritório enquanto foragido - afirmou que as informações "são narrativas de fatos inverídicos, inexistentes, jamais existiu qualquer esquema de rachadinha no gabinete do deputado Jair Bolsonaro ou de qualquer de seus filhos".

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