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Após anos de incerteza, os quadrinhos brasileiros passam agora por uma fase promissora, com o surgimento de novos talentos que começam a se tornar conhecidos fora do país. Autores como Fábio Moon, Daniel Galera, Marcelo Quintanilha e S. Lobo, que participaram neste domingo (22) de um bate-papo no Salão do Livro de Paris, são alguns dos expoentes de um tipo de quadrinho mais experimental e maduro.

"No Brasil vivemos um bom momento para os quadrinhos. A Internet e a multiplicação de festivais criaram um clima mais favorável para a criação", explica Moon, ganhador do prêmio Eisner, a maior premiação americana para quadrinhos.

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Após uma certa estagnação do setor nos anos 90, em grande parte por conta da crise econômica, os quadrinhos brasileiros agora vivem uma retomada, com obras como "Daytripper", dos gêmeos Gabriel Bá e Fábio Moon, e "Cachalote", de Daniel Galera e Rafael Coutinho.

Os quadrinhos para crianças continuam sendo os mais populares no Brasil, mas alguns autores se interessam por histórias mais adultas, herdeiras dos anos 80. "Naquela época houve um boom dos quadrinhos alternativos no Brasil, com histórias irônicas, cômicas e de grande qualidade", contou Moon. "Foi resultante da abertura da liberdade de expressão depois da ditadura. Era uma necessidade do povo".

Mesmas influências, vozes distintas 

Esses autores também compartilham influências parecidas que vão além da tradição brasileira. "Como todos os da minha geração, comecei lendo quadrinhos americanos de super-heróis", disse Quintanilha. "Depois me interessei pelos quadrinhos franco-belgas, principalmente por autores como Edgar Jacobs. Eu gostava da profundidade de seus personagens".

Todos concordam com Quintanilha na hora de reconhecer a influência das histórias que chegavam da França e da Bélgica. "O modelo que eu sigo é o francês", reconheceu Lobo. "Com ele aprendi que se pode ter uma voz própria, seja qual for a história que se deseja contar".

Fábio Moon elogiou a grande diversidade dos quadrinhos no Brasil. "Temos influências comuns, mas não formamos uma escola. Cada um tem sua própria voz".

"No Brasil o mercado de quadrinhos é pouco consolidado, não existem fórmulas a seguir para triunfar. E isso nos obrigou a buscar nosso próprio caminho para que funcionasse", explica o autor de "Dois irmãos".

Um mercado no auge

Apesar de seu tamanho relativamente pequeno, o mercado dos quadrinhos está crescendo no Brasil. "Neste ano foram publicados entre 400 e 500 quadrinhos brasileiros, a maioria de forma independente", explica Lobo, que também é editor. "Hoje, apesar das dificuldades, entre 80 e 90% dos autores conseguem publicar", garante Moon.

A prova do interesse pelo gênero é que grandes editoras brasileiras, como a Companhia das Letras e a Cosac Naify, entraram no mundo dos quadrinhos nos últimos anos", afirma Didier Dutour, responsável pela área de Livros y Tradução do Instituto Francês, órgão encarregado de promover a cultura francesa no exterior. "É um mercado no auge. Desde 2010 os pedidos de ajuda à tradução de quadrinhos franceses multiplicaram no Brasil", afirmou. "Com cerca de 50% da população abaixo dos 30 anos, temos perspectivas muito boas", diz Arnaud Vin, editor francês que está há mais de 20 anos no Brasil.

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